Política isolacionista de Trump trava desenvolvimento econômico e sustentável

No início de seu segundo mandato, o presidente Donald Trump implementou uma série de ações que impactam diretamente os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Agenda 2030 da ONU. Essas medidas abrangem áreas como meio ambiente, saúde global e políticas sociais e ambientais, gerando preocupações sobre o impacto da nova posição dos Estados Unidos nas metas globais de sustentabilidade.
Para Alessandra Nilo, coordenadora do Grupo de Trabalho da Sociedade Civil para a Agenda 2030 e editora, desde 2017, do Relatório Luz da Sociedade Civil – documento que avalia os ODS no Brasil -, especialistas e líderes das principais nações receberam sem surpresas, mas com preocupação, as primeiras ações de Trump.

Uma delas foi a retirada, pela segunda vez, dos Estados Unidos do Acordo de Paris, tratado internacional que visa limitar o aquecimento global a menos de 2°C em relação aos níveis pré-industriais. A coordenadora comenta que a decisão, aliada à promoção de combustíveis fósseis e à revogação de regulamentações ambientais, de políticas afirmativas de raça e igualdade de gênero, vai dificultar o cumprimento dos ODS relacionados ao combate às mudanças climáticas e à preservação ambiental.
Outra medida grave, a paralisação da doação dos EUA à Organização Mundial da Saúde (OMS), preocupa a especialista, pois impacta, de fato, a saúde global, já que o país é o maior doador individual da OMS. Alessandra Nilo pontua que Trump já anunciou a suspensão de financiamentos para programas de saúde global, como o PEPFAR, responsável por garantir respostas ao HIV e Aids em muitos países. Em seu entendimento, as ações de Trump, sem dúvida, visam desacreditar a ciência.
“O coronavírus vitimou milhões de pessoas e parece que muitos não aprenderam nada. Sair da OMS compromete os esforços internacionais para alcançar o ODS 3, que visa assegurar uma vida saudável e promover o bem-estar para todos”, analisa a coordenadora do GT Agenda 2030.

No que se refere às políticas migratórias e direitos humanos, incluindo deportações em massa e restrições ao asilo, que afeta mais de 190 mil brasileiros ilegais no país e milhões de passos de nacionalidades diversas, ela chama atenção à forma com a medida será conduzida, como o uso de algemas e outras abordagens. Para ela, tal conduta reforça a imagem do imigrante ilegal criminoso, que não é realidade, em sua maioria. Ela enfatiza que isso impactada diretamente o ODS 10, que busca reduzir as desigualdades dentro e entre os países.
Por fim, a coordenadora do GT Agenda 2030 avalia a política de Trump como “postura de retrocesso e isolacionista que pode enfraquecer a cooperação global necessária para alcançar os ODS, especialmente aqueles que dependem de parcerias internacionais, como o ODS 17”. E reforça o papel do governo brasileiro para reduzir os danos da política de Trump. “Defendo que o governo do Brasil enfrente agora o desafio de mitigar esses impactos e buscar alternativas para manter o progresso rumo aos ODS, protegendo seu povo e sua economia dos retrocessos. Conclamo que toda a sociedade, empresários e Terceiro Setor estejam unidos para não permitir que os direitos sejam perdidos, outra vez”, convoca Alessandra Nilo.
Ouça a rádio de Minas