Negócios

A busca pela resiliência

A busca pela resiliência

RINALDO DE CASTRO OLIVEIRA*

Em ensaios anteriores tenho defendido uma maior integração entre os estudos acadêmicos e o pragmatismo empresarial como forma de promover conhecimento e melhorias para o sistema gerencial. Em linha com esse pensamento, neste ensaio me proponho a trazer uma reflexão sobre o tema resiliência organizacional na visão de dois importantes pesquisadores, professores e consultores do campo da administração, Gary Hamel e Liisa Välikangas. Utilizo como base o artigo publicado por eles em 2003 na Harvard Business Review, intitulado como “The Quest for Resilience”.Finalizou-se de mais um ano, com a expectativa que seja o fechamento do maior ciclo recessivo da nossa economia, e esperança em tempos melhores. No entanto, mesmo diante de um cenário mais promissor, a resiliência organizacional é um tema que sempre merece a nossa atenção.

Define-se resiliência como a habilidade de dinamicamente reinventar estratégias e modelos de negócios devido às mudanças do ambiente, considerando que as estratégias de resiliência não são aplicadas somente em momentos de crise. Hamel e Välikangas defendem a importância de as organizações desenvolverem estratégias proativas de resiliência, para lidarem melhor em ambientes de negócios cada vez mais turbulentos.

Tecnologias disruptivas, mudanças regulatórias repentinas, conflitos geopolíticos, desintermediação de cadeias produtivas, mudanças dos hábitos de consumo, e o surgimento de competidores não tradicionais são algumas forças que reduzem a competitividade das empresas. A capacidade de renovação deve ser a consequência natural da resiliência.

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As organizações precisam construir constantemente seu futuro,ao invés de defender seu passado, reconhecendo que as práticas atuais muitas vezes são inadequadas para lidar com os novos riscos do mercado. Mudanças revolucionárias precisam ocorrer por meio de evoluções passo a passo, de maneira sistemática e não traumática. Para tal, uma empresa que pretende ser resiliente precisa lidar com quatro desafios: i) cognitivo – a empresa precisa estar livre de nostalgia e arrogância; ii) estratégico – a resiliência requer identificar alternativas, novos negócios em substituição daqueles em decadência; iii) político – a empresa precisa ser capaz de direcionar recursos para os produtos do futuro; e iv) ideológico – poucas organizações questionam a doutrina da otimização. Interessante observar que a busca pela otimização pode ser um paradoxo que muitas vezes limita as empresas a pensarem em novas alternativas de produtos e negócios, reduzindo a capacidade de resiliência das mesmas.

Como iniciativas para aumentar a capacidade das empresas em reconhecer as tendências de futuro, os gestores precisam criar o hábito de visitar lugares onde as mudanças ocorrem primeiro, manter contato com pessoas jovens, filtrar os filtros que os bloqueiam, e reconhecer o quanto antes que as estratégias atuais são inevitavelmente decadentes, pois elas são copiadas, suplantadas por outras melhores, se exaurem devido à saturação do mercado, e, finalmente, são evisceradas, principalmente pelo impacto das novas tecnologias.
Diversidade é outra característica importante, e que afeta a resiliência da empresa. Quanto menor for a amplitude das suas estratégias frente as mudanças que impactam a organização, maiores são as chances do seu negócio ser vítima da turbulência. Por fim, toda empresa com capacidade de perceber o seu ambiente, de criar estratégias inovadoras, e realinhar seus recursos de maneira mais rápida que seus concorrentes terá uma decisiva vantagem no mercado. Esta é a essência da resiliência.
Feliz 2019…que seja repleto de boas oportunidades e de novos caminhos!

*Sócio-diretor da DMEP

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