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Economia dita 39% da prosperidade, mas conceito vai além do dinheiro

Brasileiros associam conceito à dignidade e acesso a direitos básicos, como saúde, moradia e educação; atributos mais valorizados são a qualificação profissional e a estabilidade no emprego
Economia dita 39% da prosperidade, mas conceito vai além do dinheiro
Foto: Reprodução Adobe Stock

O conceito de prosperidade, embora pareça subjetivo, está diretamente ancorado na estabilidade financeira para 39% dos brasileiros. A vertente econômica superou campos como o bem-estar emocional e a espiritualidade, prioridade para 26 e 21% dos brasileiros, respectivamente.

A análise faz parte de um estudo inédito realizado pelo Datafolha a pedido do Sicredi. Embora ainda predominante, os outros campos seguem ganhando espaço e preenchendo lacunas, especialmente de uma parcela que prioriza cada vez mais o bem-estar e a qualidade de vida.

Segundo a pesquisa, o dinheiro é encarado majoritariamente como uma ferramenta de liberdade que garante o acesso a direitos básicos como saúde, moradia e educação. Dentro dessa ótica, a prosperidade financeira estaria mais atrelada à dignidade do que ao luxo, já que os atributos mais valorizados pelos entrevistados foram a qualificação profissional e a estabilidade no emprego.

A partir dos dados coletados, o gerente de pesquisa de mercado do Datafolha, Paulo Alves, explica que, embora a prosperidade seja um conceito amplo, ainda está fortemente associada a questões econômicas. Entretanto, aspectos emocionais, espirituais e sociais também entram na equação, com uma relevância significativa.

“A ideia de prosperidade é subjetiva. Existem dezenas de aspectos que podem compô-la e a renda é um fator importante. Mesmo assim, notamos que não é o elemento central, é apenas um dos caminhos possíveis”, destaca Alves.

Imagem gerada por Inteligência Artificial (IA)

A pesquisa também revela que a percepção de prosperidade entre os brasileiros é marcada por movimento e esforço. Seis em cada 10 pessoas (61%) entrevistadas consideram que a iniciativa da própria pessoa tem alto impacto na busca pelo objetivo.

Em seguida aparecem ONGs, com 34% e governos e instituições públicas, com 32%. Já nas últimas posições foram mencionadas empresas privadas (30%) e bancos, e instituições financeiras (27%), configurando-se como os agentes de menor impacto na busca pela prosperidade.

Pesquisa foi apresentada e debatida com profissionais e educador financeiro no Espaço Sicredi, em São Paulo | Foto: Diário do Comércio/Leonardo Morais

Para o diretor-executivo de Estratégia, Sustentabilidade, Administração e Finanças do Sicredi, Alexandre Barbosa, a partir dos resultados, a instituição buscará elaborar iniciativas como foco em direcionar estratégias voltadas a soluções financeiras para o público. Dentre as ideias, estão programas de educação financeira e projetos sociais que fortaleçam as comunidades onde estão presentes.

“Esse estudo é fundamental para aprimorarmos nossa comunicação com a sociedade e com os associados. Ao entender o que as pessoas consideram realmente relevante, conseguimos ajustar nossa atuação e fortalecer a forma como nos relacionamos com elas”, salienta.

Agora, o Sicredi compartilhará os resultados da pesquisa com as cooperativas. “As cooperativas desenvolvem inúmeras ações e colocam muita coisa em prática. Com acesso a informações qualificadas, elas conseguem avaliar melhor seus programas e direcionar seus esforços para as necessidades reais de cada região”, finaliza o executivo.

Desenvolvimento econômico é a chave para a ampliar a sensação de prosperidade

O economista e educador financeiro Edval Landulfo, comenta que os resultados da pesquisa trazem uma série de provocações que possibilitam inúmeras reflexões sobre o comportamento brasileiro. A prosperidade pessoal, apontada como prioridade para seis em cada 10 pessoas, exige investimentos em educação contínua, autoconhecimento e resiliência.

Para Landulfo, a educação financeira deve ser intensificada no Brasil, visando não apenas uma mudança comportamental na relação com o dinheiro, mas também a construção de um planejamento sólido de longo prazo.

O educador também alerta para a estagnação da renda no País, mesmo em um cenário de elevada empregabilidade. Além do reforço a políticas de estímulo econômico, o caminho passaria também por novos processos de industrialização. “Enquanto o Brasil tiver crescimento econômico e não desenvolvimento econômico, não teremos ampla sensação de bem-estar e prosperidade”, conclui.

*O repórter viajou a São Paulo a convite do Sicredi

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