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2023 será um ano de “volta aos trilhos”

2023 será um ano de “volta aos trilhos”
Crédito: Charles Silva Duarte/Arquivo DC

Passado aquele que, talvez, tenha sido o mais duro período da história do turismo mundial, 2023 chega com a promessa de retomada total. A perspectiva é a de que o nível de faturamento alcance os níveis anteriores à pandemia.

Estudo realizado pela Fundação Getulio Vargas (FGV) e o Serviço Nacional de Apoio às Pequenas e Micro Empresas (Sebrae), publicado no semestre passado, aponta que as empresas do segmento de turismo devem atingir um patamar de estabilidade logo no primeiro semestre, consolidando o crescimento de julho a dezembro de 2023. Projeções do Conselho Mundial de Viagens e Turismo (WTTC), durante o Summit Global, em abril de 2022, anunciam uma movimentação de U$ 9,6 trilhões em 2023.

No Brasil, segundo dados do Ministério do Turismo (MTur), antes da pandemia, o segmento, que envolve mais de 50 atividades econômicas, representava 8% do PIB nacional.

De acordo com a analista do Sebrae Minas, Nathália Milagres, a tendência é por destinos mais próximos e juntos à natureza, capazes de proporcionar experiências significativas para o viajante.

A recomendação para essas empresas é que estejam atentas à transformação tecnológica imposta a todos os setores econômicos. A jornada do viajante que surge após a Covid-19 é basicamente digital, da pesquisa e planejamento à reserva de hospedagens e passeios.

“Continuamos observando o crescimento do turismo regional e customizado. A lógica dos grandes pacotes fechados, em que o turista tem pouca autonomia, reflui. Sobem as experiências que tragam alguma transformação para o turista. No nosso caso, o resgate da mineiridade, das tradições. Mas é preciso ter cuidado para não banalizar a expressão ‘experiência’. Não é tudo que é uma experiência, tem quer ter significado para aquela pessoa. Essa é uma oportunidade para as pequenas empresas, que são mais ágeis. Para isso, elas precisam estar atentas para entender o cliente e manter a qualidade, o padrão do serviço pensado e executado. Estar em ambiente digital é fundamental para que a empresa se torne uma opção para o turista. O gestor precisa saber quais são os custos dessa digitalização. Tem que buscar a capacitação e profissionalização da gestão”, explica Nathália Milagres

Para o vice-presidente da Associação Brasileira dos Agentes de Viagem de Minas Gerais (Abav-MG), Alexandre Brandão, 2023 com seus feriados prolongados promete ser um grande ano e o movimento de verão e Carnaval já é um bom indicativo. A escassez de mão de obra qualificada, porém, segue sendo um dos entraves para o desenvolvimento do setor.

A volta dos voos da Capital para o interior do Estado também é comemorada. Desde dezembro, a Azul opera voos regulares do Aeroporto Internacional de Belo Horizonte (BH Airport), em Confins, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), para as cidades de Varginha (Sul de Minas), Teófilo Otoni (Vale do Mucuri), Patos de Minas (Centro-Oeste) e Paracatu (Noroeste).

“O turismo está extremamente aquecido, apesar da alta das tarifas aéreas. Os destinos tradicionais de verão já estão lotados como Cabo Frio (RJ), Arraial d’Ajuda (BA) e praias do Espírito Santo. Também contribuem os voos sazonais que facilitam o acesso para destinos como Foz do Iguaçu (PR) e Santarém (PA), além dos internacionais como o recém-lançado voo para Bogotá (Colômbia). Existe um trabalho de divulgação do Estado bem feito e ultrapassamos o Ceará em procura no ano passado. Ao mesmo tempo nos esforçamos para qualificar a mão de obra, fechando parcerias com entidades como o Sebrae, a Abih (Associação Brasileira da Indústria de Hotéis) e CDL-BH (Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte”, destaca Brandão. A animação alcança também a Associação Brasileira das Operadoras de Turismo (Braztoa), que projeta crescimento de 53,6% este ano.

Política

O novo ano chegou com um novo governo federal que escolheu a deputada Daniela Carneiro (União Brasil/RJ) para ser a nova ministra do Turismo. Mesmo envolvida em polêmicas sobre os apoios recebidos durante a campanha eleitoral em 2022, a gestora segue no cargo.

Durante a cerimônia de apresentação no dia 2 de janeiro, em Brasília (DF), ela destacou o potencial econômico do turismo brasileiro, o novo momento do setor iniciado neste ano e pregou a união com os dirigentes e entidades com o trade turístico e a sociedade.

Declarou, ainda, que buscará resolver, com urgência, o alto valor das passagens aéreas junto aos ministérios da Fazenda, Transportes, Planejamento, entre outros. Outro item pontuado foi a recomposição orçamentária, já que o Ministério do Turismo tem um orçamento anual para 2023 previsto em R$ 19 milhões, uma redução de 74% em comparação com o ano anterior.

Por fim, direitos sociais e inclusão completaram o discurso. “É necessário promover um turismo associado à defesa dos direitos da criança e do adolescente, com o objetivo de dizimar a exploração sexual e o trabalho infantil. Vamos mostrar ao mundo toda a nossa alegria, pluralidade, diversidade étnica e cultural”, afirmou Daniela Carneiro.

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