Micro e Pequenas Empresas

Gestão eficiente impulsiona os negócios

Especialista do Sebrae Minas destaca a importância de estar atento a fatores que fazem a empresa se desenvolver
Gestão eficiente impulsiona os negócios
MPEs não podem se dar ao luxo de errar, diz Mota | Crédito: Glaucia Rodrigues

A gestão é fundamental para os negócios, segundo o especialista em varejo e mercado de consumo do Sebrae Minas, Victor Mota. “O empreendedor precisa ter controle do que está acontecendo na empresa para poder tomar as melhores decisões”, destaca.

Ele explica que a análise dos dados operacionais da empresa vai mostrar onde estão as oportunidades de melhoria, em que é necessário investir e qual deve ser o retorno esperado para o investimento que deverá ser feito.

Mota observa que diferente de uma grande empresa, que possui departamentos com pessoas dedicadas a trabalhar processos específicos, em um pequeno negócio, o gestor precisa cuidar de todas as áreas da empresa. “Isso é um desafio, porque, muitas das vezes, além de ter que cuidar de toda a gestão, ele também precisa cuidar da operação do negócio. Então, o pequeno empreendedor tem que ter a capacidade de priorizar os fatores que são mais importantes para o seu negócio”, observa.

O especialista diz que a maioria dos empresários que busca o Sebrae não tem uma gestão bem estabelecida, o que gera muita dificuldade em planejar o negócio, criar e estratégias assertivas, com pouco capital para investir. “Assim, eles não podem se dar ao luxo de errar”, observa.

Fatores críticos de sucesso

Mensurar o desempenho do negócio é fundamental para tomar decisões mais acertadas, corrigir problemas que prejudicam os resultados e impulsionar o crescimento da empresa. Mota afirma que, em 2022, o Sebrae realizou uma pesquisa com 1.401 empresas do varejo que mostrou, entre outros dados, que somente 6% apuravam indicadores comerciais, como o número de clientes atendidos, a taxa de conversão de vendas e o tíquete médio por cliente.

“Sem essas informações, não é possível ser assertivo ao criar estratégias. Se o meu problema, por exemplo, é atrair clientes, a minha solução é fazer publicidade, trabalhar o marketing da empresa”, observa.

Ele acrescenta que é importante ficar atento aos fatores críticos de sucesso (FCS), que são aqueles que, quando bem cuidados, fazem a empresa prosperar. “Agora, quando eles são negligenciados, eles fazem a empresa quebrar. No caso das operações de vendas, esses fatores de sucesso são a capacidade da empresa em atrair clientes, em converter essa atração de clientes em vendas e a capacidade de atender melhor esse cliente, vendendo mais para ele”, explica.

Soluções

O especialista destaca que o Sebrae oferece diversas soluções, como cursos, consultorias, e-books, oficinas e materiais on-line para ajudar o empresário a solucionar os seus problemas de gestão e a criar estratégias que vão melhorar a competitividade e o resultado da empresa, uma delas é o Varejo+ e o Sebrae Play.

O Sebrae também tem uma plataforma de gestão de resultados, o Focus, customizada por segmento para melhorar os resultados da empresa através do gerenciamento de indicadores e da comparação do seu desempenho com a média de outras empresas do mesmo segmento.

Cambraia: achismos aumentam os riscos de “quebrar”

Dificuldades

Mota diz que a maioria dos empreendedores chega ao Sebrae sem saber apurar os seus resultados e com isso sem saber criar as melhores estratégias para fazer o negócio prosperar. A Pesquisa Empreendedores Iniciais, de 2022, do Sebrae Minas, confirma o cenário traçado por Mota e mostra que o baixo preparo prévio à abertura já suprime as capacidades do negócio ao entrar em atividade. Pelo menos dois em cada 10 empreendedores têm muita dificuldade em aplicar práticas gerenciais, como registrar o fluxo de caixa, separar finanças pessoais e as da empresa, precificar produtos, ter organização e controle interno.

Apenas 10% dos empreendedores afirmam ter alto grau de conhecimento sobre gestão de empresas. A percepção que prepondera é de nível médio de conhecimento sobre gestão, apontada por 40%. O baixo grau é citado por 34% dos empreendedores entrevistados e 16% consideram não ter nenhum conhecimento sobre gestão. As microempresas e empresas de pequeno porte citaram maior grau de conhecimento de gestão em relação aos microempreendedores individuais (MEIs).

Em relação aos meios pelos quais o conhecimento foi adquirido, o mais apontado foi aprender na prática, por 59% dos empreendedores. Os que estudaram por conta própria chegam a 27% e 22% fizeram cursos, workshops e palestras. Os que têm formação superior na área chegam a 20% e 10% possuem formação técnica na área.

Concorrência

O dono do restaurante Hangiri Sushi Bar, Ricardo de Carvalho Cambraia, sabe bem a importância da gestão. “A falta de administração e da gestão adequada fez um concorrente fechar as portas. Ele simplesmente não sabia colocar preço no produto”, revela.

O empreendedor de Viçosa, na Zona da Mata do Estado, ressalta que não basta fazer uma boa comida para ter sucesso nos negócios. Para ele, para que o empreendimento permaneça no mercado é necessário atuar em várias frentes, como investir em marketing e saber administrar.

Cambraia, que está no mercado há cerca de 15 anos, já fez alguns cursos no Sebrae Minas, o último foi de gestão, que contou com uma consultoria presencial. “O acompanhamento aconteceu durante seis meses, foi um divisor de águas”, afirma.

Formado em educação física, o empreendedor diz que o objetivo com o curso era ter mais controle da empresa. Ele acrescenta que é importante investir em gestão. “Se a pessoa fica só no ‘achismo’, as chances de quebrar rápido são altas”, diz.

Busco capacitação constante, afirma Iazodara Bastos | Crédito: Divulgação/Delícias da Nonoca

Só talento pode não ser suficiente para prosperar

Ter talento para oferecer um produto ou serviço não é suficiente para que um negócio se mantenha no mercado na avaliação da microempreendedora individual Iazodara Bastos. “É necessário saber administrar a empresa e buscar capacitação constante”, defende a proprietária da Delícias da Nonoca.

Além dos constantes cursos na área de confeitaria visando saber as novas técnicas e tendências no mercado de confeitaria, a empreendedora de Belo Horizonte já fez vários cursos do Sebrae Minas. Para ela, é importante que o empreendedor saiba lidar com a gestão do negócio. “Se ele não souber precificar, por exemplo, pode vender muito em volume e não ter lucro”, observa.

Ela diz que é um desafio ser microempreendedora individual, já que tem que cuidar das diversas áreas da empresa sozinha. Dessa forma, saber gerir o tempo é fundamental.

Para a proprietária da Delícias da Nonoca, é essencial fazer um planejamento e buscar ajuda. “O Sebrae tem expertise, o que pode ajudar o empreendedor antes de ingressar no mercado ou mesmo depois, dando direcionamento, o que pode ser decisivo para uma empresa se manter ou não no mercado”, alerta.

Iazodara Bastos é MEI há quatro anos, antes de ter seu próprio negócio, trabalhou como técnica de patologia clínica. Formada em Relações Públicas, atuou no segmento de vendas. “Eu sempre gostei de fazer doces, minha mãe me trouxe uma receita de palha italiana, eu fazia e vendia para ter uma renda extra. O objetivo principal era ir para o Carnaval de Salvador”, diz.

Estudei sobre empreendedorismo, revela Antonucci | Crédito: Divulgação/Odontolife

O dentista e empreendedor Reinaldo Antonucci, que tem uma clínica em Viçosa, a Odontolife, diz que o principal desafio foi desenvolver o olhar empresarial. “O conhecimento da minha esposa, que é formada em administração de empresas e fez cursos no Sebrae, me ajudou. Eu também estudei sobre empreendedorismo”, diz.

Ele afirma que já trabalhou em outras clínicas e optou por ser empreendedor para poder ganhar mais e que teve que superar vários problemas com resiliência e o desenvolvimento de várias competências. “No começo há muitas incertezas e novidades, como a gestão financeira e até mesmo saber como fazer o recrutamento de profissionais”, finaliza.

Rádio Itatiaia

Ouça a rádio de Minas