3ª geração assume gestão do Mater Dei

Em curso há mais de 20 anos, a preparação da sucessão na rede Mater Dei dá um passo importante, hoje, anunciando a entrada da terceira geração na diretoria. Além disso, Henrique Salvador, o atual CEO, vai virar o chairman da companhia, um cargo ocupado até agora pelo fundador José Salvador Silva.

Ele renunciou ao cargo aos 92 anos e vai continuar no board, porém com menos obrigações diárias. No lugar de CEO, assume o filho de Henrique Salvador, José Henrique Salvador.

Fato Relevante – documento divulgado pelo Mater Dei ontem (26) – explica as mudanças: “A companhia esclarece que a referida renúncia é mais um passo do processo de sucessão previamente estabelecido entre as gerações da família Salvador, fundadora, acionista majoritária e operadora da companhia há mais de 40 anos”, afirma o documento.

Este é o segundo movimento do planejado e estruturado plano de sucessão, qualificando os membros da segunda e da terceira geração da família, para ocupar posições estratégicas em sua governança. A transição ocorrerá em até dez meses, data estimada da próxima Assembleia Geral Ordinária da companhia.

Ao mesmo tempo, as irmãs de Henrique Salvador – Maria Norma e Márcia Salvador Geo, respectivamente as vice-presidentes comerciais e assistenciais até agora – também estão deixando a operação e mantendo apenas seus assentos no Conselho.

Assim, as irmãs serão substituídas por Renata Salvador Grande, filha de Renato Salvador (o terceiro irmão de Henrique Salvador), e por Felipe Salvador Ligório, filho de Maria Norma. A quarta neta é Lara Salvador Geo, filha de Márcia Salvador, que está concluindo seu MBA na NYU e deve voltar para a companhia em um ano.

“Esse é um processo iniciado em 1999, quando meu pai contratou o planejamento junto à Fundação Dom Cabral (FDC). Naquela época, nenhum dos netos era adulto. A mais velha tinha 14 anos. De lá para cá, cumprimos religiosamente os passos e pré-requisito para que hoje eles possam assumir as funções de diretoria”, explica o atual CEO do Mater Dei, Henrique Salvador.

José Henrique Salvador, há três anos no cargo de COO, era o nome tido como certo pelo mercado para a função. Graduado em Administração de Empresas pelo Ibmec, concluído em 2008, fez especialização em Gestão Hospitalar na FDC, em 2011. Possui ainda o Full Time MBA na Universidade de Columbia (EUA), com graduação em 2015. Trabalhou durante a graduação na Rede Mater Dei, Dasa e no Hospital Sírio Libanês. Após concluir sua graduação, trabalhou no Hospital Albert Einstein de 2009 a 2010, e, em seguida, tornou-se Gerente Administrativo na Rede Mater Dei. Em 2015, tornou-se Diretor Comercial da Rede e no ano seguinte assumiu a Diretoria de Operações da companhia, cargo que ocupa atualmente.

“Uma coisa que nos deixa satisfeitos é a reação do mercado a esse anúncio. As manifestações dos públicos internos e dos empresários que já conhecem os sucessores foram muito positivas. O que algumas pessoas estranharam é que como eu e minhas irmãs somos muito atuantes, poderíamos permanecer à frente da gestão ainda um bom tempo, mas o processo foi concluído e é chegada a hora de mudar. O meu pai já fazia essa provocação para que eu assumisse o Conselho há algum tempo”, destaca o executivo.

A rede também anunciou que André Soares, um profissional de mercado que era o diretor do Mater Dei Betim-Contagem, se tornará o novo COO. Além disso, serão criados inicialmente dois comitês de assessoramento ao Conselho de Administração da Companhia, Comitê Assistencial e Comitê Comercial, que irão apoiar a administração neste processo de transição, como forma de aperfeiçoamento de seus processos de governança corporativa.

Fundada em 1980, no bairro Santo Agostinho (região Centro-Sul), a expansão da rede ganhou velocidade a partir de 2011, com a entrada da segunda geração. Outro ponto de inflexão aconteceu a partir do seu IPO, em 2021, quando foi levantado R$ 1,4 bilhão. Hoje o grupo é formado por 10 hospitais em Belo Horizonte, Salvador e Feira de Santana (BA), e Goiânia (GO).

“O Mater Dei viveu uma grande transformação nos últimos anos. Até 2011 era só um hospital. Tudo isso só foi possível porque houve um alinhamento da família, investimos em formação e conquistamos a validação dos diversos públicos para a solução encontrada. Foram muitos alinhamentos construídos. Isso se deve a nossa capacidade de nos entendermos, sempre buscando o melhor para o Mater Dei, customizando as soluções que fomos conhecer na Europa e nos Estados Unidos para a nossa realidade”, completa o gestor.