Último programa ‘Opinião Minas – Diálogos DC’ aborda desigualdade na distribuição de renda

O último episódio do programa ‘Opinião Minas – Diálogos DC’, realizado pela Rede Minas em parceria com o Diário do Comércio, teve como tema principal a desigualdade na distribuição de renda no Brasil. A conversa foi ao ar na última sexta-feira (8) e os convidados debateram a respeito de como a distribuição da riqueza tem acentuado as desigualdades no País e como redistribuir essa riqueza de forma mais efetiva.
O programa, comandado pela apresentadora Érica Vieira, contou com a participação da socióloga e professora do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Minas Gerais (IFMG), Mônica Barros, e do economista e professor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Mário Rodarte. Além da presidente da Central Única das Favelas de Minas Gerais (Cufa/MG), Marciele Delduque, e do diretor executivo da Rede Cidadã, Fernando Alves.
Mônica Barros destaca que uma parcela significativa da população brasileira ainda está em situação de insegurança alimentar. Para ela, grande parte desse problema está relacionado à questão da concentração de riqueza e da falta de acesso a direitos básicos como o trabalho, moradia e educação.
“Quando nós falamos de fome, nós estamos falando de um sinal de uma situação crônica e intensa de desigualdade social. A fome é aquele expoente mais visível e mais dramático, mas nós devemos lembrar que isto está sendo causado por outros níveis e tipos de desigualdade”, avalia.
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Já Rodarte aponta que a questão envolvendo a distribuição de renda e taxação sobre os mais ricos é muito complexa e, por isso, demanda muita atenção. Ele destaca que quando a economia funciona sem muita intervenção, ela tende a gerar muita riqueza e má distribuição de renda e exclusão.
“São dois lados de uma mesma moeda, há uma estreita ligação entre geração de riqueza e geração de concentração de renda e exclusão”, completa.
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O economista pontua que alguns teóricos apontam para a necessidade de um sistema que possa reverter essa situação. Em muitos casos, segundo o especialista, essa solução acaba sendo a intervenção do estado, por meio de tributações maiores sobre aqueles com rendas mais elevadas e gastos voltados para a população mais carentes.
“Um sistema econômico com um estado capaz de reverter a desigualdade faz com que as pessoas dos estratos mais baixos da pirâmide social possam voltar a consumir e ter condições de contribuir para esse setor produtivo, estando bem educadas, nutridas e com bom atendimento de saúde”, avalia.
Para Mônica Barros o investimento do estado voltado para o fornecimento de serviços básicos para a população de forma mais ampla é algo necessário para toda sociedade.
“Isso é fundamental, isso é investimento e isso contribui para a redistribuição de renda, geração de renda e para a autonomia econômica da população”, afirma.
Confira a última edição do programa ‘Opinião Minas – Diálogo DC’ na integra
Combate à fome foi destaque durante a última edição do ‘Opinião Minas – Diálogos DC’
Rodarte destaca alguns avanços quanto ao combate à fome no País, mas ressalta que ainda temos muito o que fazer para resolver, de forma mais efetiva, esse problema. Para ele, um dos fatores que pode contribuir para essa meta é a questão da reforma agrária e do investimento na agricultura familiar, que segundo o economista, gera muito mais alimentos para a população.
Tanto ele quanto Mônica Barros ressaltam a necessidade da atuação conjunta de entidades de diferentes setores nesta causa. Para a socióloga, esse tipo de ação, em parceria com produtores familiares locais, pode proporcionar maior geração de renda e redução do custo da alimentação.
“Nós só vamos atingir esse objetivo de erradicação da fome com ações integradas em diversos setores e em diversas camadas e a população, de maneira geral, precisa se comprometer”, afirma a especialista.
A importância do trabalho e das favelas na sociedade
Na avaliação de Fernando Alves, é preciso que os mais jovens encontrem um ambiente de trabalho que lhes apresentem respostas para a vida e não apenas econômicas. Para ele é importante que essa parcela dos trabalhadores possam aprender mais sobre a cultura da sociedade, tecnologia e ferramentas para desenvolver a autonomia necessária que constitui a cidadania.
“É muito difícil pensar em cidadãos maduros e que cuidam da sua autonomia sem a fonte que o trabalho gera, não só a fonte econômica, mas também a fonte de conhecimento e uma série de domínios para a vida”, disse.
O diretor executivo da Rede Cidadã ainda alerta que as metas traçadas pelos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), definidos pela Organização das Nações Unidas (ONU), não serão atingidas até 2030. Isso porque, segundo ele, os líderes e toda sociedade não estão efetivamente envolvidos nesse projeto.
Já Marciele Delduque ressalta a importância das favelas para a economia do Brasil, gerando impacto superior a R$ 202 bilhões por ano. Ela ainda destaca alguns exemplos de ações voltadas para o desenvolvimento de diferentes negócios nas comunidades, como é o caso da Expo Favela, que, neste ano, chegou à segunda edição em Minas.
“Isso só fortalece, não só o nosso discurso, mas, na prática, a vida desses empreendedores, que nós entendemos que são essa grande válvula de ascensão econômica, não só em nosso território mineiro, mas também em âmbito nacional”, declara.
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