A arte de criar sorrisos

Existe no Brasil um segmento de negócios pouco falado, que praticamente trabalha em silêncio, mas é responsável pela alegria de muita gente. São os laboratórios de prótese dentária. Eles apresentam características singulares que fazem do processo de gestão uma arte tão admirável quanto o domínio técnico e a habilidade das mãos dos protéticos que confeccionam os elementos que vão compor sorrisos perfeitos. A excelência destes profissionais, pode-se dizer verdadeiros artistas, somado à tecnologia empregada e ao conhecimento acumulado, tornam o Brasil uma referência mundial em prótese dentária.

Diferentemente de outras áreas produtivas, a atividade dos laboratórios de prótese passa por uma produção individualizada, onde cada peça precisa ser única. Mas, ainda assim, trata-se de uma linha de produção que requer atenção, critério e extremo cuidado com o processo, sob o risco de frustrar muitas expectativas: dos dentistas, dos pacientes e, obviamente, dos donos dos laboratórios que precisam fazer do seu negócio algo produtivo e lucrativo no seu sentido mais amplo.

Muitos empreendedores do ramo odontológico, mercado lucrativo no qual se concentram marcas gigantes de produtos e equipamentos, são experts no que fazem, mas, ocupados em entregar seus trabalhos em tempo hábil para estar, literalmente, na boca do cliente, não tiveram a oportunidade de obter conhecimentos específicos para o seu laboratório ou clínica enquanto negócio. Nestes ambientes é possível encontrar processos travados que poderiam estar fluindo muito melhor. Por isso um dos objetivos de uma consultoria de gestão em laboratórios é transmutar energias densas em energia produtiva. Traduzindo, é preciso mudar a cultura quebrando alguns paradigmas.

O primeiro e mais importante deles, que acaba sendo o maior desafio de uma consultoria de gestão, diz respeito à resistência quanto a organização, medição e acompanhamento de processos. Este pensamento é percebido na mente de gestores que se esquecem do conceito básico de que o que não é medido não pode ser gerenciado. Não por acaso é por eles, os proprietários, a porta de entrada para o trabalho de gestão. São os primeiros que precisam entender que “potência não é nada sem controle”, tomando emprestado aqui a bela frase de uma antiga campanha da Pirelli.

Outro caminho inevitável para ser explorado na gestão de qualquer negócio é o das finanças. Esta é também outra grande dificuldade para dez entre dez empreendedores, principalmente no ramo de serviços, no qual se percebe uma certa timidez quando o assunto é o valor do serviço. Mas é preciso entender que não se pode ter baixa autoestima quando se presta um serviço de qualidade. E é fácil alcançar isso por meio de um trabalho simples, conciso, que usa um código de linguagem adequado ao perfil do cliente, como é trabalhado na Metodologia 2Go: máxima eficiência com o mínimo de estrutura. Com base neste conceito, um laboratório saltou, em 30 dias, de R$67 mil negativos para R$ 120 mil positivos, simplesmente pela coragem de dizer não para clientes que não pagavam à vista.

Exemplos como esse indicam que sim, é possível estabelecer um excelente programa de gestão nos laboratórios. Um empresário de qualquer segmento precisa cuidar do seu negócio com o mesmo carinho e dedicação aplicados no seu serviço ou produto final. Fazer uma boa gestão exige uma mudança de cultura quanto à forma de tratar a sua fonte de receita. É preciso regar a semente para se ter uma árvore e multiplicar os pães antes de dividi-los com quem merece e precisa. É necessário ser sujeito e não objeto da sua própria existência.

A mudança – e o surgimento de resultados – começa a partir do momento em que os empreendedores entendem que ter lucro é possuir reservas financeiras que lhes permitam deslizar pela vida ao invés de se arrastar por ela. É poder compartilhar sorrisos e dividendos não somente com os clientes, mas também com parceiros e colaboradores. E, finalmente, depois de administrar bem o negócio, ter mais tempo para ser humano.

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