Fórum propõe voluntariado transformador e sustentável
Antecipando o Dia Internacional do Voluntariado, comemorado em 5 de dezembro, o Fórum Internacional do Voluntariado Transformador aconteceu hoje, na sede da Sociedade Mineira de Engenheiros (SME), na região Centro-Sul de Belo Horizonte. O evento, que está na 9ª edição, teve como tema “2052: Voluntariado e Liderança”.
O objetivo foi conectar líderes dos três setores e comunidades para o fortalecimento do ecossistema de solidariedade, criando soluções inovadoras de voluntariado transformador para cidades que desejam se tornar de fato inteligentes e sustentáveis.
O evento propôs aos líderes um grande desafio: debater suas visões de presente e futuro para o voluntariado e a liderança, levando em conta temas contemporâneos, como os objetivos do desenvolvimento sustentável (ODS), ESG, cidades inteligentes e inteligência artificial (IA), utilizando o voluntariado transformador como tecnologia centrada na inteligência e solidariedade humanas.
Estiveram reunidos mais de 80 participantes, incluindo 10 endossos internacionais e cinco nacionais, 25 alianças estratégicas e 42 apoios institucionais.
Para a presidente e diretora editorial do Diário do Comércio, Adriana Muls, o voluntariado transformador exige dos líderes envolvimento e ação. O Diário do Comércio é o organizador de uma das chancelas nacionais, o Movimento Minas 2032 – Pela Transformação Global. A iniciativa propõe uma discussão sobre um modelo de produção duradouro e inclusivo, capaz de ser sustentável, e o estabelecimento de um padrão de consumo igualmente responsável com base nos ODS, propostos pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 2015.
“O Movimento Minas 2032 é um exemplo de voluntariado com base nos ODS. No Diário do Comércio temos como princípio oferecer um jornalismo propositivo. Se não for por uma cultura propositiva, não conseguiremos levar adiante a transformação que o mundo precisa. Precisamos ir além das manchetes e, para isso, é preciso que as lideranças expandam a sua consciência”, avalia Adriana Muls.
De acordo com a presidente da SME, Virgínia Campos, a complexidade do mundo atual exige a união entre as ciências exatas e as ciências humanas em busca de soluções capazes de promover um futuro justo para todos.
“Quando as pessoas se reúnem com um propósito comum, as coisas acontecem. Queremos fortalecer um legado vivo de uma engenharia que reconhece o seu papel social. A engenharia, especialmente a pública, é protagonista nesse processo. Precisamos aproximar as ciências exatas e sociais, porque os desafios urgentes que enfrentamos como humanidade são técnicos e humanos”, destaca Virgínia Campos.
Para o presidente da EMC2 Cidades Inteligentes, organizador do evento, Rodrigo Starling, a aceleração da Agenda 2030, com a integração dos ODS, ESG, cidades inteligentes e inteligência artificial, é fundamental para que as urgências contemporâneas, como as mudanças climáticas, a desigualdade, as crises migratórias e o acirramento de questões geopolíticas, sejam atendidas.
“O assistencialismo se esgota no tempo. 2052 é uma provocação, porque pode ser que não tenhamos mais tempo para fazer a transição necessária. Muito mais do que jogar confete nas pequenas conquistas que o voluntário vai amealhando ao longo do tempo, nós vamos forçar as portas do futuro com toda elegância possível”, explica Starling.
Cidades incentivam voluntariado transformador

A programação do Fórum Internacional do Voluntariado Transformador também abrigou a outorga do Selo Cidade Voluntária aos municípios que integrarão o núcleo fundante da Rede Mineira de Cidades Inteligentes e Voluntárias (REMCIV). Foram reconhecidas pela vontade política e compromisso com a inovação social e o desenvolvimento sustentável:
- Itabira, região Central
- Oliveira, Centro-Oeste
- Ribeirão das Neves, Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH)
- Santa Rita do Sapucaí, Sul de Minas
A primeira-dama de Itabira e embaixadora do Movimento Nacional ODS MG, Raquel Guimarães, enfatizou a necessidade de as mulheres ocuparem o seu lugar de fala, poder e decisão.
“O nosso trabalho sempre foi voluntário, a gente sempre tratou do cuidado e do servir de forma voluntária, nunca remunerada. Nas nossas casas, com toda a nossa rede de relações de cuidados, o trabalho feminino sempre foi visto como obrigação, nunca remunerado. Chegou a nossa vez de fazer essa transformação, daquilo que é assistencial para o que é transformador e profissional. Se o poder público, o terceiro setor, a sociedade civil organizada e a iniciativa privada não se unirem para a Agenda 2030, nós vamos morrer na praia”, alerta Raquel Guimarães.
Ainda no evento, foi realizada uma homenagem a cidadãos de destaque com a outorga da Comenda Voluntariado Transformador. Entre os agraciados, o escritor e ativista indígena Monsyerra Batista destaca que a resistência indígena veio por meio do terceiro setor.
“Ao sermos empurrados para as cidades devido à constante perseguição e apropriação dos nossos territórios, fomos para os aglomerados e favelas. Nessas comunidades, as ONGs nos dão as primeiras oportunidades. Não somos mais aqueles povos que viviam nus nas florestas. Somos os guardiões da natureza e queremos uma vida digna para continuar esse trabalho. Estamos ocupando os lugares e espaços de fala, não para criticar o passado, mas para desconstruir as narrativas falsas de que o Brasil foi descoberto. Já estávamos aqui e todos os brasileiros têm sangue indígena”, afirma Batista.
O Fórum Internacional do Voluntariado Transformador também promoveu o lançamento coletivo de duas exposições de organizações referência no Terceiro Setor: Projeto Fred e Dona Antônia Confecções, além dos seguintes livros:
- 2052 – Voluntariado e Liderança, de Rodrigo Starling
- A Governança, de Prince Gedeon KolloSegond
- Como Posso Fazer o Bem?, de Nathália Simões
- Entre Luzes e Sombras, de Francisco Correia Duarte
- Os 3 Cs da Regeneração, de Luana Ferreira
- Poética da Pacificação, de Eni D’Carvalho
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