Minas tem 2,2 milhões de pequenos negócios

Hoje é dia de um setor que conta com cerca de 20,3 milhões negócios no Brasil, sendo 2,2 milhões deles em Minas Gerais, segundo dados da Receita Federal. Em 5 de outubro é comemorado o Dia da Micro e Pequena Empresa (MPE), empreendimentos que são cada vez mais relevantes na economia nacional, gerando emprego e renda.
O Estado participa com 11% dos pequenos negócios do País. Do total de empreendimentos formais no Brasil, mais de 90% são micro e pequenas empresas (MPEs) e microempreendedores individuais (MEIs), que representam mais da metade dos pequenos negócios formais em Minas Gerais.
Em Minas Gerais, de cada 10 empregos com carteira assinada, seis estão nas MPEs. Elas respondem por 41% da massa salarial paga no Estado e, nos últimos três anos, geraram 84% do saldo de vagas de trabalho. O Estado ocupou a segunda posição na geração de empregos no Brasil nesse período, com um saldo de 523.652 novas vagas entre 2021 e 2023.
Apenas em 2023, de janeiro a julho, as MPEs geraram cerca de 124, 8 mil vagas em Minas Gerais, cerca de quatro vezes mais do que as médias e grandes empresas. Os setores de destaque foram os de serviço, construção civil e agropecuária.
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A abertura de pequenos negócios teve uma variação negativa de 1,11% nos sete primeiros deste ano em relação ao mesmo período de 2022. Em sentido oposto, o fechamento de negócios do segmento aumentou 28,67%.
O presidente do Conselho Deliberativo do Sebrae Minas, Marcelo de Souza e Silva, afirma que uma retomada mais expressiva da geração de empregos, na abertura de novos negócios de maneira sustentável e o aumento da confiança dos pequenos empresários, “vai depender do crescimento do cenário econômico e de uma redução maior na taxa Selic, que influencia na capacidade de investimento e produção dos pequenos negócios.”

Sebrae Minas
Para Silva, impulsionar o empreendedorismo transforma vidas. E é o que o Sebrae Minas há 51 anos busca colocar em prática ao criar melhores condições para a competitividade e a sustentabilidade dos pequenos negócios do Estado.
Até o início de setembro, a instituição atendeu mais de 212 mil pequenos negócios em todo o território mineiro. “Esse resultado comprova a grande capacidade de articulação do Sebrae em prol das micro e pequenas empresas e dos empreendedores de Minas Gerais”, diz.
Além do atendimento individual, apoiando cada empreendedor em sua trajetória à frente do próprio negócio, o Sebrae Minas investe na disseminação da educação empreendedora e em estratégias de desenvolvimento de setores e territórios do Estado.
Empreendedor chegou a ter sete empresas ao mesmo tempo
Thiago Kempen tem CNPJ desde 2014. Entretanto, ele se considera empreendedor desde sempre. “Desde bem novo, eu fazia colarzinhos, pulseiras para vender para a família e amigos”, lembra.
Foi durante a faculdade de Direito que ele percebeu que o seu destino era empreender, tanto que não finalizou o curso, mas ajudou o Diretório Acadêmico (DA) a se reestruturar financeiramente. “Na época, o DA tinha R$ 15 mil de dívidas. Devolvemos com R$ 15 mil de caixa”, conta.
Kempen abriu um laboratório de prótese. A partir daí ele desenvolveu o primeiro e-commerce de prótese dentária do mundo, o Droplab. Ele conta que gosta tanto de empreender que chegou a ter sete empresas ao mesmo tempo. “Eu tive que fechar algumas e vender outras porque estava perdendo qualidade de vida”, diz.

O cofundador da K2go, startup de educação voltada para a odontologia e fundador do Droplab, conta que o melhor de empreender é ter liberdade criativa. “Empreender é um esporte radical. Eu gosto de fazer várias coisas, de criar um projeto e fazer ele se materializar, trazer para o mundo uma solução”, frisa.
Hoje, ele tem quatro empresas e passou a se organizar para outra função, a de pai. Ele acompanhou a esposa, que também é empreendedora, nos exames e busca passar as manhãs com a filha. “Tudo isso passa por uma gestão”, observa.
Kempen conta que participou do Empretec, que é o principal programa de formação de empreendedores do mundo, um seminário intensivo criado pela Organização das Nações Unidas (ONU), promovido em 40 países e exclusivo do Sebrae no Brasil.
Neste ano, o Empretec completou 30 anos de capacitação de empreendedores de todo o País. Ao longo desse período, o Sebrae já capacitou mais de 300 mil pessoas, o que corresponde a 60% de todos os empreendedores capacitados com essa metodologia no mundo.
Desafio de realizar múltiplas tarefas
O publicitário Joubert Garcia Cupertino não pensava em ser empreendedor. “Eu sempre imaginei trabalhar com moda, isso sempre foi muito claro para mim, mas eu não imaginava ter o meu próprio negócio da forma em que ocorreu”, conta o hoje proprietário da meuseu brechó. Ele observa que no meio acadêmico não existe incentivo ao empreendedorismo.
Cupertino conta que foi depois da pós-graduação em Direção Criativa em Moda que surgiu o interesse por empreender, graças ao trabalho de conclusão de curso (TCC) que foi sobre brechós, consumo consciente.
O hoje empreendedor percebeu que existia uma demanda por roupas para o seu próprio perfil. “Eu sempre senti dificuldades em encontrar camisas que vestissem o meu corpo, que é um corpo mais alto, com o ombro um pouco mais largo”, conta.
Para Cupertino, um dos desafios de ser empreendedor é ter que dar conta de múltiplas tarefas de um negócio. “Eu faço tudo sozinho. Hoje, o meuseu brechó é todo direcionado e dirigido por mim”, diz.

Processo
Ele explica que até a roupa chegar na casa do consumidor ou mesmo ser exposta em algum evento ou feiras, em especial, em Belo Horizonte, tudo passa por um processo longo e complexo. Ele explica que vai ao bazar selecionar a roupa e comprá-la, em seguida é feita a higienização.
Há ainda a fase da fotografia e a exposição da roupa nas redes sociais, além de gerar conteúdo, vender e enviar. Além disso, o empreendedor destaca que ainda existe a gestão financeira da empresa “Se eu não posso fazer algo, o negócio não anda, pois ele depende totalmente do meu trabalho”, observa.
Cupertino conta que uma das satisfações do negócio é ter o trabalho reconhecido e sendo usado por pessoas com os mais diversos tipos de corpos, além de contribuir para a sustentabilidade por meio da moda.
“Hoje o meuseu brechó é o grande amor da minha vida. Não consigo me enxergar em outro lugar, que não seja trabalhando com a moda consciente”, diz o empreendedor de Sabará, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, que já está no mercado há seis anos.
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