Movimento Minas 2032

Brasil não cumpre os 17 ODS

Brasil não cumpre os 17 ODS
Investimentos na implantação de usinas fotovoltaicas são fundamentais para equilibrar a matriz energética brasileira | Crédito: Pixabay

O Brasil é um dos 193 países que compõem a Organização das Nações Unidas (ONU) que pactuaram, em 2015, a Agenda 2030. Trata-se de um plano de ação com 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), constituídos por 169 metas a serem alcançadas em 15 anos. Passada praticamente a metade desse período, o País parece distante de cumprir o acordo. O cenário atual é de estagnação, quando não, de retrocesso na execução do plano.

Um exemplo está no objetivo relacionado à energia limpa e acessível. De acordo com o mais recente e consistente levantamento sobre o andamento dos ODS no Brasil, o “Relatório Luz da Sociedade Civil sobre a Agenda 2030”, a gravidade do problema começa pela falta de dados atualizados e confiáveis sobre o tema energia. O objetivo – de número 7 entre os 17 ODS – estabelece o seguinte: “assegurar acesso confiável, sustentável, moderno e a preço acessível à energia para todas e todos”.

No entanto, aponta o Relatório Luz (elaborado por um conjunto de entidades da sociedade civil), diante das informações disponíveis, que é possível constatar que das cinco metas que compõem o ODS 7, nenhuma delas caminha para ser atingida. O levantamento aponta que a meta 7.1 (universalização do acesso) está ameaçada. Por sua vez, a 7.2 (aumentar participação das energias renováveis) encontra-se estagnada. Dobrar a eficiência energética (7.3) é meta classificada como em retrocesso.

Uma quarta meta dentro do objetivo sete fixa o estabelecimento de cooperações internacionais (7.a), item sobre o qual a equipe do Relatório Luz não encontrou dados que permitissem avaliar. A quinta meta do ODS 7, que se refere à modernização tecnológica da infraestrutura para o fornecimento de serviços de energia sustentável, está em progresso insuficiente para ser alcançada até 2030, ainda segundo o relatório.

Em outros objetivos, os quais, assim como o voltado à questão energética, têm relação direta com o meio ambiente, o estágio também é desalentador. Vale ressaltar que o Relatório Luz envolveu o trabalho de 106 especialistas em desenvolvimento sustentável, de modo a expressar uma análise multidisciplinar e holística.

O ODS que trata da ação contra a mudança global do clima (ODS 13) – e as intensas chuvas que caem no Brasil desde o início deste ano mostram efeitos dessa mudança – tem quatro das cinco metas classificadas, pelo conjunto de especialistas responsáveis pelo Relatório Luz, como “em retrocesso”. A interrupção de programas de governo, a edição de normas que flexibilizam proteção ambiental e o afrouxamento da fiscalização são apontadas como razões para esse “andar para trás”. “Em 2020, apesar do aumento do desmatamento e das queimadas, as multas aplicadas pelo Ibama tiveram a maior queda dos últimos 20 anos”, assinala o documento.

Todas as dez metas do ODS 14, relacionadas à vida na água (o que inclui conservação dos oceanos e uso sustentável dos recursos marinhos), também não apresentam avanços. Ao contrário: quatro acumulam retrocesso, outras cinco estão estagnadas e uma registra progresso insuficiente para que seja cumprida até 2030. “O País não dispõe de sistema nacional para monitoramento da pesca, o que impossibilita a gestão sustentável dos recursos marinhos vivos, agravando ainda mais o cenário de saúde e de vulnerabilidade nas comunidades costeiras e ribeirinhas”, exemplifica o relatório.

Reversão do cenário

Ativista em organizações que atuam em projetos desenvolvidos conjuntamente com a ONU, e ainda em movimentos de formação e renovação cidadã e política, o especialista e empreendedor em energias renováveis Marcos Rocha Martins Silva constata que, diante do diagnóstico, é preciso ação para reverter esse cenário. Em dezembro último, por meio da EnergyPay, do qual é CEO, Marcos Silva lançou um programa de financiamento de construção de usinas de energia solar a partir das taxas de transação de uma moeda digital, a EnyCoin (ENY).

A primeira usina já está em implantação, em Itaobim, região do Jequitinhonha/Mucuri, Minas Gerais, com previsão de ser entregue no segundo semestre deste ano. Até 2025, serão 15 ao todo. Além de Minas, serão instaladas usinas fotovoltaicas na Bahia e no Rio de Janeiro, por meio do mesmo modelo de financiamento. Cada usina terá capacidade para gerar até 1 megawatt. “É um trabalho fruto de anos que dedico a iniciativas da ONU e de órgãos governamentais em prol do desenvolvimento sustentável. É um projeto ecoempreendedor, para contribuir pela mudança do mundo”, assinala.

Investimentos como esse são fundamentais para equilibrar a matriz energética brasileira, conforme observa Marcos Silva. “Hoje, 62% da energia no País ainda é gerada por hidrelétricas. No entanto, vemos as constantes estiagens que diminuem o nível dos reservatórios”, compara.

SolarVolt reduz custo do agronegócio

Nos últimos anos o uso da energia solar vem ganhando destaque em vários setores da economia, principalmente no agronegócio, por proporcionar a redução nos custos com eletricidade, que costumam ser bem altos em propriedades rurais, que dependem muito do serviço para sua operação.

De acordo com a SolarVolt Energia, maior integradora solar de Minas Gerais e uma das principais do País, além da economia, a instalação de projetos fotovoltaicos possui diversos benefícios para o setor, como um rápido retorno dos investimentos, longa vida útil dos equipamentos e baixas taxas de manutenção, além de contribuir para o desenvolvimento sustentável no campo e para a descarbonização da economia.

Para ilustrar essa redução nos custos, a empresa mencionou um de seus projetos de sucesso realizados no agronegócio que obtiveram grandes resultados, como é o caso das instalações solares em telhados realizadas nas fazendas de laticínio, leite e café da Laticínio Curral de Minas, que proporcionaram uma economia mensal R$ 54.399 nas contas de luz da propriedade, com uma produção de 90.666 kWh/mês.

De acordo com o sócio-fundador e diretor Comercial da SolarVolt, Gabriel Guimarães, a economia gerada pela fonte solar varia de acordo com o consumo e a proporção do projeto, podendo chegar a até 90% de desconto na fatura de energia.

Fora isso, os projetos solares funcionam com sistema modular, que podem ser expandidos a qualquer momento de forma simples, além de também apresentarem pouca interferência na instalação elétrica pré-existente, funcionando de forma independente e com baixa possibilidade de interrupções ou apagões, não prejudicando a produção e armazenamento de produtos das fazendas.

Segundo Gabriel Guimarães, a SolarVolt realiza a dimensão da instalação solar com base no consumo de energia da propriedade nos últimos 12 meses e cuida de todo o processo com a distribuidora local para a implantação dos sistemas. Após a conclusão do empreendimento, a integradora ainda monitora a geração e performance dos sistemas ao longo do tempo para garantir o retorno planejado.

De acordo com dados da Absolar, a energia fotovoltaica já está presente em mais de 5.541 municípios e em todos os estados brasileiros, sendo que Minas Gerais é o estado com maior potência instalada da fonte (1.545 MW), seguido de São Paulo (1.159 MW), Rio Grande do Sul (1.058 MW), Mato Grosso (618 MW) e Santa Catarina (476 MW).

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