Aperam avança na neutralização de CO2

As práticas de remoção de carbono da atmosfera são cada vez mais caras e urgentes e permeiam discussões em diferentes âmbitos da sociedade, especialmente no meio industrial. Neste contexto, as florestas plantadas surgem como importantes aliadas deste processo e cases nacionais e mineiros começam a ganhar o mundo como modelos a serem adotados. A unidade florestal da Aperam South America, localizada no Vale do Jequitinhonha, por exemplo, fez recentemente a primeira venda de uma empresa brasileira no mercado de remoções de gás carbônico.
Diferentemente de outros setores, onde o carbono é apenas emitido na atmosfera, as florestas absorvem o gás enquanto crescem ou se mantêm e soltam quando degradadas ou desmatadas. Estudo de 2021 da Global Forest Watch em parceria com o World Research Institute mostrou que as florestas do mundo emitem em média 8,1 bilhões de toneladas de dióxido de carbono na atmosfera todos os anos por conta de desmatamento e degradação, e absorvem 16 bilhões de toneladas de CO2e por ano.
Diante do potencial, empresas, pesquisadores e lideranças da silvicultura brasileira estão se mobilizando para incluir o potencial de remoção de carbono das florestas plantadas nacionais nas discussões sobre esse novo mercado na COP 27, que vai ocorrer em novembro, no Egito. A conferência terá como um de seus objetivos as negociações de certificados de remoções de CO2e entre países para o cumprimento das metas em combate ao aquecimento global.
Neste contexto, a eficiência dos créditos de remoção de carbono das florestas plantadas é cada vez mais reconhecida e novas tecnologias de remoção estão sendo desenvolvidas e certificadas. O gás removido também já está sendo negociado como crédito, a preços a partir de 100 euros por tonelada.
O conteúdo continua após o "Você pode gostar".
No fim do mês passado, a Aperam South America fechou o primeiro contrato na América Latina para a venda de créditos de remoção de carbono para a empresa canadense Invert Inc, especializada na remoção e compensação de emissões de CO2, como publicou o DIÁRIO DO COMÉRCIO.
Localizada no Vale do Jequitinhonha (nos municípios de Capelinha, Turmalina, Itamarandiba, Veredinha e Minas Novas), a Aperam BioEnergia está dedicada ao cultivo de florestas renováveis e produção de carvão vegetal utilizado para a produção do Aço Verde Aperam, na usina de Timóteo, no Vale do Aço, capaz de produzir 900 mil toneladas de aço líquido por ano.
Tamanho sucesso, que a empresa foi convidada a apresentar seu case no mercado de carbono no “Diálogos sobre Silvicultura de Carbono”, organizado pelo Instituto de Ipef – Pesquisa e Estudos Florestais em Piracicaba (SP). Na ocasião, o engenheiro florestal da Aperam BioEnergia, Mario Melo, apresentou as ações inovadoras e inéditas da unidade.
“Graças às florestas a empresa se tornou a primeira do mundo em seu segmento a atingir a neutralidade entre emissões e remoções de carbono nos escopos 1 e 2”, lembrou o engenheiro. Ele também ressaltou o pioneirismo da empresa com o contrato de comercialização de carbono, abrindo as portas desse novo negócio para o Brasil.
A partir das estratégias de sustentabilidade, tecnologias e processos, a Aperam BioEnergia comprovou ter removido 1.100 toneladas de CO2e da atmosfera com a aplicação de uma biomassa conhecida como Biochar no solo de suas florestas plantadas, que retém o dióxido de carbono por centenas de anos. O Biochar é uma parte do carvão vegetal produzido na unidade com a madeira das florestas renováveis de eucalipto. Devido sua granulometria, não é aproveitado na siderúrgica, em Timóteo, como carvão vegetal para a produção do Aço Verde Aperam.
“Nossa experiência gerou muito interesse porque esse é um mercado ainda pouco explorado, no qual o Brasil tem um potencial incrível”, disse.
Mercado de florestas plantadas
No Brasil, o setor de silvicultura cultiva hoje para fins industriais 9,55 milhões de hectares de florestas renováveis, boa parte em áreas que já foram degradadas. Por outro lado, destina 6,05 milhões de hectares para conservação de florestas nativas, segundo o Instituto Brasileiro de Florestas. Juntas, as duas áreas estocam 1,88 bilhão de CO2e.
Ouça a rádio de Minas