Igualdade racial: esporte é visto como oportunidade para a fama

O sonho de se tornar um influenciador no futuro já ocupa as mentes de meninos negros. É o que revela o Relatório “Meninos Negros: finanças, futuro e trabalho’, realizado pelo Instituto PDH e PapodeHomem, com apoio do Pacto Global – Rede Brasil e Ceert e viabilização da Natura, lançado durante o Fórum de Direitos Humanos e Empresas, nesta semana.
A pesquisa, feita com 1.435 meninos negros, se debruça sobre os anseios profissionais desses jovens, e questionou a eles se “gostariam de ficar famosos ou virar um influenciador no futuro”, ao que 51,77% dos meninos negros afirmam que sim. Neste grupo, 59,76% possuem uma renda familiar mensal que varia de R$ 1 a R$ 3 mil, sendo ainda 25,71% das respostas concentrada na faixa de R$ 1 a R$ 1 mil e 34,05% entre R$ 1.001,00 e R$ 3 mil, e 78,20% possuem idade entre 15 e 17 anos.
O esporte segue sendo a porta de esperança para a conquista da fama e ascensão social da juventude negra brasileira. Perguntados sobre “o quanto você concorda com as frases abaixo” – “Sonho ser um atleta profissional no meu esporte favorito”, 51,63% dos meninos afirmam que sim, 32,26% discordam em alguma proporção e 16,10% não concordam nem discordam. Ainda sobre esses meninos, 45,61% moram em “quebrada”, favela, comunidade ou em uma periferia urbana e 78,20% têm entre 15 e 17 anos.
“Olhar de forma interseccional para a juventude negra, especificamente sobre os sonhos e percepções desses meninos, é fundamental para o desenvolvimento de iniciativas, ações e até mesmo políticas públicas pautadas nas necessidades e urgências que esse grupo nos traz. A rede brasileira do Pacto Global se orgulha dessa parceria com o Instituto PDH e PapodeHomem, para dar visibilidade ao retrato daqueles que são os meninos de hoje e serão também futuras lideranças nas empresas e que precisarão trabalhar por um ambiente de equidade entre homens e mulheres nesses espaço”, aponta a gerente executiva de Direitos Humanos do Pacto Global – Rede Brasil, Gabriela Almeida.
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Segundo o relatório, oito em cada dez (81,32%) meninos negros querem aprender a lidar melhor com dinheiro e sua vida financeira no futuro e relataram que gostariam de receber aulas práticas ou orientação sobre o assunto. E oito em cada dez (83,48%) meninos negros responderam acreditar que irão ter sucesso financeiro na vida. Importante observar que, desse grupo de entrevistados, 78,46% afirmam (em alguma proporção) que possuem uma rede de apoio de pessoas em sua vida.
Ainda se perguntados se concordam com a frase “sinto que não tenho futuro”, sete em cada dez (73,37%) dos meninos negros terem respondido (em alguma proporção) que acreditam que terão futuro, 26,62% dos meninos não sabem ou não acreditam (em alguma medida) nessa possibilidade de transformação social. E ainda, do grupo de meninos negros que não sabem ou não acreditam que terão futuro, 83,25% entrevistados possuem entre 15 e 17 anos; 82,20% apenas estudam; 15,71% estudam e trabalham e 87,70% desses meninos estudam em escola pública. Sobre a faixa de renda deles: 9,95% de R$ 1 a R$ 500; 15,45% de R$ 501 a R$ 1 mil e 21,20%, de R$ 1.001,00 a R$ 2 mil.
Debates transformadores
O Instituto PDH e PapodeHomem, é uma organização independente dedicada a promover debates transformadores e a construir soluções em torno de temas como masculinidades, diversidade, equidade interseccional e saúde mental. Atuando em múltiplas frentes — como pesquisas, documentários, workshops e eventos —, o instituto busca criar pontes para diálogos desafiadores e parceiros como o Pacto Global – Rede Brasil. Além da pesquisa, o instituto também é parceiro estratégico do Movimento Elas Lideram 2030, diretamente relacionado com ODS 5, da Organização das Nações Unidas (ONU), que visa alcançar a igualdade de gênero e empoderar as mulheres e meninas. Uma das iniciativas de destaque do PDH e PapodeHomem é o treinamento de lideranças masculinas em empresas que impulsionam projetos de equidade de gênero.
Um dos seus projetos mais significativos é o “Meninos: Sonhando os Homens do Futuro”, que se baseia em três pilares principais: uma pesquisa qualitativa e quantitativa que envolveu 11.000 pessoas, um documentário voltado para diferentes públicos e o programa educativo Meninos do Futuro. Esse projeto foca na criação de meninos, considerando suas vivências e os desafios de construir masculinidades saudáveis.
“Esse relatório é uma ferramenta fundamental para que sejam criadas políticas e ações eficazes para o desenvolvimento profissional de meninos negros e que os ajude a acreditar e construir um futuro com perspectivas mais amplas. Esses meninos precisam ser vistos e precisam saber que pessoas e instituições estão dispostas a cuidar deles. Nós, do Instituto PDH e PapodeHomem, enxergamos que essa parceria com o Pacto Global – Rede Brasil e com o CEERT é também uma maneira de fazer com que esses dados (e tantos outros ainda inéditos) cheguem a todos os cantos do Brasil e do mundo e influenciem ações em prol de meninos negros e que favoreçam a toda a sociedade”, explica Marina Moreira, gerente de operações, treinamento e pesquisa do Instituto PDH e PapodeHomem.
Assim, a organização independente está alinhada com o Movimento Minas 2032 (MM 2032) – pela transformação global. Liderada pelo Diário do Comércio, a iniciativa propõe uma discussão sobre um modelo de produção duradouro e inclusivo, capaz de ser sustentável, e o estabelecimento de um padrão de consumo igualmente responsável, com base nos ODS.
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