Brasil é expoente no setor de baixo carbono
Para quem não acredita em coincidências, o Dia da Terra, concebido nos Estados Unidos em 1970, ser comemorado em 22 de abril, o mesmo dia em que, oficialmente, os portugueses chegaram a uma nova terra que séculos depois conheceríamos como Brasil, não parece, mesmo, ter sido um mero acaso.
Dono da maior diversidade do planeta, de 12% da água doce, com apenas 3% da população mundial e responsável por mais de 60% da Floresta Amazônica, o País é apontado com o maior potencial para a economia do futuro, a economia de baixo carbono.
Mas para que toda essa potência se transforme em desenvolvimento, justiça social e qualidade de vida para todos, governos, empresas e sociedade civil precisam ir além dos discursos. É preciso que se organizem e se apoiem mutuamente para tratar melhor a nossa única casa: o planeta Terra.
Na sua criação, o Dia da Terra reuniu 20 milhões de pessoas para protestar contra a poluição em um fórum ambiental. Hoje, de acordo com a Earthday.org – entidade que organiza as ações globais relativas ao Dia da Terra -, são mais de 150 mil parceiros em 192 países para construir a democracia ambiental. Mais de 1 bilhão de pessoas participam das ações do Dia da Terra a cada ano, tornando-se a maior observância cívica do mundo.
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No Brasil, a iniciativa privada tem ficado cada vez mais atenta ao significado da sigla ESG (responsabilidade socioambiental e governança). Pressionada por consumidores, financiadores e investidores, principalmente, entre outros públicos de interesse, ela busca racionalizar o consumo de recursos naturais e desenvolver a consciência ambiental interna e externa. E, assim, reduz custos, há ganhos de imagem e, como resultado, alcança maior competitividade e lucratividade, chegando ao que se convencionou chamar de sustentabilidade.
MM 2032
Em Belo Horizonte, o Movimento Minas 2032 (MM 2032) – pela transformação global, liderado pelo DIÁRIO DO COMÉRCIO, é uma das iniciativas que chama o mundo corporativo para a ação. Ele propõe uma discussão sobre um modelo de produção duradouro e inclusivo, capaz de ser sustentável, e o estabelecimento de um padrão de consumo igualmente responsável, com base nos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS), promovidos pela Organização das Nações Unidas (ONU) desde 2015.
É claro que há muito o que ser feito ainda, inclusive lutar contra o negacionismo climático e as velhas práticas predatórias que, infelizmente, parecem ser mais lucrativas no curtíssimo prazo, mas que não garantem a perenidade do negócio. Mas já somos capazes de compartilhar bons exemplos de quem entendeu que ser sustentável, cada vez mais, é o próprio negócio.
Cinco atitudes são pilares de atuação
Organizador global do Dia da Terra e maior recrutador de movimentos ambientais em todo o mundo, o Earthday.org anunciou cinco atitudes que servem como pilares de atuação em homenagem ao tema deste ano: “Investir em Nosso Planeta”. Continuação de 2022, o tema está focado em engajar governos, instituições, empresas e os mais de 1 bilhão de cidadãos que participam continuamente do Dia da Terra para fazer sua parte.
As principais formas de construir essa nova versão da sociedade incluem:
Plante árvores – O Projeto Canopy salienta as medidas de conservação e restauração em todo o mundo, oferecendo aos indivíduos a oportunidade de fortalecer suas comunidades e lutar contra as mudanças climáticas na esperança de um futuro mais verde.
Acabe com a moda rápida – Ao abordar a falta de compreensão do público sobre o funcionamento interno da indústria da moda, o Fashion for the Earth convida os jovens do mundo a adotar uma abordagem proativa na abordagem dos impactos ambientais da indústria.
Acabar com o combustível plástico – O combustível plástico afeta todos os organismos do nosso planeta. No Dia da Terra e em dias alternados, as pessoas podem tomar medidas para diminuir o problema. A Grande Limpeza Global apela a todos os governos, instituições e indivíduos em todo o mundo para ajudar a combater a crise ambiental criada pelo homem, ao mesmo tempo que trabalha para melhorar os habitats e prevenir danos à vida selvagem e aos seres humanos, esforços para um planeta mais limpo.
Educação igualitária – À medida que continuamos na corrida contra as mudanças climáticas, a construção de um futuro melhor requer uma priorização urgente da educação climática e da alfabetização ambiental. A Campanha de Educação Climática e Alfabetização Ambiental está iniciando uma revolução educacional para garantir que os alunos recebam educação de alta qualidade, independentemente de onde estiverem no mundo, capacitando-os a serem administradores ambientais engajados e informados.
Vote na Terra – A democracia só funciona quando todos votam. Para uma verdadeira liderança ambiental e climática, os indivíduos precisam tornar impossível para os políticos, concorrerem a cargos sem liderar como campeões ambientais. Vote Earth incentiva os indivíduos a usar seu poder de voto para apoiar as políticas aprovadas para proteger nosso meio ambiente.

E é justamente na primeira linha de ação que a Zetra – fintech sediada em Nova Lima, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), há mais de 20 anos – se engajou. De acordo com o diretor de Governança, Risco e Compliance da Zetra, Eloi Rezende, a empresa acaba de ser oficialmente reconhecida como um ESG, a partir de projeto desenvolvido junto a duas ONGs: a Iniciativa Verde e a Brigada Carcará.
“Mapeamos iniciativas de plantio e preservação de árvores relevantes tanto para o Brasil quanto para a região de Nova Lima. Incentivamos a criação de um projeto ambiental, que também contempla plantio de árvores, educação ambiental em escolas públicas, para colaboradores e filhos, pensando em gerações futuras, bem como apoio ao combate a incêndios nas florestas, o que deve totalizar cerca de 200 árvores plantadas ao todo”, explica Rezende.
A ONG Iniciativa Verde possui o programa chamado “Amigo da Floresta”, que faz o plantio de árvores nativas no bioma da Mata Atlântica, com foco no estado de São Paulo e na região da Serra da Mantiqueira, no Sul de Minas. A cada sistema nosso implantado, será plantada uma árvore no Programa “Implanta e Planta” da Zetra. A expectativa é plantar cerca de 100 árvores em 2023.
Já a Brigada Carcará atua na região de Nova Lima e Brumadinho, também na RMBH, no combate aos incêndios florestais e projetos de defesa ao meio ambiente. A Zetra incentivou a criação de um projeto ambiental, que também contempla plantio de árvores, educação ambiental em escolas públicas, para colaboradores e seus filhos, bem como apoio ao combate a incêndios nas florestas, o que deve totalizar cerca de 200 árvores plantadas ao todo.
“Ser responsável é bom para as pessoas, para o planeta e para os negócios. Toda empresa tem um papel diante da sociedade de fazer do mundo um lugar melhor para nós e para as futuras gerações. Ao final, isso gera reputação, que proporciona melhores resultados, inclusive financeiros. Queremos ser uma empresa que faz e inspira, por isso essa vontade de compartilhar o que aprendemos com todos os nossos parceiros”, defende o diretor de Governança, Risco e Compliance da Zetra.
Segundo dados da Organização das Nações Unidas (ONU), a indústria é responsável por cerca de 22% do consumo de água do mundo. Apesar de muito distante dos 70% gastos pela agropecuária, o consumo industrial é muito importante pelo seu volume e também pela qualidade da água devolvida ao meio ambiente depois de utilizada nas várias fases das linhas de produção.
Sediada em Belo Horizonte e com unidade fabril em São Paulo, a Jalde – marca de semijoias – optou por um tratamento especial para livrar a água dos agentes químicos adicionados durante o processo de banho de ouro das peças. O plano é trazer a mesma tecnologia para a fábrica que deverá ser construída no território mineiro atendido pela Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene) ainda neste ano. O município está sendo escolhido.
Segundo o diretor-executivo da Jalde Semijoias, Átila Coelho Cabral, ter um processo industrial ambientalmente responsável é atender uma demanda cada vez mais forte da sociedade e, ao mesmo tempo, tornar o negócio mais lucrativo. E, para ele, isso precisa ser feito sem descuidar do terceiro pilar que sustenta o negócio: as pessoas. Por isso, a empresa desenvolve ações de conscientização e desenvolvimento pessoal entre funcionários, revendedores e outros parceiros.
“Gastamos muita água porque nossos produtos recebem três banhos de ouro e nesse processo para diluir o metal em água usamos muitos agentes químicos. Essa água não pode voltar para a natureza. Então para fazer com que ela recircule e não precisemos retirar mais recursos da natureza, optamos por um tratamento iônico, que é mais moderno e, em princípio, mais caro. Mas como o processo é mais eficiente, acabamos por reduzir outros custos, tornando a operação sustentável”, avalia Cabral.

Responsabilidade ambiental no cerne da atuação do MM Gerdau
Pensar em ações de responsabilidade ambiental em grandes operações industriais ou mesmo grandes players de comércio e serviços não é uma tarefa muito difícil, mas não só eles podem ser exemplares. O que pode fazer, por exemplo, um equipamento cultural nessa área, além de uma política de redução do consumo de plástico e água, por exemplo?
A resposta é: muita coisa! O Museu das Minas e do Metal Gerdau (MM Gerdau), integrante do Circuito Cultural Praça da Liberdade, por exemplo, tem a responsabilidade ambiental no seu modelo de atuação desde a sua criação, há 13 anos.
De acordo com a gerente de Relacionamento do MM Gerdau, Paola Oliveira, por ser um museu de ciência e tecnologia dedicado às ciências da terra, o equipamento cultural, além de ações internas como coleta seletiva e uso de energia fotovoltaica, desenvolve projetos integrados para tratar do tema a partir das mostras e espetáculos que fazem parte da programação corrente do Museu.
“Na nossa construção diária trazemos uma consciência sobre a mineração. Temos uma programação científica com esse tipo de abordagem. O Museu olha para o futuro. Queremos dialogar com a sociedade como um todo, somos um espaço de cultura. Temos um núcleo de pesquisa que provoca a divulgação científica e que faz a curadoria das mostras e eventos de forma que eles tenham esse sentido da educação para o uso dos recursos, especialmente os minerários”, afirma Paola Oliveira.

Este ano, a Semana dos Museus, entre 15 e 21 de maio, terá o tema “Sustentabilidade e bem-estar”. A temporada propõe uma reflexão sobre a importância dos museus na promoção da saúde mental, educação ambiental e inclusão.
“Ao fim de tudo estamos ‘investindo no planeta’, como propõe o Dia da Terra. Queremos construir pertencimento e girar a cadeia produtiva da economia criativa. Aproveitamos as efemérides como o Dia da Terra ou a Semana dos Museus para ganhar visibilidade, mas temos uma programação contínua relacionada com o tema. Agora, mesmo, estamos com uma exposição em homenagem aos 180 anos de Henri Gorceix, que fundou a Escola de Minas, em Ouro Preto. No dia 27, faremos o lançamento da biografia dele em parceria com a Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP). Todas essas ações conversam e, assim, mostram a vocação do Museu”, completa a gerente de Relacionamento Institucional do MM Gerdau.
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