América trabalha para atrair aportes e se transformar em clube-empresa

Não é de hoje a discussão sobre a transformação dos times de futebol brasileiros em clubes-empresas. No País, dos 40 grupos que disputam a primeira e a segunda divisões do Campeonato Brasileiro, somente três possuem o formato empresarial, tão famoso e disseminado pela Europa: Botafogo-SP, Cuiabá e Red Bull Bragantino. O América Futebol Clube pode ser o próximo a deixar de ser uma associação sem fins lucrativos.
Para isso, desde 2019, o Coelho trabalha em parceria com a consultoria Ernst & Young, em um projeto de revisão da estrutura de governança do clube, com o objetivo de fortalecer a gestão em uma estratégia de 20 anos. A partir do trabalho, o América modelou um projeto e abriu processo de atração de parceiros externos com o objetivo de ampliar os investimentos no futebol, como por exemplo, potencializar a revelação e formação de atletas e aprimorar o Centro de Treinamento (CT) Lanna Drumond.
Ao que parece, este será um dos legados de Marcus Salum, que deixa a presidência do Conselho de Administração do clube no fim deste mês. “Entendemos que o América é um clube muito organizado, mas precisa de mais um salto para elevar seu patamar. Temos uma limitação no orçamento para formar um grande clube e torná-lo um grande time, por isso, buscamos a consultoria e encontramos um modelo que melhor parece se adequar”, explicou.

O dirigente se refere a um trabalho de governança atrelado à captação de recursos para o fortalecimento do clube, se limitando, porém, ao futebol. “Queremos um sócio e não um comprador. O restante continuará intacto. Na prática, este sócio junto com o clube formará uma nova empresa – New Co – para administrar o futebol e tudo o que for necessário”, explicou.
Esta nova empresa terá um Conselho de Administração com três pessoas, uma representante dos investidores, uma do clube-associação e uma contratação. Haverá ainda cláusulas de proteção ao América, as chamadas golden share, que preservará as principais características e ativos do clube, como nome, escudo, cores, localização e patrimônio.
A ideia de Salum era que o projeto fosse encaminhado no final deste mês, quando acaba sua gestão, porém, a pandemia de Covid-19 e a paralisação dos campeonatos acabaram atrapalhando os planos. Mas, segundo ele, o modelo de governança já foi todo estruturado, a documentação está pronta e há acordos de intenções com pelo menos sete possíveis investidores que estão estudando o projeto.
“Ainda não recebemos nenhuma proposta concreta que nos atenda. Se até o final do ano estivermos negociando com algum investidor estaremos em um bom prazo. Afinal, não se transforma uma entidade de 109 anos em um piscar de olhos. Precisamos de tempo e cuidado. A gente só sugere e a definição final é do Conselho Deliberativo. A atitude para mudar o futuro do América nós já tomamos. E quando tivermos um real investidor, poderemos trabalhar com mais tranquilidade e afinco”, argumentou.
Ouça a rádio de Minas