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Adoção da IA generativa é questionável

Mais de 80% citaram a falta de um roteiro estratégico e de governança de IA generativa como principais barreiras
Adoção da IA generativa é questionável
Crédito: Pixabay

Uma nova análise do Boston Consulting Group (BCG) mostra que 52% dos líderes em todo o mundo ainda desencorajam a adoção de inteligência artificial generativa por seus colaboradores. De acordo com a consultoria, as principais preocupações que levam a esse comportamento têm relação com a rastreabilidade limitada da ferramenta, potenciais erros para a tomada de decisões, falta de competências e incertezas quanto à segurança de dados.

A pesquisa do BCG foi realizada com mais de dois mil executivos de empresas globais, em mais de 20 setores de atuação, e a principal descoberta foi em relação à maturidade: em negócios mais iniciantes na adoção da inteligência artificial, a rejeição passa dos 50%. Empresas mais maduras digitalmente têm maior aderência à tecnologia, mas são minoria – 3% dos respondentes afirmaram que a IA generativa agrega valor ao negócio e já usam ferramentas com a tecnologia no dia a dia.

“Toda inovação exige cautela antes de ser aplicada nos processos do negócio e, nesse caso, não é diferente. Apesar disso, é importante que as empresas compreendam suas dificuldades e tracem um plano de ação para, principalmente, manterem um nível competitivo”, afirma o sócio e líder da prática de pessoas e organizações do BCG, Santino Lacanna.

Uma das maiores preocupações ouvidas pelo BCG por mais de 80% dos entrevistados é sobre a própria tecnologia, como a rastreabilidade limitada e a inconstância nas respostas dadas pela ferramenta. Essas são questões que podem atrapalhar a tomada de decisões ou resultar em implicações jurídicas. A segurança de dados e o acesso não autorizado a informações são outros pontos de atenção para líderes que desencorajam o uso de GenIA. “Alguns entrevistados afirmaram ter receio de usar a ferramenta e colocar em risco as informações sobre seus clientes. A implementação de um sistema de criptografia e controles de acesso aos dados podem resolver essas questões, mas investir em treinamento e em uma cultura de conscientização em segurança digital é essencial”, afirma Santino.

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O BCG também identificou quais os principais desafios relatados pelas empresas entrevistadas. Mais de 80% citaram a falta de um roteiro estratégico e de governança de IA generativa como principais barreiras, e mais de 70% disseram não ter acesso à talentos especializados na tecnologia. Apesar do cenário geral um pouco negativo, a pesquisa revelou, ainda, as qualidades da IA generativa que são valorizadas pelos executivos entrevistados. A maioria dos líderes está otimista quanto ao potencial de retorno sob investimento da GenIA, e pareceram confiantes em relação à qualidade e disponibilidade de dados que possuem para sustentar e permitir o uso da tecnologia em seus negócios.

Em uma análise específica de líderes na adoção de IA generativa, o BCG procurou compreender a abordagem e o sucesso dessas empresas. Muitas delas ficam na América do Norte e atuam no setor de tecnologia, mídia e telecomunicações, e quatro pontos focais em comum em suas jornadas rumo à maturidade digital foram identificados:

Investir e apoiar: organizações maduras no quesito GenIA investem e apoiam novos negócios de inovação em IA generativa. Um exemplo é um fundo de US$ 500 milhões anunciado pela Salesforce em junho, voltado para startups como a Anthropic e a Cohere, que constroem grandes modelos de linguagem e se concentram em aplicações empresariais e na segurança das plataformas.

Parcerias estratégicas: parcerias colaborativas são uma marca registrada das empresas pioneiras em GenIA. Por exemplo, o Zoom uniu forças com a Anthropic, startup de segurança em IA generativa, para aprimorar sua plataforma de atendimento ao consumidor com recursos de agente virtual.

Construindo novas habilidades: integrar as habilidades relacionadas à IA generativa nas operações é uma estratégia fundamental. A Palo Alto Networks, líder em segurança cibernética, está incorporando recursos GenAI para aprimorar suas soluções de detecção e prevenção de ameaças. Outro exemplo é o lançamento do Infinity Quizzes pelo BuzzFeed, desenvolvido por IA generativa, que mostra como as organizações de mídia podem aproveitar a tecnologia para criar conteúdo personalizado e envolvente.

Contratação e qualificação de talentos: empresas pioneiras reconhecem a relevância de um profissional bem-preparado, por isso promovem treinamentos para a capacitação e investem em talentos especializados. Segundo o BCG, essas empresas têm três vezes mais funcionários usando IA diariamente do que outras empresas.

“É importante lembrar que não existe uma receita: cada empresa precisará compreender, de forma individual, como a IA generativa pode colaborar para uma operação mais eficiente e produtiva. A GenIA não é uma tendência de negócio passageira e, por isso, reforço que é essencial se preparar para adaptar estratégias e processos para o uso da tecnologia. Empresas pioneiras já veem esse valor, que será ainda maior no futuro”, finaliza Santino.

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