Negócios

Seis a cada dez brechós já operam com lojas físicas e digitais em Minas Gerais

Pesquisa inédita do Sebrae Minas sobre o mercado de brechós no Estado revela crescimento do setor a partir da pandemia
Atualizado em 17 de setembro de 2024 • 13:05
Seis a cada dez brechós já operam com lojas físicas e digitais em Minas Gerais
Apresentação de dados inéditos sobre o mercado dos brechós reuniu empreendedoras e emprenhadores de todo o Estado | Crédito: Diário do Comércio/ Dione AS

Seis a cada dez brechós em Minas Gerais já funcionam simultaneamente como lojas físicas e virtuais. É o que revela uma pesquisa inédita do Sebrae Minas sobre o mercado de brechós no Estado, divulgada nesta terça-feira (17).

O estudo mostra que o setor foi impulsionado, principalmente, pela pandemia, quando a atividade ganhou relevância em municípios mineiros, assegurando emprego e renda para as famílias e valorizando práticas sustentáveis e a economia circular.

Além disso, também motivou o crescimento deste mercado uma mudança de comportamento nas tendências da moda, estimulada pelo surgimento de novos públicos. Isso ajudou a aquecer o setor e também adicionou novos empreendimentos ao mercado.

Ainda conforme a pesquisa, 22% das micro e pequenas empresas mineiras do ramo investem somente em lojas físicas, enquanto a mesma porcentagem continua apostando em estabelecimentos que operam exclusivamente pelos canais digitais.

“Minas Gerais se tornou referência nos últimos anos pelo crescimento de brechós, se tornando um dos destaques em todo o País na geração de renda. No entanto, conquistar novos clientes é sempre um desafio a mais para os empreendedores, o que os motiva a buscar variadas opções de canais de vendas. Os números mostram que há uma tendência significativa de expansão múltipla das plataformas, com o objetivo de maximizar o alcance e a conveniência tanto para os vendedores quanto para os consumidores”, avalia a analista do Sebrae Minas, Tábata Moreira.

Donas de brechós acompanham divulgação de pesquisa inédita do Sebrae sobre mercado de brechós em Minas Gerais
Donas de brechós de todo o Estado acompanham a divulgação do relatório sobre o segmento | Crédito: Diário do Comércio/ Dione AS

Perfil dos consumidores

A pesquisa também abordou o comportamento dos consumidores na aquisição de peças de roupas dos brechós. Para 61% dos entrevistados, a preferência pelo mercado de usados se deve à qualidade das peças. Outros 27% acreditam que os clientes compram pela possibilidade de terem acesso a roupas de grife com preços acessíveis.

“Muitos clientes já se atentaram para o consumo consciente das peças e para a possibilidade de adquirirem roupas de alto padrão que teriam um valor mais elevado nas lojas convencionais. Logo, eles estimulam o reuso das peças e contribuem para o fortalecimento dos negócios do setor”, explica a analista do Sebrae Minas.

Empreendedora aposta no TikTok para vender mais

No bairro Santa Cecília, na região do Barreiro, em Belo Horizonte, está situado o Distacco Fashion Store, fundado por Katia Almeida. Ela viu no segmento de brechós uma oportunidade e começou a empreender em 2016 logo após ficar desempregada. Foi a forma que encontrou para viver de forma independente e fazer a sua renda.

“Escolhi esse segmento pois era possível empreender com baixo custo. Comecei na garagem da minha casa e deu certo. Passei a investir mais no meu negócio e, com o passar do tempo, em 2018, vi a necessidade de migrar para o digital, mas mantive a minha loja física. Até porque as pessoas gostam de experimentar a peça, pegar no tecido, provar na loja, e esse público ainda é grande”, enfatiza.

Uma das apostas mais recentes da empreendedora foi investir em canais diferenciados no meio digital, para além do Instagram e do Facebook, para vender seus produtos.

“Hoje eu também estou no TikTok justamente para alcançar um novo público, que é mais jovem. E com a moda circular, que é a moda do futuro, mostro também aos jovens a oportunidade de ficar na moda e apoiar empreendimentos com essa proposta que está crescendo não somente no Brasil, mas no mundo”, pontua Katia Almeida.

Moda criativa é fomentada por pequenos negócios

Proprietária do Brechó da Jó, que fica na cidade de Formiga, no Centro-Oeste mineiro, Josiane Rezende viajou quase 230 quilômetros para acompanhar a divulgação do estudo do Sebrae sobre o setor em Belo Horizonte.

Ela conta que eventos como este, que reúnem empreendedores de brechó em cidades mineiras, é uma oportunidade para fortalecer negócios e propósitos.

“Em Formiga, tenho um brechó desde 2017, e a gente sabe da importância dos brechós que já existem há mais de 80 anos, mas que vêm mudando de nome ao longo dos anos até chegarmos na então moda circular”, pontua.

Para ela, o crescimento de negócios na internet, traz um novo olhar sobre a atuação dos brechós e reforça o quanto é necessário repensar a moda no dia a dia.

“Estou na internet desde o início. Há oito anos tenho visto que o digital ajuda a reforçar a importância de reciclar e restaurar as peças, reutilizar o guarda-roupa e criar um conceito de que transferir e reutilizar itens de vestuário e acessórios realmente fazem diferença na vida das pessoas”, conclui.

Brechós ajudam Minas a impulsionar o mercado da moda

Com o crescimento do mercado de reuso de peças, principalmente durante a pandemia, o Sebrae Minas criou o Moda Brechó (anteriormente chamado de “Viver de Brechó”), iniciativa que, desde 2022, oferece capacitações em gestão, finanças e marketing e incentivo à formalização nos negócios.

Nas ações, as empreendedoras aprendem sobre estratégias de relacionamento com o cliente, marketing digital e técnicas de vendas.

A iniciativa integra as ações do programa Integra Moda, desenvolvido para tornar Minas Gerais uma referência na moda e também uma das principais rotas de comércio desse mercado no País.

O programa também inclui a promoção de eventos e ações direcionados a diversos segmentos da moda, respeitando e ativando as vocações locais por meio da inteligência de dados.

Veja mais dados inéditos sobre o mercado de brechós em Minas Gerais

A pesquisa foi realizado entre outubro de 2023 e março de 2024, com cerca de 100 brechós distribuídos por cidades em várias regiões de Minas Gerais. Entre os donos de pequenos negócios entrevistados, observa-se que:

  • 52% já estão no ramo dos brechós há pelo menos três anos;
  • 16% trabalham com os empreendimentos de cinco a oito anos;
  • 13% estão no negócio há mais de oito anos;
  • 16% se encontram nesse tipo de atividade há menos de um ano,
  • 31% dos entrevistados apontaram que trabalham nos brechós de um a três anos.

“O ramo de brechós sempre teve uma dinâmica ao longo dos anos, com muitas entradas novas, mas se tornou uma base estável de operações no longo prazo. Isso significa que é uma atividade com boa retenção após o período crítico enfrentado por todo tipo de negócio, independentemente do setor”, explica a analista do Sebrae Minas, Tábata Moreira.

Imagem mostra duas palestrantes apresentando uma pesquisa inédita do Sebrae Minas sobre o mercado de brechós em Minas Gerais
Sebrae Minas divulga pesquisa inédita sobre o mercado de brechós em Minas Gerais | Diário do Comércio/ Dione AS

O estudo também mostra que 47% dos pequenos negócios se preocupam com o marketing e atração de novos clientes. Para 41%, a maior preocupação é a aquisição de estoque de qualidade, enquanto 33% dos entrevistados relataram problemas de gestão financeira.

Por fim, 32% dos donos de brechós lembraram do controle e organização de estoque e 25% afirmam que a sazonalidade das vendas é o principal desafio do negócio.

Rádio Itatiaia

Ouça a rádio de Minas