Movimento Minas 2032

Encontro Nacional do Terceiro Setor em Belo Horizonte enaltece sociedade civil organizada

Evento reúne representantes das organizações sociais, iniciativa privada e poder público para discutir soluções e caminhos que fortaleçam a atuação do Terceiro Setor
Atualizado em 27 de setembro de 2024 • 18:44
Encontro Nacional do Terceiro Setor em Belo Horizonte enaltece sociedade civil organizada
Encontro Nacional do Terceiro Setor em Belo Horizonte | Daniela Maciel / Diário do Comércio

No último dia do 19º Encontro Nacional do Terceiro Setor (Enats), que aconteceu na sede da Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL-BH), na região Centro-Sul, comunicação e sustentabilidade estiveram no centro das discussões. 

A roda de conversa “Comunicação para a sustentabilidade – MM2032” revelou um avanço na percepção sobre a importância da comunicação para a sensibilização da sociedade para o trabalho das Organizações da Sociedade Civil (OCS), mas também mostrou o quão difícil pode ser atender às necessidades dos diferentes públicos com os quais as organizações precisam se relacionar.

Ao mesmo tempo, o tema da sustentabilidade ainda gera dúvidas conceituais e também precisa da comunicação para ganhar espaço dentro e fora das OCS.

Para a socióloga e pesquisadora Mara Greide, é preciso inserir a sustentabilidade na prática organizacional, mas isso não está claro para boa parte das instituições.

O conteúdo continua após o "Você pode gostar".


“Sustentar é manter, cuidar e proteger, mas para isso só vontade não basta. A prática sem os conceitos é um míope olhando para a lua. Ele enxerga, mas não consegue definir os contornos. Para pensar em sustentabilidade as OCS precisam olhar para dentro, se organizar e buscar a profissionalização na gestão para fazer, inclusive, uma comunicação eficiente”, explica a socióloga. 

Há 30 anos trabalhando no Terceiro Setor, a superintendente do Sistema Divina Providência, Dolores Bertilla Corrêa, destaca a importância da comunicação capaz de contribuir para sustentabilidade e a construção da reputação do setor especialmente em um contexto de eleições municipais. 

“Quando a gente fala de um trabalho desses na política e com os políticos é preciso mostrar que ele é importante para os dois lados. Nós precisamos dos políticos e eles de nós porque alcançamos alguns lugares nos quais o poder público não chega. Para isso andar junto é preciso muita transparência e posicionamento. Claro que existem instituições que pisaram na bola, mas isso não pode ser generalizado. Não é justo com todos aqueles que trabalham e impactam a vida de tantas pessoas todos os dias e que formam uma maioria esmagadora”, pontua Dolores Bertilla Corrêa.

De acordo com a presidente do Diário do Comércio e coordenadora do Movimento Minas 2032 (MM2032) – pela transformação global, Adriana Muls, a comunicação precisa ser transversalizada e democratizada. 

“É urgente e extremamente importante a gente conversar entre os setores. Percebemos, cobrindo os diferentes elos da economia mineira, que está todo mundo conversando na vertical e a gente precisa transversalizar a comunicação. O terceiro setor precisa ser valorizado e conhecido porque ele é que atua na base das questões estruturantes da sociedade. Para que ele realmente tenha o impacto necessário e seja sustentável é importante que a gente se articule”, avalia Adriana Muls.

Realizado pela Federação Mineira de Fundações e Associações de Direito Privado (Fundamig) em parceria com o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG),  o Enats teve como tema geral “A força da sociedade civil organizada na garantia dos direitos fundamentais”.

Às vésperas de mais uma eleição municipal, a presidente da Fundamig, Júlia Caldas de Almeida, ressalta a importância dos próximos prefeitos e vereadores compreenderem e apoiarem o trabalho do terceiro setor.

“Pedimos, encarecidamente, que os eleitos tenham muita atenção e parceria com o Terceiro Setor porque a gente precisa se unir para fazer a coisa acontecer”, destaca Júlia Caldas de Almeida.

O trabalho das OCS e o próprio Enats dialoga com o MM2032. Liderado pelo Diário do Comércio, o Movimento propõe uma discussão sobre um modelo de produção duradouro e inclusivo, capaz de ser sustentável, e o estabelecimento de um padrão de consumo igualmente responsável, com base nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), preconizados pela Organização das Nações Unidas (ONU), desde 2015. A Fundamig faz parte do MM2032 desde a criação, em 2017.

Entre os ODS, dois têm especial ligação com o evento: 

  • ODS 16: Paz, justiça e instituições eficazes – Promover sociedades pacíficas e inclusivas para o desenvolvimento sustentável, proporcionar o acesso à justiça para todos e construir instituições eficazes, responsáveis e inclusivas em todos os níveis.
  • ODS 17: Parcerias e meios de implementação – Fortalecer os meios de implementação e revitalizar a parceria global para o desenvolvimento sustentável.

“O Terceiro Setor é o do cuidado. Ele é quem cuida das populações vulneráveis. Os ODS 16 e 17 são os principais dentro da Fundamig. Precisamos dos três setores alinhados e funcionando para que a gente consiga resolver os problemas. O primeiro setor, com a legislação; o segundo, principalmente, investindo; e o terceiro atendendo esse público. A Fundamig participa do movimento pela cultura da doação no Brasil e fomentar essa cultura é o que vai fazer a virada de chave. O terceiro setor trabalha com muito pouco. Pesquisas mostram que para cada real aplicado no terceiro setor, devolvemos nove à sociedade. É o melhor investimento que uma empresa pode fazer”, completa a presidente da Fundamig.

Rádio Itatiaia

Ouça a rádio de Minas