Relatório Luz ainda traz resultados pouco expressivos para atender metas da ONU

“A oitava edição do Relatório Luz de 2024 aponta resultados ainda pouco expressivos para a complexidade dos problemas que as metas da ONU propõem resolver e a urgência que temos para colocar as soluções em prática”. Essa é a análise geral da integrante do GT Agenda 2030 e uma das responsáveis pela elaboração do documento, Alessandra Nilo.
De acordo com os dados, em relação a 2023, a quantidade das metas classificadas como insuficientes dobrou. As estagnadas aumentaram 2,4 vezes e, pelo menos 10 metas sobre condições básicas como saúde, educação e emprego, estão ameaçadas.
Um exemplo é a 3.5, do ODS 3 (Saúde e bem-estar), que prevê prevenção e o tratamento do abuso de substâncias, incluindo uso nocivo do álcool. Na mesma situação, foi classificada a 4.c, do ODS 4 (educação de qualidade) que visa qualificar os educadores, assegurando aos professores da educação básica.
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O item 8.8, do ODS 8 (Trabalho Decente e Crescimento Econômico) rege o cumprimento da lei trabalhista e melhoria das condições de saúde e segurança e é também uma meta que corre risco.
Por outro lado, as metas em retrocesso reduziram 2,5 vezes. Houve um aumento de quatro vezes na quantidade daquelas com resultado satisfatório, mas essas não somam 8% do total. “Apesar de 58 das 168 metas avaliadas terem avançado de alguma forma, o que reflete um esforço para a reconstrução e retomada de políticas públicas, hoje deveríamos ter resultados muito melhores. Esse avanço é insuficiente para alcançarmos o pretendido em 2030”, afirma Alessandra Nilo.
Ela destaca que a falta de dados é outro problema. Pelo menos quatro metas têm informações insuficientes. É o exemplo da 17.15, do ODS 17 (Parcerias e meios de implantação), que trata sobre processo democrático e espaço político para estabelecer e implementar políticas para a erradicação da pobreza e viabilizar o desenvolvimento sustentável.

Para a especialista, o retrocesso, a estagnação e a ameaça são maiores que os avanços porque o passivo social é enorme, tem raízes na má gestão da pandemia e na falta de priorização das políticas sociais e climáticas.
Em sua análise, Alessandra Nilo entende que o Relatório Luz deste ano mostra que o setor privado tem impactado negativamente a economia e a política. E muitos setores têm causado danos ao meio ambiente, aos direitos humanos e à saúde mundial. “As megacorporações não estão aliadas ao desenvolvimento sustentável ou têm usado a ideia de ESG como moda. Precisamos é que toda a sociedade esteja realmente articulada e comprometida. Urgentemente”, convoca a especialista, apontando para a desproporção entre ações danosas provocadas por certas corporações frente as suas alegadas práticas sustentáveis e inércia política e de parte da sociedade.
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