Micro e Pequenas Empresas

Sebrae Minas dá suporte para empreendedores da gastronomia do Estado

O Prepara Gastronomia oferece consultorias customizadas, cursos, capacitações e oficinas práticas da gastronomia
Sebrae Minas dá suporte para empreendedores da gastronomia do Estado
Estado é conhecido em todo o País pela sua gastronomia | Crédito: Pixabay

Minas Gerais é um estado conhecido em todo o País pela sua gastronomia e tem uma capital famosa pelos bares, botecos e restaurantes. Belo Horizonte tem 178 bares para cada 100 mil habitantes, muito à frente das duas maiores capitais do País, São Paulo e Rio, conforme dados da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel).

Além disso, em 2019, a capital mineira recebeu o título de Cidade Criativa da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) pela gastronomia. 

Atento às necessidades desse mercado, o Sebrae Minas desenvolveu o Prepara Gastronomia, que é uma iniciativa que tem como objetivo impulsionar negócios do segmento de alimentação fora do lar e que já existe há quatro anos.

São consultorias customizadas, cursos, oficinas e diversas informações técnicas voltadas para a atividade. Entre os temas abordados estão as novas tendências da gastronomia, técnicas e novos formatos de vendas, como apps e delivery, além de práticas de gestão financeira e estratégias de marketing e relacionamento com clientes.

“Todo esse portfólio de metodologias e de produtos são acessíveis aos empreendedores ou aos que querem empreender nessa área. Tudo foi pensado considerando os fatores críticos de sucesso da atividade”, observa a coordenadora do programa Prepara Gastronomia, em Minas, Simone Lopes. Ela também é analista da Unidade de Indústria, Comércio e Serviços do Sebrae Minas e especialista no mercado de alimentação fora do lar.

Ela acrescenta que o Prepara Gastronomia apoia os pequenos empreendimentos, seja na formatação dos negócios, bem como na melhoria dos processos e também na preparação para acessar novos mercados, seja por meio de feiras, eventos e festivais de gastronomia.

Multiplicidade

Simone Lopes explica que o negócio no segmento gastronômico demanda uma grande organização relacionada aos processos de operação, ao processamento, aquisição e processamento de matérias-primas, à capacitação das equipes, tanto da produção de cozinha quanto da parte de atendimento, além de questões relacionadas ao tipo de cardápio e estratégia comercial do negócio.

Setor demanda uma grande organização, diz Simone Lopes | Crédito: Divulgação/Sebrae

A especialista diz que a atividade é uma das mais procuradas pelos novos empreendedores em razão da complexidade relativamente baixa para que o negócio seja iniciado. Entretanto, ela alerta que gostar de cozinhar não necessariamente é um fator decisivo para se abrir o empreendimento de alimentação.

“Para que isso aconteça, o empreendedor, além de gostar de cozinhar, de entender de gastronomia, ele precisa entender de gestão, ter controle rigoroso de estoque, saber sobre padronização de processos e entender também da relação com suas equipes”, observa.

Para a empreendedora Juliana de Jesus Caldeira, sócia do restaurante Cia do Aipim, localizado no bairro Vista Alegre, na região do Barreiro, em Belo Horizonte, um dos desafios do setor é encontrar mão de obra qualificada.

Ela conta que buscou o apoio do Sebrae, que foi fundamental para aplicar os conhecimentos adquiridos. “E para agir naqueles momentos em que temos o feeling, mas não sabemos como fazer”, diz.

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A escolha pela área, com foco na gastronomia nordestina, está relacionada com o trabalho de sua mãe, Maria Trindade Deciola de Jesus, que também é chefe de cozinha e sócia do empreendimento. “Ela sempre cozinhou e trabalhou com a venda dos seus produtos e criou os filhos com as vendas em feiras. Quando cresci, vi a necessidade de gestão para fazer aquela simples renda se tornar um negócio lucrativo. E então, comecei a estudar para isso”, conta.

Empreendedorismo em busca de um novo estilo

A escolha do ramo de atuação de Nayara Almeida está relacionada à praticidade. “Queria trabalhar com um tipo de lanche que fosse acessível e que pudesse ser vendido na estrada”, diz a empreendedora que pretende adotar o estilo de vida campista. Dessa forma, o negócio escolhido teria que ser de fácil mobilidade e aceitação pelos clientes. “Eu tinha que escolher um produto para dar certo, para ser a fonte de renda principal da família”, frisa.

Ela conta que chegou a se arriscar com a venda de artesanato, com a produção e venda de tapetes. Só que percebeu que seria muito complexo, com produção e retorno demorados.

Nayara Almeida diz que buscou o suporte do Sebrae, por meio de cursos e consultoria. “Eu já conhecia o trabalho do Sebrae na época em que trabalhei no BH Resolve. No ano passado, participei da Semana do MEI (Microempreendedor Individual) promovida pelo Sebrae”, diz.

Negócio teria que ser de fácil mobilidade, diz Nayara Almeida | Crédito: Divulgação/Hot Dogs da Nay

A empreendedora frisa que a consultoria, que está em andamento, está tendo impactos positivos de várias formas no seu negócio, por meio de diversas orientações, como financeiras e de precificação do produto. “São vários detalhes que precisamos ficar atentos para fazer o plano de negócios. A consultoria foi nos direcionando e passamos a trabalhar com planilhas e aplicativos. Dessa forma, sabemos o que acontece com a empresa”, diz.

Além dos reflexos positivos na vida de empreendedora, Nayara Almeida ressalta que os aprendizados com os cursos e a consultoria foram levados para a vida pessoal. “Aprendi a gerenciar melhor as finanças domésticas, a guardar”, observa.

Hoje, em um trailer, ela vende o “Hot Dogs da Nay”, em Lagoa Santa, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), além de eventos. “Eu e meu marido sempre gostamos de cozinhar. Eu fiz o curso de manipulação de alimentos”, afirma.

Além do sabor, um dos focos de Nayara Almeida é com a higiene, o que, segundo ela, atrai clientes. “Já teve cliente que elogiou. Eu uso uniforme, toca e luva. Eu penso em todos os detalhes, tenho cartão fidelidade e faço mimo para os clientes. É tudo feito com muito carinho, não dá para fazer mais ou menos”, frisa. 

Além do ponto em Lagoa Santa, ela divulga a participação em feiras e eventos por meio do Instagram do empreendimento. “O nosso forte mesmo é o boca a boca”, conta.

Desafios na gestão, entrega e na busca de mão de obra

A história de Cristiane Marques de Magalhães Gomes com o chocolate vem desde a adolescência, na época ela vendia o produto na escola e no restaurante do pai de uma amiga. Formada em administração de empresas, o tempo de dedicação ao chocolate foi diminuindo e passou a ser restrito ao consumo da família, bem como passou a ser usado como presente. Em 2018, ela voltou a trabalhar com o produto de forma paralela ao trabalho. Foi em 2021 que ela finalizou a transição de carreira e se tornou empreendedora da área.

Cristiane Gomes: pequeno empreendedor faz tudo sozinho | Crédito: Divulgação/Cris Marques Chocolates Finos

Ela diz que os desafios são diversos, um deles é a gestão. “Para quem é um pequeno empreendedor é muito difícil ter o controle de tudo, pois precisamos preocupar com produção, compras, marketing, vendas, financeiro, controle de estoque, fornecedores, atendimento a clientes e pós-vendas”, explica.

Cristiane Gomes frisa que, normalmente, o pequeno empreendedor faz tudo sozinho ou conta com poucas pessoas na equipe, de uma a duas. Logo, neste cenário é necessário estipular as prioridades e separar o que é mais urgente e importante. “Outro grande desafio da área é encontrar pessoas qualificadas, precisamos treiná-las e desenvolvê-las”, observa. Outro grande desafio, conforme a empreendedora, é o transporte de produtos. “Nada adianta ter todo o cuidado na preparação e nas embalagens se na hora de entregar para o cliente o produto não chegar perfeito e com a apresentação impecável”, diz. E com esse objetivo, os bolos e cestas da Cris Marques são entregues em carros.

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