Movimento Minas 2032

Educar, investir e fomentar a sustentabilidade no setor de turismo é fundamental

Viajantes brasileiros estão cada vez mais engajados no turismo sustentável
Educar, investir e fomentar a sustentabilidade no setor de turismo é fundamental
Brasil está entre os sete países com maior destaque em turismo sustentável, segundo o portal The Economist, e viajantes brasileiros cada vez mais engajados nessa causa | Crédito: Reprodução AdobeStock

O Brasil está entre os sete países com maior destaque em turismo sustentável, de acordo com o portal The Economist. E os viajantes brasileiros estão, cada vez mais, engajados nessa causa. Uma pesquisa da Booking realizada em 2024 mostrou que 87% dos brasileiros entrevistados desejam fazer viagens mais sustentáveis nos próximos 12 meses. Minas Gerais possui grande potencial para se tornar referência nesse segmento, desde que haja investimentos, letramento e incentivo adequados. Esse foi o panorama apresentado pelo 1º Congresso Nacional do Turismo e Cultura Sustentável, que aconteceu nos dias 30 e 31 de outubro em Belo Horizonte.

Organizado sob três eixos temáticos principais – governança, inovação e economia circular –, o evento reuniu especialistas de todo o Brasil, com uma programação de palestras sobre 14 temas. Mais de 650 pessoas, entre profissionais do setor, pesquisadores, gestores, estudantes, empresários e entusiastas, participaram do congresso.

João Tasso
João Tasso apresentou no congresso a “Mandala da Sustentabilidade no Turismo”, que tem três propósitos centrais | Crédito: Arquivo Pessoal João Tasso

Coordenador do Programa de Pós-Graduação do CET/UnB, líder do Laboratório de Estudos em Turismo e Sustentabilidade (LETS) e do Observatório do Turismo de Belo Horizonte, João Tasso, destacou que o turismo sustentável ainda é desenvolvido de maneira desorganizada em algumas localidades, muitas vezes devido ao desconhecimento. Durante o congresso, Tasso apresentou a “Mandala da Sustentabilidade no Turismo”, o primeiro instrumento nacional de planejamento turístico voltado para mensuração da sustentabilidade em destinos brasileiros.

Segundo ele, trata-se de uma ferramenta inovadora, com três propósitos centrais:

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• Desmistificar a complexidade envolvida no conceito de sustentabilidade no turismo;
• Corrigir visões reducionistas e equivocados frequentemente observadas entre gestores locais;
• Oferecer orientações didático-pedagógicas para combater ideias equivocadas e interesses particulares que resultam em ações desconexas e ineficazes para os destinos turísticos.

“A Mandala da Sustentabilidade no Turismo abrange sete dimensões da sustentabilidade (ambiental, política, econômica, social, territorial, cultural e tecnológica), avaliando 21 indicadores em uma escala de quatro níveis. Esse processo gera dados que colaboram com o monitoramento de resultados,” explica Tasso. O especialista também destaca que, embora básico, o conceito de turismo sustentável ainda é mal compreendido. E, muitas vezes, o turismo é erroneamente tratado como um segmento do setor.

No entanto, ele é “uma proposta de desenvolvimento territorial que busca atender aos princípios da sustentabilidade em suas múltiplas dimensões,” esclarece Tasso. Ainda de acordo com o pesquisador, esse conceito envolve o planejamento e a gestão do turismo de forma a considerar a prudência ambiental, a equidade social, a valorização das manifestações culturais, a conservação do patrimônio material e imaterial, a criação de empregos com direitos assegurados, a inclusão de grupos marginalizados, o apoio à produção em pequena escala e a participação democrática nos processos de decisão, entre outros aspectos.

Um exemplo prático de turismo sustentável foi abordado no painel “Turismo de Experiência: o Potencial da Preservação das Tradições e Culturas Locais como Diferencial Competitivo”, apresentado por Bela Gil – chef, vice-presidente do Instituto Brasil Orgânico, ativista, escritora e apresentadora de TV. Bela destacou essa modalidade como uma poderosa ferramenta para valorizar e preservar as tradições e culturas locais, permitindo aos visitantes uma imersão autêntica na história e identidade das regiões.

“O contato com práticas culturais, culinária, artesanato e festividades típicas enriquece a experiência dos viajantes, criando uma conexão emocional que vai além do simples turismo de contemplação. Esse diferencial competitivo fortalece a economia local, gera empregos e incentiva a população a preservar e compartilhar seu patrimônio cultural, criando uma simbiose onde a tradição é valorizada e o turista vivencia algo único e memorável,” defende Bela Gil.

Nesse cenário, faz todo sentido contemplar a Agenda 2030. É o que defende a turismóloga e uma das organizadoras do congresso, Mônica Silva, que ressaltou a importância de alinhar o crescimento do turismo sustentável aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). “Temos 17 ODS e 169 metas e precisamos trabalhar em conjunto para que o setor e os turistas estejam conscientes e integrados nessa agenda, promovendo crescimento e prosperidade,” conclui a organizadora.

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