Encontro Nacional do Terceiro Setor em Belo Horizonte enaltece sociedade civil organizada

No último dia do 19º Encontro Nacional do Terceiro Setor (Enats), que aconteceu na sede da Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL-BH), na região Centro-Sul, comunicação e sustentabilidade estiveram no centro das discussões.
A roda de conversa “Comunicação para a sustentabilidade – MM2032” revelou um avanço na percepção sobre a importância da comunicação para a sensibilização da sociedade para o trabalho das Organizações da Sociedade Civil (OCS), mas também mostrou o quão difícil pode ser atender às necessidades dos diferentes públicos com os quais as organizações precisam se relacionar.
Ao mesmo tempo, o tema da sustentabilidade ainda gera dúvidas conceituais e também precisa da comunicação para ganhar espaço dentro e fora das OCS.
Para a socióloga e pesquisadora Mara Greide, é preciso inserir a sustentabilidade na prática organizacional, mas isso não está claro para boa parte das instituições.
O conteúdo continua após o "Você pode gostar".
“Sustentar é manter, cuidar e proteger, mas para isso só vontade não basta. A prática sem os conceitos é um míope olhando para a lua. Ele enxerga, mas não consegue definir os contornos. Para pensar em sustentabilidade as OCS precisam olhar para dentro, se organizar e buscar a profissionalização na gestão para fazer, inclusive, uma comunicação eficiente”, explica a socióloga.
Há 30 anos trabalhando no Terceiro Setor, a superintendente do Sistema Divina Providência, Dolores Bertilla Corrêa, destaca a importância da comunicação capaz de contribuir para sustentabilidade e a construção da reputação do setor especialmente em um contexto de eleições municipais.
“Quando a gente fala de um trabalho desses na política e com os políticos é preciso mostrar que ele é importante para os dois lados. Nós precisamos dos políticos e eles de nós porque alcançamos alguns lugares nos quais o poder público não chega. Para isso andar junto é preciso muita transparência e posicionamento. Claro que existem instituições que pisaram na bola, mas isso não pode ser generalizado. Não é justo com todos aqueles que trabalham e impactam a vida de tantas pessoas todos os dias e que formam uma maioria esmagadora”, pontua Dolores Bertilla Corrêa.
De acordo com a presidente do Diário do Comércio e coordenadora do Movimento Minas 2032 (MM2032) – pela transformação global, Adriana Muls, a comunicação precisa ser transversalizada e democratizada.
“É urgente e extremamente importante a gente conversar entre os setores. Percebemos, cobrindo os diferentes elos da economia mineira, que está todo mundo conversando na vertical e a gente precisa transversalizar a comunicação. O terceiro setor precisa ser valorizado e conhecido porque ele é que atua na base das questões estruturantes da sociedade. Para que ele realmente tenha o impacto necessário e seja sustentável é importante que a gente se articule”, avalia Adriana Muls.
Realizado pela Federação Mineira de Fundações e Associações de Direito Privado (Fundamig) em parceria com o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), o Enats teve como tema geral “A força da sociedade civil organizada na garantia dos direitos fundamentais”.
Às vésperas de mais uma eleição municipal, a presidente da Fundamig, Júlia Caldas de Almeida, ressalta a importância dos próximos prefeitos e vereadores compreenderem e apoiarem o trabalho do terceiro setor.
“Pedimos, encarecidamente, que os eleitos tenham muita atenção e parceria com o Terceiro Setor porque a gente precisa se unir para fazer a coisa acontecer”, destaca Júlia Caldas de Almeida.
O trabalho das OCS e o próprio Enats dialoga com o MM2032. Liderado pelo Diário do Comércio, o Movimento propõe uma discussão sobre um modelo de produção duradouro e inclusivo, capaz de ser sustentável, e o estabelecimento de um padrão de consumo igualmente responsável, com base nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), preconizados pela Organização das Nações Unidas (ONU), desde 2015. A Fundamig faz parte do MM2032 desde a criação, em 2017.
Entre os ODS, dois têm especial ligação com o evento:
- ODS 16: Paz, justiça e instituições eficazes – Promover sociedades pacíficas e inclusivas para o desenvolvimento sustentável, proporcionar o acesso à justiça para todos e construir instituições eficazes, responsáveis e inclusivas em todos os níveis.
- ODS 17: Parcerias e meios de implementação – Fortalecer os meios de implementação e revitalizar a parceria global para o desenvolvimento sustentável.
“O Terceiro Setor é o do cuidado. Ele é quem cuida das populações vulneráveis. Os ODS 16 e 17 são os principais dentro da Fundamig. Precisamos dos três setores alinhados e funcionando para que a gente consiga resolver os problemas. O primeiro setor, com a legislação; o segundo, principalmente, investindo; e o terceiro atendendo esse público. A Fundamig participa do movimento pela cultura da doação no Brasil e fomentar essa cultura é o que vai fazer a virada de chave. O terceiro setor trabalha com muito pouco. Pesquisas mostram que para cada real aplicado no terceiro setor, devolvemos nove à sociedade. É o melhor investimento que uma empresa pode fazer”, completa a presidente da Fundamig.
Ouça a rádio de Minas