Negócios sociais atendem ODS para melhorar vida da população

Negócios sociais são empresas que buscam resolver problemas sociais e/ou ambientais de forma sustentável e lucrativa, combinando a busca por lucro com a missão de gerar impacto positivo na sociedade.
Diferentes das organizações não governamentais (ONGs), que dependem de doações, os negócios sociais geram receita com a venda de produtos ou prestação de serviços, reinvestindo os lucros no seu propósito social. Muitos desses negócios sociais buscam nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), estabelecidos pela Organização das Nações Unidas (ONU), em 2015, inspiração e método para alcançar os resultados desejados.
Compre de Uma Mãe prioriza igualdade de gênero, trabalho e redução das desigualdades
Criada em 2020, a plataforma Compre de Uma Mãe oferece um ambiente para que mães empreendedoras tenham um catálogo virtual próprio e divulguem seus produtos e serviços, alcançando mais clientes. Dessa forma, o empreendimento incentiva o comércio local, permitindo ao consumidor encontrar a mãe empreendedora mais próxima dele. Além disso, promove conexões e fortalece o networking das empreendedoras participantes da rede, oferecendo cursos e workshops para capacitação, realizando feiras e também participando de eventos com parceiros, potencializando os negócios maternos, aumentando a geração de renda.

De acordo com a cofundadora do Compre de Uma Mãe, Karen Louise, a plataforma também conta com uma loja colaborativa para divulgação e aumento das vendas das empreendedoras, em Nova Lima, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH).
“Em um programa de aceleração, aprendemos sobre os ODS e percebemos que era com eles que tínhamos que conduzir o nosso negócio social. Focamos em três objetivos, sendo o principal a Igualdade de gênero (ODS 5). Escolhemos esse ODS porque muitas mães começam a empreender por necessidade. Tratamos também do ODS 8 – Trabalho decente e crescimento econômico, mostrando as possibilidades para as mães escoarem suas mercadorias, gerando receita. E com o Redução das desigualdades (ODS 10), conversamos com os outros dois, gerando oportunidades para as mães entenderem sobre seus negócios. Começamos com um site, fizemos muitas feiras e agora o foco maior é na loja. Queremos ver cada integrante da nossa rede alcançando o seu pleno potencial como mulher, mãe e empreendedora, se fortalecendo em todos os sentidos”, explica Karen Louise.

Ajudaí leva ferramentas de gestão a projetos em andamento
Já a plataforma Ajudaí surgiu da inquietação de empresários mineiros que queriam devolver para a sociedade parte do que ganharam com suas empresas. O projeto nasceu com a expectativa de atuar em três grandes eixos:
- Emergência social
- Educação e emprego
- Empreendedorismo social
Segundo o diretor, Rodrigo Araújo, o grupo é, hoje, um ecossistema, que visa aplicar práticas do setor privado no terceiro setor para maximizar o impacto social. Encabeçado pelos grupos TCS, Carbel e Primaz Corporate, o Ajudaí se caracteriza como um negócio social ao levar ferramentas de gestão, como planejamento estratégico e capacitação, para formação de equipes para projetos já em andamento, atendendo, assim, ao ODS 9 – Indústria, inovação e infraestrutura.
“Havia uma inquietação dos nossos fundadores de como eles poderiam contribuir para diminuir as desigualdades da nossa sociedade, indo além do altruísmo ou da filantropia. Eles perceberam que, no lugar de escolher uma causa e começar um projeto do zero, seria mais útil ajudar projetos que já existem a ganhar escala com o uso de uma expertise que eles já tinham desenvolvido: a gestão”, descreve Araújo.
Vinte projetos já foram apoiados até agora, impactando diretamente a vida de 5 mil pessoas. Três milhões de refeições já foram complementadas, em sete cidades da RMBH. E, assim, o negócio social atende também aos ODS 1- Erradicação da pobreza, 3 – Saúde e bem estar, e 17 – Parcerias e meios de implementação.
“Começamos pelo emergencial, com o programa Ponte do Bem, que busca alimento onde sobra e leva para onde falta. A essência é fazer o bem. Ouvimos muitas críticas, com apontamentos de que tínhamos que dar a vara, mas quem está com fome não consegue pescar. Hoje, a gente tem um ecossistema, um grupo de pessoas que atuam como conselheiros, mantenedores, estrategistas, conectores para que o fazer o bem possa ter o seu impacto maximizado. Começamos com a logística para segurança alimentar just-in-time e, depois, levando esse ferramental do segundo setor para o terceiro, que é muito carente de boas práticas de gestão”, explica.
VemVemShop promove moda com fornecedores certificados
É no ODS 12 – Consumo e produção responsáveis – que o negócio social VemVemShop busca inspiração e metas para cumprir seu destino como negócio social: levar a cultura brasileira pelo mundo através de produtos socioambientais responsáveis e, ainda, valorizar a mão de obra feminina. Para a sócia da VemVemShop, Suellen Alice, mudar hábitos não é fácil, mas vale a pena o esforço para ter um produção mais limpa e responsável também do ponto de vista social.

“A grife nasceu do Forró Vem Vem, movimento que levou o forró para o continente europeu em 2012. Temos parceiros dando aulas de forró – esse patrimônio brasileiro – em todo o mundo. Entendemos que a moda é uma forma de expressão e buscamos o menor impacto, com fornecedores certificados e marcas com propósito. Os custos para trabalhar assim são maiores”, pondera Suellen Alice, ressaltando que, desde a pandemia, tem sido desafiador vender o que não é básico.
Apesar das dificuldades, ela diz que encontrou caminhos para superação: “uma das coisas que tem dado resultado é a parceria, a humanização das relações. Os sapatos, principalmente, são feitos em colabs“, exemplifica.
A VemVemShop se enquadra nos ODS com a valorização do empreendedorismo feminino. A equipe e trabalha na escala 4X3 ou 5X2, com carga reduzida.
Movimento Minas 2032: uma agenda comum para o desenvolvimento sustentável em Minas Gerais
Criado em 2017, o Movimento Minas 2032 – Pela transformação global (MM 2032), sob a liderança do Diário do Comércio, em parceria com o Instituto Orior, propõe uma discussão sobre um modelo de produção duradouro e inclusivo, capaz de ser sustentável, e o estabelecimento de um padrão de consumo igualmente responsável, com base nos ODS. A iniciativa, embora não se enquadre como um negócio social, é regida pelo ODS 17 – Parceria e meios de implementação
O Movimento se inspira em outras iniciativas transformadoras que conseguiram alinhar sociedade civil, setor produtivo e governo em torno de uma visão de longo prazo, como, por exemplo, o Todos pela Educação e o movimento Agenda 2032 da ONU. Para a idealizadora do MM 2032 e presidente do Diário do Comércio, Adriana Muls, entre as principais dificuldades para a operacionalização da articulação dos setores está a visão de curto prazo.
“Nossa sociedade, nossas empresas e até mesmo as políticas públicas são muito reativas, respondendo a crises, eleições e pressões imediatas. Isso dificulta a construção de agendas de médio e longo prazo. Outro desafio importante é a fragmentação. Existem muitas iniciativas interessantes acontecendo em paralelo, sem se comunicarem. Nosso trabalho é criar pontes e isso exige uma escuta ativa, confiança e uma capacidade grande de ceder em nome do bem coletivo. E fazer tudo isso em um território do tamanho e diverso como Minas demanda estrutura, governança e um esforço contínuo de engajamento”, avalia Adriana Muls.
Dividido em Grupos de Trabalho (GTs) as prioridades do MM 2032 para 2025 são:
- GT 1, Articulação: voltado para o fomento das redes de colaboração entre os setores, tem como principal meta até 2025 a criação da Frente Parlamentar ODS e ESG.
- GT 2, Educação, Renda e Saúde: trabalha para implementar a biblioteca de conteúdos da Agenda 2030, além de promover a formação profissional, a geração de renda e iniciativas voltadas ao bem-estar e à saúde mental nas organizações.
- GT3, Dedicado à Inovação e ao Desenvolvimento Sustentável: busca fomentar o Programa Minas Inteligente nos municípios, incentivar a adoção dos ODS nos setores produtivos e implementar o projeto “Meu Município pelos ODS”.
- GT 4, Com o foco no Meio Ambiente: concentra esforços na articulação e participação coordenada na COP 30.
- GT 5, Voluntariado e Inclusão: tem como objetivo fortalecer o Terceiro Setor como parceiro estratégico na transformação social e na promoção da cultura da doação e priorizará as principais pautas desse segmento, atuando também de forma intersetorial.
Adriana Muls explica que o principal objetivo do Movimento é “consolidar uma agenda comum para o desenvolvimento sustentável de Minas Gerais”, com a colaboração e o trabalho em rede otimizados. “Transformamos os oito grupos de trabalho existentes em cinco pilares estruturantes e urgentes para Minas Gerais e pretendemos atuar direcionados aos indicadores e metas pactuadas entre os diferentes setores da sociedade, comprometidos com a Agenda 2030. Além disso, queremos ampliar a capilaridade do movimento, chegando a mais regiões do Estado, incorporando novos atores e fortalecendo os territórios”.
Segundo ela, também é objetivo consolidar o observatório de dados do MM 2032, uma ferramenta que permite monitorar, avaliar e ajustar as ações com base em evidências. “Em 2025 comemoramos os 10 anos dos ODS e teremos a COP 30 no Brasil. Então é o momento ideal para inserir essa visão de futuro nos planos de governo e na sociedade em geral. O futuro de Minas começa agora e o MM 2032 está aqui para garantir que ele seja construído de forma coletiva e estratégica”, convida a idealizadora do MM 2032.
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