MM2032 estreia conteúdos exclusivos de jornalismo propositivo com reflexão sobre violência contra a mulher

O Movimento Minas 2032 – Pela Transformação Global foi lançado oficialmente em 2017 pelo DIÁRIO DO COMÉRCIO em parceria com o Instituto Orior com o objetivo de articular os diversos setores da sociedade para a construção de um projeto de futuro, tendo como premissa os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS), da ONU.

Já naquela época, entendíamos a urgência de unir esforços para buscar soluções para os grandes dilemas que enfrentamos enquanto sociedade. De lá pra cá, vários sinais estão sendo dados de que precisamos repensar nosso papel no mundo, nossa forma de relacionar e de fazer negócios.
Os resultados continuam e sempre serão importantes. Mas um olhar ampliado para o que está acontecendo e qual é a parte de cada um nisso é fundamental.
Agendas ambientais e sociais precisam ser encaradas como questão de sobrevivência. Pelo Governo, pelo Congresso, pelas empresas e pela sociedade. Infelizmente, eventos extremos têm sido cada vez mais recorrentes e graves. E vêm para nos mostrar que não estamos fazendo nosso dever de casa.
O conteúdo continua após o "Você pode gostar".
É vital que estejamos mais atentos ao que os especialistas e cientistas dizem, aprofundar nos temas essenciais, reaprender a dialogar, entender que os problemas são complexos e que só serão superados por meio da colaboração. Por isso organizamos o MM2032.

Hoje, além termos uma comunidade engajada na articulação e fortalecimento dos ODS, conseguimos efetivar práticas por meio de projetos por um mundo melhor. Somos mais de 50 membros representantes dos três setores de Minas Gerais para trabalhar em rede projetos, inciativas e parcerias pelo bem comum dos mineiros, do Brasil e do Planeta.
Visto que a missão do MM2032 sempre foi formar e fortalecer cidadãos críticos e atuantes por meio de debates, ações e do jornalismo propositivo, ir além das notícias converteu-se em nosso desafio e propósito. Nessa busca pela informação para a construção de uma nação mais justa e de um futuro possível, percebemos, então, que o MM2032 exige, agora, um espaço fixo em nossas publicações.
Lançamos neste sábado, dia 11, a página semanal do MM2032, um espaço permanente nas edições impressas de sábado e também no portal e em nossas redes sociais. Além de visibilizar as entregas dos oito grupos trabalho, desejamos que esses conteúdos sejam instrumentos para que empresas, sociedade, gestores públicos e instituições filantrópicas sejam conhecidas, reconhecidas e usem isso para trabalhar ainda mais em rede. É assim que otimizaremos os resultados sociais, ambientais e, obviamente, econômicos.
Nesse sentido, o leitor encontrará debates, reportagens, artigos sobre iniciativas e outras formas de conteúdos alinhados ao propósito de uma comunicação transformadora.
Ao longo do ano, trabalharemos os 17 ODS em nossos eixos de abordagem elencados como prioritários para 2024: fome, mudanças climáticas, paz, cultura da doação e mulher, como verão a seguir na matéria de Élida Ramirez, jornalista colaboradora e coordenadora dos conteúdos do MM2032, sobre as vantagens de combater a violência feminina para economia e sociedade em geral.
Aproveito para agradecer a todos os participantes e convocar interessados a ingressarem conosco nessa jornada.
Informações sobre o MM2032: [email protected].
Violência contra mulher enfraquece sociedade e economia
Shirlei Moraes, 45 anos, empreendedora, passou por violência verbal e assédio na infância. Sempre foi financeiramente independente. Teve vários relacionamentos conturbados. No último deles, passou por agressão psicológica, verbal, moral, patrimonial e física. Pressionada pelo companheiro, parou de trabalhar, para cuidar do sogro. Sem renda própria, ficou ainda mais vulnerável e dependente do agressor. Isolada, passou por um ciclo de dor física, psíquica e várias ameaças de morte.
Em uma delas, Shirlei conseguiu escapar, denunciou o homem e saiu de casa. Enxergou no empreendedorismo a força que precisava para ressignificar sua história. “Empreender com moda íntima tem um sentido especial. Sou dona de mim e no meu negócio existe espaço para a troca sobre o feminino. Compartilho o que aprendi sobre autoestima com as clientes porque no passado, tive prejuízo emocional e financeiro. Não conseguia trabalhar porque estava psicologicamente abalada, e em algumas vezes, machucada. Hoje, é justamente da profissão que tiro força me reestruturar.” celebra.

Shirlei é mais uma da chocante estatística de mulheres agredidas. De acordo com dados da pesquisa Data Senado de 2023, 30% das brasileiras já sofreram violência doméstica. Cerca de 67% dos agressores são parceiros íntimos. Além das feridas emocionais, o cenário é um problema de saúde pública com consequências sociais e econômicas gravíssimas.
Ao longo de dez anos, a violência contra a mulher produziu um impacto negativo de R$ 214,42 bilhões no Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro. Em um cenário mais extremo, esse valor poderia chegar a mais de R$ 300 bilhões e causaria a perda de 2,8 milhões de empregos.
As estimativas fazem parte de um estudo feito pela gerência de Economia e Finanças Empresariais da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais, FIEMG, feito em 2021. De acordo com o levantamento, esse tipo de abuso provoca o fechamento de 1,96 milhão de postos de trabalhos em média, no Brasil, com perda de R$ 91,44 bilhões de salários e de arrecadação de R$ 16,44 bilhões em tributos em uma década.
Gabriela Martins, economista da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de Minas Gerais (Fecomércio MG) comenta que a realidade em Minas Gerais acompanha a tendência nacional. E explica que, diretamente, a violência contra a mulher aparece na falta ao trabalho, na queda de produtividade e aténa saída do mercado. E isso impacta direto no PIB, já que força de trabalho feminina responde por 44,25% do total em Minas Gerais e 44,22 % do total no Brasil. Porém, a economista pondera que enxergar apenas perdas financeiras empobrece a análise e atrapalha possíveis soluções.

“A cultura sexista, violenta e do feminicídio tem repercussões macroeconômicas graves. No entanto, mais que prejuízo, isso é um indicador de enfermidade social. Portanto, é necessário tratar o problema com políticas públicas, gestão corporativa e educação. E com letramento social que chegaremos no entendimento que quando uma de nós é agredida ou morta, toda a sociedade perde”, acrescenta. (Élida Ramirez)
Redes em MG
Existem em Minas Gerais diversas redes de enfrentamento à violência contra mulheres para articular as diversas formas de atuação entre as instituições do poder público e da sociedade civil. Elas servem para propor e supervisionar a atuação pública, monitorar a qualidade dos serviços prestados bem como seus fluxos que garantam o empoderamento das mulheres, a prevenção às violências, a responsabilização dos agressores e a assistência qualificada às vítimas.
Alguns exemplos de redes existentes: Rede de Enfrentamento à Violência de Gênero contra Mulheres e Meninas de Minas Gerais (Rede-MG); Rede de Enfrentamento à Violência contra Mulheres da Região Metropolitana de Belo Horizonte (RRMBH); Rede de Enfrentamento à Violência contra Mulheres do Alto Jequitinhonha; Fóruns de Enfrentamento à Violência contra Mulheres do Médio e do Baixo Jequitinhonha; Rede macrorregional dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri; além de redes municipais em Belo Horizonte, Teófilo Otoni, Juiz de Fora, Lagoa Santa, etc.
A Subsecretaria de Política dos Direitos das Mulheres (SubPDM) da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social de Minas Gerais (Sedese-MG) compõe a Comissão de Articulação Política da Rede MG e fomento de redes municipais e regionais.
A Sedese articula, elabora e coordena as ações de promoção, defesa e garantia dos direitos das mulheres no estado. Elizabeth Jucá, secretária de Estado de Desenvolvimento Social de Minas Gerais, ressalta a importância a construção de políticas públicas de forma transversal e intersetorial: “Somente por meio de esforços coletivos e compromisso contínuo podemos construir uma sociedade onde todas as mulheres possam viver livres de violência e discriminação. A Sedese articula e gerencia importantes parcerias, com ações voltadas para o desenvolvimento social e autonomia econômica das mulheres mineiras, especialmente as mais vulneráveis.”
A secretária ponderou ainda que os investimentos da Sedese no combate à violência contra a mulher em 2023 foram de R$ 1.488.737,15. E que o valor para 2024 é três vezes maior, já que o orçamento previsto para este ano é de R$ 4.976.180,00. Jucá destaca ainda que a sociedade, empresários e Terceiro Setor deve colaborar que todas conheçam, acessem e aprimorem as redes de defesa das mulheres para que o cenário de agressões de gênero fique no passado.
Elizabeth Jucá comenta que, mesmo com investimentos, ainda há muitos desafios: “Um dos principais desafios é a persistência em nossa sociedade de concepções machistas. As mulheres que sofrem violência enfrentam obstáculos ao buscar ajuda, incluindo o medo do estigma social. A rede é uma estrutura colaborativa que envolve uma variedade de instituições e organizações, tanto governamentais quanto da sociedade civil.” Veja a lista de instituições que protegem as mulheres em MG.

Associação promove equidade de gênero
O Movimento Mulher 360 é uma associação independente sem fins lucrativos formada por meio da união de mais de 100 empresas associadas, comprometidas com a promoção da equidade de gênero.
O objetivo é valorizar o lugar da mulher no mercado na sociedade para reduzir violências e desigualdades dentro e fora das empresas. Para Margareth Goldenberg, gestora executiva do M360, nesses nove anos de existência, a independência financeira e ascensão social foram primordiais na luta pelos direitos da mulher.
“A violência contra a mulher precisa dar ênfase na ascensão no mercado de trabalho e no reconhecimento delas porque a questão da carreira e da renda são indispensáveis romper ciclos de agressão e para fomentar a cultura do respeito ao universo feminino”, completa. Para saber mais, acesse o site do Movimento Mulher 360. (Élida Ramirez)
PBH prepara lançamento de protocolo contra violência sexual
O Protocolo Municipal de Enfrentamento à Violência Sexual em Bares, Restaurantes, Casas Noturnas e outros Espaços de Lazer de Belo Horizonte – Quebre o Silêncio – será lançado na próxima terça-feira (14). A Prefeitura Municipal de Belo Horizonte (PBH), a Associação Comercial de Minas Gerais (ACMinas) e a Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) estarão reunidas para colocar em prática as definições legais.
O documento torna obrigatório a esses estabelecimentos implementar medidas para auxiliar mulheres que se sintam em situação de risco em suas dependências, segundo o Decreto Municipal Nº 18.269, de 8 de março de 2023.
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