30ª CASACOR Minas chega ao fim neste domingo

A conexão entre arte, design e arquitetura é um dos pontos altos dos projetos apresentados na CASACOR Minas. Nesta edição, diversos ambientes exploram com maestria essa relação, provocando o olhar e as percepções do espectador. A começar pelo Rizoma, uma instalação de André Gibram e Antônio Grillo, criada com o objetivo de instigar. Produzida a partir de um feixe de vergalhões de aço, a estrutura perpassa os jardins frontais do prédio e avança criando um movimento capaz de hipnotizar, dando protagonismo a um dos materiais mais utilizados nas construções.
A Galeria 30 anos, de Alexandre Rousset, é dedicada à memória, revivendo as 30 edições da CASACOR Minas, revelando em ilustrações assinadas pelo projeto “Fachada Frontal”, os edifícios que já sediaram a mostra ao longo dessa trajetória.
Na Sala Brasileira, de Ana Bahia, o destaque fica por conta do trabalho de Lucas Dupin, desenvolvido especialmente para o espaço. Integrando a série Bibliomorfa, a obra é composta por fragmentos de livros e couro. Por meio de técnicas tradicionais como aquarela e encadernação, Dupin subverte enciclopédias, livros jurídicos e médicos – pilares do conhecimento ocidental e símbolos de um modelo baseado na razão – transformando-os em uma biblioteca orgânica e mutável.
Na Galeria QuintoAndar, da Balsa Arquitetura, a arte é a grande protagonista. Criada para abrigar exposições temporárias, a galeria conduz o visitante por um corredor repleto de variações cromáticas, que estabelecem diálogos com os diferentes trabalhos expostos, adquirindo uma configuração diferente a cada semana da mostra.
A Confraria, de Beth Nejm, tem como protagonista o painel desenvolvido pelo Studio K2, que desconstrói digitalmente a obra Feira de Camponeses (1570), de Peeter Baltens. A arte imprime uma dramaticidade elegante ao ambiente.
O Living Mineiridade, de Flávia Roscoe, destaca a produção de Maria Lira Marques, uma das artistas mais reverenciadas do Vale do Jequitinhonha, com uma série de pinturas elaboradas a partir de pigmentos naturais, criando um contraste com a contemporaneidade dos também mineiros Ricardo Homem e Bruno Cançado.

A arte popular ganhou destaque na Sala dos Espelhos, da Esc Arquitetura. Provocativo e inspirador, o ambiente celebra o diálogo do design e a arte nacional. Com ares de instalação, o projeto tem como ponto central uma escultura assinada pelo artista do Véio, ícone da cultura popular.
Na Sala Elos, de Gislene Lopes, outra obra do artista Lucas Dupin chama a atenção, em proporção menor. Enquanto isso, na Suíte Hotel Ouro do Cerrado, de Sérgio Viana, a fotografia de Daniel Mansur salta aos olhos, contribuindo para valorizar ainda mais a proposta de acolhimento.

Os quadros bordados pela artista Letícia Queiróz estão entre as escolhas de Marcelo Castro Alves para o Cria Café. Para remeter ao tom da bebida, foram utilizadas linhas na cor marrom.
O Corredor Raffaello Berti, da Hardy Design, é um espaço de experiência imersiva, celebrando a arquitetura do edifício. A composição reúne um papel de parede exclusivo, pôsteres que retratam a fachada e detalhes arquitetônicos do prédio reforçam a narrativa visual e a jogo de cores das paredes e tapetes reforçam o caráter sensorial. No Closet Dell Ano, de Capanema, os trabalhos do mineiro Francisco Nuk exaltam as possibilidades e olhares ultrapassam as frestas das janelas, convidando a uma reflexão poética.
Demais ambientes
A Sala de Jantar, de Pedro Lázaro, tem uma curadoria de obras que exaltam a contemporaneidade, oferecendo um olhar aguçado para quem aprecia e valoriza a importância da arte no cotidiano. Obras de artistas como Barbara Wagner, Rosângela Rennó, Nina Penna, Raquel Coelho, Waltercio Caldas, Máximo Soalheiro, Ai Weiwei e Zanine de Zanine completam a composição, reforçando a identidade do espaço.

No Living Raízes, de Manuela Senna, o destaque fica por conta do painel assinado pelo artista Arthur Grangeia, criando uma paisagem sobre blocos de travertino. O Gabinete, da Em Cena Arquitetura, vai além de um espaço de trabalho e conexão com o bem-estar ao escolher a arte como peça fundamental para o cotidiano. Uma seleção criteriosa de obras escolhidas pela Galeria Murilo de Castro incluindo trabalhos assinados por grandes nomes, como Anna Bella Geiger, Cildo Meireles, Marcos Coelho Benjamim, Christus Nóbrega, Chico Chaves, Juliana Gontijo, Almandrade, entre outros.

No Encontro e Alento, de Francisco Morais, presença da arte é marcada pelas telas de Rodrigo Tonani, Débora Camargos e Kakati de Paiva (Galeria Murilo Castro), que agregam ainda mais personalidade ao ambiente.
O Hall Entretempos, de Janaina Araújo, respira arte e design. A curadoria evidenciou trabalhos multicoloridos, que estabelecem conexões com o mobiliário, que reúne ícones do design mundial, criando um espaço contemplativo e inspirador. Com curadoria assinada pela AM Galeria, o projeto conta com trabalhos assinados pelos icônicos Ricardo Homen, Hercules Barsotti e Maria Helena Andrés.

No Pátio externo, a intervenção Solar, de Antônio Grillo, Fernando Pacheco e Hugo Matos, professores do curso Arquitetura e Urbanismo da PUC Minas, estabelece um divertido jogo que brinca com a espacialidade enquanto provoca o olhar e gera uma série de sensações nos visitantes. O projeto foi desenvolvido e executado com a participação de estudantes, técnicos do curso e funcionários da instituição.
Ao chegar ao restaurante, da Arca Arquitetos, o público é surpreendido com telas monocromáticas da artista Silvana Mertens, em grandes formatos.
30ª CASACOR Minas Gerais
Data: Até este domingo (5)
Local: PUC Minas Lourdes – Rua da Bahia, 2.020
Ingressos: No site da CASACOR ou na bilheteria do evento.
Ouça a rádio de Minas