Franquia é opção de expansão aos pequenos negócios

Não é necessário ser grande para expandir o negócio no modelo de franquia. Praticamente toda grande rede foi um dia pequena, tendo começado com apenas uma unidade.
O importante não é o tamanho e, sim, a rentabilidade do empreendimento, além da expertise e capacidade de planejamento do empreendedor, para que determinado modelo de negócio possa ser replicado por outra pessoa e em outra localidade.
Esses são alguns dos fatores que definem se uma marca é franqueável ou não, segundo a analista de Inovação do Sebrae Minas, Alessandra Simões.
“Via de regra, negócios que tenham um diferencial, tenham sido testados e tenham uma boa rentabilidade podem ser replicados como franquia. Então, a gente acredita fortemente que pequenos negócios tenham sim possibilidade de se tornarem franquias e de se expandirem em Minas, no Brasil ou exterior”, avaliou.
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Como vantagem para quem se torna franqueador, a analista destaca a possibilidade de expansão da marca por meio do investimento de terceiros, além de ter a garra e boa vontade do franqueado em buscar fazer aquele investimento dar certo.
“Você junta forças para fortalecer a sua marca, para crescer localmente, regionalmente ou até nacionalmente. Quanto mais você vê a marca exposta, tendo mais opções de compra e em mais locais, você está fortalecendo a visão do consumidor de que aquela marca é grande, de que ela está em vários lugares, de que ela tem padrão, que tem uma mesma identidade em vários lugares”, observou.
Em Minas Gerais, assim como no Brasil, o franchising está em expansão. Considerando dados do primeiro semestre deste ano, o faturamento do setor no Estado foi de R$ 9,1 bilhões, crescimento de 28% ante mesmo período do ano passado. No País, a alta foi de 15% no período, com o faturamento chegando a R$ 105,1 bilhões nos seis primeiros meses de 2023, segundo dados da Associação Brasileira de Franchising (ABF). A projeção da entidade para 2023 é de um avanço entre 9,5% e 12% em nível nacional.
Alessandra Simões explicou que, embora muitas sejam as possibilidades para os pequenos negócios, é imprescindível que o franqueador se prepare bem para o processo de expansão via franquias. O primeiro passo é saber se é realmente franqueável e, se a resposta for sim, ter a estratégia bem definida.
“Ele deve responder algumas perguntas. Quais cidades vai priorizar? Que tipo de franqueado quer na rede? Quais habilidades esse franqueado precisa ter? Quais treinamentos consegue dar? Em que ponto é forte e consegue replicar para o franqueado para que ele fique bom também?”
Definida a estratégia, o próximo passo é a documentação. “Os documentos são a circular de oferta de franquia, um contrato e um manual. A gente costuma falar que quem sabe do negócio é o próprio empresário. Então é ele quem vai descrever esses procedimentos, orientar e prestar assistência ao franqueado nesse sentido”.
Minas Franquia
O Sebrae Minas tem um programa para ajudar empresários que pretendem expandir o negócio via franquias. É o Minas Franquia (veja quadro). A orientação vai desde a constatação se o empreendimento atende a todos os requisitos para ser franqueável até o processo de organização da documentação.
“Estamos com turmas abertas em BH para atendimento on-line também para as várias regiões do Estado. Essa é uma oportunidade para quem quer franquear. Inclusive, nesta sexta (29), de 9h às 13h, teremos um evento que reunirá empresas que participam do programa e estão saindo e aquelas que já participaram para troca de conhecimentos”, informou Alessandra Simões.
Ainda conforme a analista, há diversos conteúdos disponibilizados nas páginas do Sebrae. “Teremos em breve duas séries de conhecimento do Sebrae Play para esse público e vamos fazer um curso até o final do ano para atender esse público de forma digital e on-line.”
De Ilicínea para o Brasil
Foi com a orientação do programa Minas Franquia, do Sebrae Minas, que nasceu em 2017, na cidade de Ilicínea, Sul de Minas, a rede ORTHOClínicas, franquia odontológica, hoje com 15 unidades (13 em operação e duas em processo de montagem) em cidades de Minas, São Paulo e Goiás. A ideia surgiu quando o cirurgião-dentista Fabrício Figueiredo Mendes e a esposa Sheila, sócia dele no projeto, perceberam que o modelo de negócio que tinham não permitia crescimento.
“Era um modelo frágil, altamente dependente da nossa presença. Se ficássemos doentes ou tirássemos férias, não tínhamos faturamento. Foi fazendo um curso no Sebrae que percebi que precisava criar uma marca que conferisse a nossa confiabilidade e credibilidade ao cliente, independente de quem estivesse atendendo”, informou Mendes.
Sob a orientação do Minas Franquia, foi formatada toda a estratégia e documentação. “Isso permitiu expandir e começar a expansão de forma mais profissional. Começamos a crescer em número de unidades até que veio a pandemia e deu uma freada brusca no ritmo de expansão. Mas, enquanto as coisas foram melhorando, os projetos foram retomando. Hoje, temos 15 unidades e estamos acelerando um projeto nacional para a ORTHOClínicas e com muita seriedade, pois queremos o cliente para a vida toda”.
De franqueado a franqueador
Quando o empreendedor teve uma vasta experiência como franqueado, fica mais fácil saber quais os pontos essenciais a serem trabalhados quando pretende se tornar um franqueador. Esse é o caso de Frederico Borges Pereira, conhecido como Fred, e um dos criadores da rede de Tribbu Açaí.
Ele e o sócio começaram uma unidade em Ipatinga, no Vale do Aço, em 2016, e em 2019 tomaram a decisão de tornar o negócio uma franquia. Hoje já são mais de 50 unidades espalhadas por quatro estados. A experiência que teve com várias marcas, como franqueado, foi o diferencial do processo.

Empreendedor nato, Frederico Pereira foi criado na rede de padarias da mãe, em Belo Horizonte. Chegou a trabalhar no escritório de contabilidade com o pai e foi sócio da mãe e do irmão em uma padaria.
Depois, decidiu vender os empreendimentos e apostar em uma franquia de uma famosa rede de sanduíches, negócio que continua em operação até hoje. Também foi franqueado de marcas de roupas esportivas e acessórios e de uma rede de açaí.
“Na época, eu era franqueado da Subway e de uma franquia de açaí. Eu tinha uma ótima experiência com a Subway e tenho até hoje, mas essa franquia de açaí não estava dando conta de me atender. Faltava mercadoria e eu não tinha nenhum tipo de suporte. Simplesmente, era uma marca que me entregava o produto. E quando começou a faltar o produto, percebi que não estava dando certo. Eu e meu sócio saímos dessa franquia de açaí, fizemos um acordo judicial, pois há cláusula de barreira. Pagamos indenização para o franqueador e depois criamos nossa marca própria. A Tribbu surgiu como um instinto de sobrevivência, mas já pensando em inovação e expansão”, contou.
A primeira loja da Tribbu Açaí foi aberta em Ipatinga em 2016. Três anos depois, com o negócio dando certo, veio a decisão de expandir via modelo de franquia.
“Eu tinha noção sobre o tipo de suporte que precisava dar para o meu franqueado. Já havia tido experiências boas e ruins. Só que eu não tinha a expertise e o conhecimento do lado do franqueador. Foi então que tive acesso ao Minas Franquia, do Sebrae. Tive suporte do Sebrae com a documentação. Em 2019, começamos a franquear, vendemos 50 franquias já no primeiro ano. Depois veio a pandemia e os desafios. Algumas lojas fecharam. E agora estamos retomando o crescimento”. Segundo Fred, ser filiado à Associação Brasileira de Franchising (ABF) também deu suporte ao negócio.
“É preciso entender o modelo de negócio, e fundamental testar e levar ao mercado algo que funcione. Um conselho que dou é buscar instituições e pessoas que vão te orientar (…) E, por fim, não venda algo que você não possa entregar”, aconselhou.
*Especial para o Diário do Comércio
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