Água mineral não faltará em Minas mesmo com ondas de calor

Lojas de serviços de climatização, ar-condicionado e ventiladores, sorveterias, clubes. Não são poucos os negócios que aqueceram as vendas e a demanda de serviços e acabaram registrando crescimento no setor em função das ondas de calor que atingiram o País recentemente. O mesmo não poderia ser diferente com a água mineral, segmento que fatura cerca de R$ 9,5 bilhões no País anualmente e já registra um aumento de vendas 20% maior que o ano passado.
As informações são do presidente da Associação Brasileira da Indústria de Águas Minerais (Abinam), Carlos Alberto Lancia. Ele informa que, com exceção da região Sul, todas as regiões do Brasil registraram aumento de demanda. E a tendência é ampliar ainda mais.
No verão, período que compreende os dias entre 22 de dezembro e 20 de março, a expectativa é a de que o consumo fique até 40% maior, conforme o presidente. Além disso, dados de institutos de meteorologia internacionais que a associação consulta frequentemente informam, de acordo com Lancia, que a onda de calor que chegará agora em dezembro será a primeira das 30 que estão por vir até junho de 2024.
Apesar dos números alarmantes, da chegada do verão e da expectativa de mais ondas de calor, Lancia garante que não faltará água. “O que a gente não pode garantir é a preferência de marcas, mas água não vai faltar”, enfatiza. Ele informa que a capacidade de produção da indústria de água mineral é maior que a demanda e, mesmo com as festas de fim de ano, o verão e o Carnaval, o País não sofrerá desabastecimento.
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Na Distribuidora Águas Minerais BH, que tem órgãos públicos como clientes exclusivos, a alta do consumo e da demanda também foi percebida. Daniela Marques, do setor financeiro da empresa, explica que por serem contratos conquistados previamente, a previsão de compras é pré-estabelecida, e neles já pressupõem um aumento de 25% nos meses de outubro a dezembro. “O que a gente percebeu é que, para este ano, o volume contratado já foi consumido e a demanda vai ter que ser ampliada”, conta.
A cidade de Governador Valadares, na região do Vale Rio Doce, consome, desde 2015, um alto nível de água mineral. Naquele ano, a lama da barragem de rejeitos de Fundão, de propriedade da mineradora Samarco, controlada pelas empresas Vale e BHP Billiton, se rompeu em Mariana, e despejou cerca de 60 milhões de metros cúbicos de rejeitos de minério de ferro na cidade, poluindo rios e deixando consequências negativas em toda a bacia do rio Doce. O fato fez com que moradores da cidade optassem pelo consumo da água mineral, hábito que muitos ainda mantêm.
O empresário Matheus Silveira, que possui uma distribuidora de água mineral na cidade banhada pelo rio Doce, percebe que a maioria dos lares do município consome água embalada. No setor desde 2019, ele tira a informação da experiência pessoal e de vendas no setor. “Acredito que cerca de 70% dos moradores daqui consomem água mineral na cidade. Primeiro devido à lama no rio Doce, depois em função do calor”, comenta.
A cidade do Vale do Rio Doce é conhecida pelas temperaturas elevadas e, com a onda de calor, elas têm sido superadas. Em novembro, o calor da cidade alcançou o recorde e registrou 40,3ºC. Na Distribuidora Minas, de Silveira, as altas temperaturas fizeram as vendas dispararem, passando de 900 para 1400 galões por semana, um aumento de 55%. “Eu já estou até deixando de atender novos clientes”, comenta.
Em Montes Claros, uma das cidades que chegou a decretar situação de emergência em função da seca, o aumento da demanda por água mineral também aconteceu. Agostinho Dias, da distribuidora TIM, comenta que o aumento da procura pelos galões girou em torno de 20%. “Foi acima do esperado. Normalmente, nessa época do ano chove, amenizando o calor, mas este ano ainda não choveu. Mas acredito que daqui para frente, se vier a chuva, a demanda deva reduzir ”, relata.
Selo Fiscal será adotado em Minas Gerais em 2024
O presidente da Associação Brasileira da Indústria de Águas Minerais (Abinam), Carlos Alberto Lancia, antecipou para o DIÁRIO DO COMÉRCIO a aprovação em todo o Estado de Minas Gerais do Selo Fiscal, Garantia de Origem, Sanitária e Ambiental em embalagens de água mineral, natural ou potável de mesa e adicionada de sais.
“Nós procuramos o governador (Romeu Zema), mostramos as vantagens de adotar o selo e ele passará a valer em Minas em março de 2024”, comenta Lancia. A exigência do selo, para o presidente, representa um avanço para o mercado de águas no Estado, uma vez que contribui com o combate à concorrência desleal, evita a falsificação do produto, a sonegação de impostos e garante ao consumidor a procedência da água comercializada.
“Ganha o meio ambiente, a saúde pública e o Estado”, diz. Além disso, ele ressalta que cumpre a Política Nacional de Resíduos Sólidos em relação à economia circular. Conforme o presidente, com o selo a expectativa é de que as empresas recolham 23% das embalagens descartáveis até o final de 2024 e 99% até o final de 2030. “São Paulo já adere ao selo e diversos estados do Nordeste também, por isso procuramos Minas, que ainda não aderia”, revela.
Com a adesão às regras, as empresas envasadoras passam a ser obrigadas a fixar o Selo Fiscal em todos os vasilhames retornáveis de maior volume e, para comercializar o produto no Estado, passam a ter de cumprir exigências que serão amplamente divulgadas na ocasião do lançamento da adesão.
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