Sebrae Minas dá suporte para empreendedores da gastronomia do Estado

Minas Gerais é um estado conhecido em todo o País pela sua gastronomia e tem uma capital famosa pelos bares, botecos e restaurantes. Belo Horizonte tem 178 bares para cada 100 mil habitantes, muito à frente das duas maiores capitais do País, São Paulo e Rio, conforme dados da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel).
Além disso, em 2019, a capital mineira recebeu o título de Cidade Criativa da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) pela gastronomia.
Atento às necessidades desse mercado, o Sebrae Minas desenvolveu o Prepara Gastronomia, que é uma iniciativa que tem como objetivo impulsionar negócios do segmento de alimentação fora do lar e que já existe há quatro anos.
São consultorias customizadas, cursos, oficinas e diversas informações técnicas voltadas para a atividade. Entre os temas abordados estão as novas tendências da gastronomia, técnicas e novos formatos de vendas, como apps e delivery, além de práticas de gestão financeira e estratégias de marketing e relacionamento com clientes.
“Todo esse portfólio de metodologias e de produtos são acessíveis aos empreendedores ou aos que querem empreender nessa área. Tudo foi pensado considerando os fatores críticos de sucesso da atividade”, observa a coordenadora do programa Prepara Gastronomia, em Minas, Simone Lopes. Ela também é analista da Unidade de Indústria, Comércio e Serviços do Sebrae Minas e especialista no mercado de alimentação fora do lar.
Ela acrescenta que o Prepara Gastronomia apoia os pequenos empreendimentos, seja na formatação dos negócios, bem como na melhoria dos processos e também na preparação para acessar novos mercados, seja por meio de feiras, eventos e festivais de gastronomia.
Multiplicidade
Simone Lopes explica que o negócio no segmento gastronômico demanda uma grande organização relacionada aos processos de operação, ao processamento, aquisição e processamento de matérias-primas, à capacitação das equipes, tanto da produção de cozinha quanto da parte de atendimento, além de questões relacionadas ao tipo de cardápio e estratégia comercial do negócio.

A especialista diz que a atividade é uma das mais procuradas pelos novos empreendedores em razão da complexidade relativamente baixa para que o negócio seja iniciado. Entretanto, ela alerta que gostar de cozinhar não necessariamente é um fator decisivo para se abrir o empreendimento de alimentação.
“Para que isso aconteça, o empreendedor, além de gostar de cozinhar, de entender de gastronomia, ele precisa entender de gestão, ter controle rigoroso de estoque, saber sobre padronização de processos e entender também da relação com suas equipes”, observa.
Para a empreendedora Juliana de Jesus Caldeira, sócia do restaurante Cia do Aipim, localizado no bairro Vista Alegre, na região do Barreiro, em Belo Horizonte, um dos desafios do setor é encontrar mão de obra qualificada.
Ela conta que buscou o apoio do Sebrae, que foi fundamental para aplicar os conhecimentos adquiridos. “E para agir naqueles momentos em que temos o feeling, mas não sabemos como fazer”, diz.
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A escolha pela área, com foco na gastronomia nordestina, está relacionada com o trabalho de sua mãe, Maria Trindade Deciola de Jesus, que também é chefe de cozinha e sócia do empreendimento. “Ela sempre cozinhou e trabalhou com a venda dos seus produtos e criou os filhos com as vendas em feiras. Quando cresci, vi a necessidade de gestão para fazer aquela simples renda se tornar um negócio lucrativo. E então, comecei a estudar para isso”, conta.
Empreendedorismo em busca de um novo estilo
A escolha do ramo de atuação de Nayara Almeida está relacionada à praticidade. “Queria trabalhar com um tipo de lanche que fosse acessível e que pudesse ser vendido na estrada”, diz a empreendedora que pretende adotar o estilo de vida campista. Dessa forma, o negócio escolhido teria que ser de fácil mobilidade e aceitação pelos clientes. “Eu tinha que escolher um produto para dar certo, para ser a fonte de renda principal da família”, frisa.
Ela conta que chegou a se arriscar com a venda de artesanato, com a produção e venda de tapetes. Só que percebeu que seria muito complexo, com produção e retorno demorados.
Nayara Almeida diz que buscou o suporte do Sebrae, por meio de cursos e consultoria. “Eu já conhecia o trabalho do Sebrae na época em que trabalhei no BH Resolve. No ano passado, participei da Semana do MEI (Microempreendedor Individual) promovida pelo Sebrae”, diz.

A empreendedora frisa que a consultoria, que está em andamento, está tendo impactos positivos de várias formas no seu negócio, por meio de diversas orientações, como financeiras e de precificação do produto. “São vários detalhes que precisamos ficar atentos para fazer o plano de negócios. A consultoria foi nos direcionando e passamos a trabalhar com planilhas e aplicativos. Dessa forma, sabemos o que acontece com a empresa”, diz.
Além dos reflexos positivos na vida de empreendedora, Nayara Almeida ressalta que os aprendizados com os cursos e a consultoria foram levados para a vida pessoal. “Aprendi a gerenciar melhor as finanças domésticas, a guardar”, observa.
Hoje, em um trailer, ela vende o “Hot Dogs da Nay”, em Lagoa Santa, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), além de eventos. “Eu e meu marido sempre gostamos de cozinhar. Eu fiz o curso de manipulação de alimentos”, afirma.
Além do sabor, um dos focos de Nayara Almeida é com a higiene, o que, segundo ela, atrai clientes. “Já teve cliente que elogiou. Eu uso uniforme, toca e luva. Eu penso em todos os detalhes, tenho cartão fidelidade e faço mimo para os clientes. É tudo feito com muito carinho, não dá para fazer mais ou menos”, frisa.
Além do ponto em Lagoa Santa, ela divulga a participação em feiras e eventos por meio do Instagram do empreendimento. “O nosso forte mesmo é o boca a boca”, conta.
Desafios na gestão, entrega e na busca de mão de obra
A história de Cristiane Marques de Magalhães Gomes com o chocolate vem desde a adolescência, na época ela vendia o produto na escola e no restaurante do pai de uma amiga. Formada em administração de empresas, o tempo de dedicação ao chocolate foi diminuindo e passou a ser restrito ao consumo da família, bem como passou a ser usado como presente. Em 2018, ela voltou a trabalhar com o produto de forma paralela ao trabalho. Foi em 2021 que ela finalizou a transição de carreira e se tornou empreendedora da área.

Ela diz que os desafios são diversos, um deles é a gestão. “Para quem é um pequeno empreendedor é muito difícil ter o controle de tudo, pois precisamos preocupar com produção, compras, marketing, vendas, financeiro, controle de estoque, fornecedores, atendimento a clientes e pós-vendas”, explica.
Cristiane Gomes frisa que, normalmente, o pequeno empreendedor faz tudo sozinho ou conta com poucas pessoas na equipe, de uma a duas. Logo, neste cenário é necessário estipular as prioridades e separar o que é mais urgente e importante. “Outro grande desafio da área é encontrar pessoas qualificadas, precisamos treiná-las e desenvolvê-las”, observa. Outro grande desafio, conforme a empreendedora, é o transporte de produtos. “Nada adianta ter todo o cuidado na preparação e nas embalagens se na hora de entregar para o cliente o produto não chegar perfeito e com a apresentação impecável”, diz. E com esse objetivo, os bolos e cestas da Cris Marques são entregues em carros.

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