Confira como os especialistas do MM2032 podem colaborar com debates na COP 30
A 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 30), que ocorrerá entre 10 e 21 de novembro, em Belém (PA), amplia a expectativa sobre as contribuições concretas que o Brasil levará à conferência mundial do clima e o que deve sair de lá. Diversos setores mineiros envolvidos em debates e avanços acerca do tema participam do Movimento Minas 2032 – Pela Transformação Global (MM2032): a Organização das Cooperativas do Estado de Minas Gerais (Ocemg/MG), a Sociedade Mineira de Engenheiros (SME), a Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais (Faemg) e empresários,
O Conselho de Desenvolvimento Econômico, Sustentável e Estratégico de Belo Horizonte (Codese-BH), integrante do MM2032 desde o início deste ano, vem atuando de forma estratégica para fortalecer agendas que dialogam diretamente com os compromissos globais de sustentabilidade, transição energética, inovação urbana e desenvolvimento inclusivo. Diretor-executivo do Codese-BH, Elvis Gaia esclarece que o conselho é um ambiente capaz de transformar os debates internacionais da COP 30 em ações concretas para o futuro da capital mineira e de Minas Gerais. “A COP 30 representa uma chance histórica para Belo Horizonte se conectar ainda mais aos compromissos globais de clima e sustentabilidade, e, assim, atrair investimentos alinhados à transição justa, à infraestrutura resiliente e à inovação urbana. No Codese, temos condições de formular propostas mais assertivas, menos fragmentadas e com potencial de execução real”, afirma.
Para Gaia, esse evento internacional pode impulsionar uma “agenda de convergência” entre governo, setor produtivo e sociedade civil local, colocando a cidade no mapa de capitais que se preparam para os desafios transformadores do século XXI. E acrescenta: “Belo Horizonte já é um laboratório prático para os temas da COP 30: adaptação urbana, mobilidade sustentável, uso eficiente da energia e fortalecimento dos serviços públicos sob uma perspectiva de futuro. Precisamos facilitar que siga nesse caminho exponencialmente”.
Grazi Carvalho é participante do MM2032 e CEO da startup LICI GovTech, que é uma aceleradora de municípios, por meio da plataforma Chesi= Cidades Humanas, Eficientes, Sustentáveis e Inteligentes e coordenou o Projeto Piloto Chesi – Pará que será apresentado na COP 30.
De acordo com a empresária, a iniciativa colaborativa entre a LICI GovTech e o Sistema Confea/Crea/Mútua do Pará foi concebida para aplicar e validar a metodologia Chesi – Cidades Humanas, Eficientes, Sustentáveis e Inteligentes em municípios da região amazônica. O projeto teve como principal objetivo fortalecer a governança pública municipal, promovendo a integração dos planos municipais aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) e criando uma base de diagnóstico estratégico para aprimorar a eficiência administrativa, a gestão de indicadores e o alinhamento às metas da Agenda 2030. Carvalho destaca que a ação conjunta criar uma rede de cooperação voltada à inovação pública.
“Entre os principais resultados, destacam-se: a identificação de lacunas de governança e integração de políticas públicas, a elaboração de diagnósticos comparativos e recomendações práticas para os municípios participantes e a preparação técnica das cidades paraenses para atuarem como referência regional durante a COP 30, evidenciando boas práticas em planejamento territorial, sustentabilidade e transformação digital na gestão pública amazônica”, explica.
Faemg enviará representante para conferência mundial
A Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais (Faemg), integrante do MM2032, enviará representantes para a COP 30 para acompanhar a entrega da Carta de Posicionamento da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), que consolida esse histórico de cooperação e aponta para desdobramentos práticos relevantes para o agronegócio brasileiro e mineiro.
A Faemg participou da elaboração do documento que enfatiza o fortalecimento do financiamento climático, a ampliação do acesso a crédito verde, a regularização fundiária e o incentivo a tecnologias sustentáveis – medidas que podem gerar impactos diretos na competitividade e sustentabilidade das propriedades rurais mineiras.
Gerente de Sustentabilidade do Sistema Faemg/Senar e especialista em Engenharia Ambiental Integrada, Mariana Ramos espera que no pós-COP 30 haja a implementação desses compromissos que pretendem facilitar novas oportunidades de investimento sustentáveis. “A ampliação dos mercados de carbono, a valorização de produtos de baixo impacto ambiental e o fortalecimento das cadeias produtivas regionais é primordial para o desenvolvimento do agro brasileiro e pode consolidar Minas Gerais como referência em agropecuária sustentável e adaptada às novas exigências da agenda climática global”, defende a gerente de Sustentabilidade.
Florestas plantadas são modelo sustentável
A COP 30 no Brasil representa uma oportunidade inédita para apresentar ao mundo o modelo inovador e sustentável do setor de base florestal brasileiro. É o que destaca o gerente do Instituto Brasileiro de Árvores (Ibá) e diretor da Sociedade Mineira de Engenharia (SME), Adriano Scarpa Tonaco, que participará pelo sexto ano consecutivo do evento. Segundo ele, o setor acompanha as COPs há mais de 15 anos, sempre buscando demonstrar suas contribuições à mitigação e adaptação climática.
O modelo nacional atua de forma integrada – do plantio ao pós-uso – e gera múltiplos benefícios ambientais. No País, são 1,8 milhão de árvores plantadas por dia em 10,5 milhões de hectares, sendo Minas Gerais líder nacional em florestas plantadas, com 2,3 milhões de hectares. Além disso, são mais de 7 milhões de hectares de vegetação nativa conservada, área superior ao estado do Rio de Janeiro.
Scarpa ressalta que o manejo florestal brasileiro é referência mundial, com práticas sustentáveis que preservam o solo, a água e a biodiversidade, como o plantio em mosaico, que cria corredores ecológicos. Ele enfatiza o papel essencial das remoções florestais de carbono para alcançar o net zero e as metas do Acordo de Paris.
“O setor avança na descarbonização industrial e logística, com uso crescente de biomassa e energia renovável – 90% da energia já é limpa. Mas é primordial garantir regras justas no mercado de carbono para que os benefícios climáticos das florestas cultivadas sejam plenamente reconhecidos nas negociações internacionais”, finaliza o gerente do Ibá, reforçando que a edição brasileira deve reverberar mais práticas de inovação e sustentabilidade no segmento.
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