A governança como foco
O estudo do ESG (sigla, em inglês para ambiental, social e governança) deve estar apoiado nas melhores práticas de governança corporativa, para que caminhos possíveis sejam identificados na perpetuação do negócio, adequando-o constantemente às condições e necessidades ambientais e sociais.
A responsabilidade corporativa, pilar da governança, é o zelo que devem ter os agentes de governança pela sustentabilidade das organizações, visando a sua longevidade, reduzindo as externalidades negativas de seus negócios e suas operações, aumentando as positivas, levando em consideração, no seu modelo de negócios, os diversos capitais, dentre eles, o financeiro, o manufaturado, o intelectual, o humano, o social, o ambiental, o reputacional etc. (Código do IBGC, 5ª Edição).
O ser humano, a coletividade e o meio ambiente exigem uma gestão assertiva e são fundamentais na pretendida longevidade da empresa. E o elo entre eles está na correta noção de governança e de sua aplicabilidade. Questões complementares surgem naturalmente: as melhores práticas são garantia de longevidade (não só da empresa, mas do ecossistema que a envolve)? A natureza e o ser humano encontram-se integrados ao seu planejamento estratégico e, portanto, em rubricas próprias orçamentárias?
Hawken (2010) afirma que a adoção de práticas ambientais pelas empresas não prejudica o seu resultado financeiro, podendo, inclusive, melhorá-lo: 1) acabando com o desperdício; 2) usando energia renovável; 3) atribuindo responsabilidades, monitorando as ações e exigindo retorno.
Os stakeholders se interessam pela responsabilidade socioambiental de uma empresa. Intenção e organização são indispensáveis no atingimento dessa meta, com ganhos reais, como o maior acesso aos mercados internacionais e, também, às linhas de crédito diferenciadas.
É possível ter empresas lucrativas e em constante desenvolvimento, com métodos comerciais sustentáveis, que não destruam, direta ou indiretamente, o mundo ao seu redor.
Por último, mas não menos importante, é que todas essas considerações se mostram incompletas sem o enfrentamento que permeia o ângulo consumerista: a própria sociedade necessita despertar para o consumo consciente, em escalas compatíveis com a capacidade de se explorar os recursos ainda disponíveis, pensando sempre nas gerações vindouras. A boa governança deve ser encontrada na sua essência, não na sua forma (DOUGUET; SCHEMBRI, 2000).
A governança bem estruturada evita tanto o falso social como o falso ambiental (o greenwashing). O Instituto de Defesa do Consumidor (Idec) (https://idec.org.br/greenwashing), em estudo, apresenta os sete sinais que ajudam o consumidor a identificar o falso ambiental: 1) ausência de provas: ausência de fatos e dados científicos; e não explicitação de ingredientes nos rótulos, por exemplo; 2) troca oculta: ênfase de uma questão ambiental em detrimento de outra mais séria – uso do plástico como economia de água, pela desnecessidade de se lavar o copo de água; 3) Vagueza e imprecisão: uso de termos vagos e imprecisos, sem fornecimento de detalhes ou explicações de ações ambientalmente concretas; 4) Irrelevância: apela-se para algo que é verdadeiro, mas que é irrelevante para o consumidor que busca uma vantagem ambiental no produto; 5) Menor de dois males: o apelo ambiental pode ser verdadeiro, como, por exemplo, a afirmação de que o produto possui menos plástico, o que não diminui o problema de seu descarte; 6) Mentira: declarações e reivindicações falsas nas embalagens; 7) Falsa sugestão ou falso rótulo: uso de imagens que parecem selos de certificação e que induzem o consumidor a achar que está diante de uma empresa compromissada ambientalmente.
Se o consumidor já se deparou com situações como as descritas acima, o que faltou à empresa foi governança, principalmente, transparência, ética e compliance.
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