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Após revitalização, Café Nice reabre na Praça Sete com investimento de R$ 300 mil

Ícone de Belo Horizonte preserva elementos históricos e ganha novos ajustes para reforçar a experiência do público e o potencial turístico
Atualizado em 23 de setembro de 2025 • 15:01
Após revitalização, Café Nice reabre na Praça Sete com investimento de R$ 300 mil
Foto: Diário do Comércio/ Giulia Simmons

O tradicional Café Nice reabriu as portas revitalizado nesta terça-feira (23), com a proposta de, além de funcionar como ponto de conveniência, tornar-se também um destino turístico em Belo Horizonte. A reforma do espaço demandou investimento de cerca de R$ 300 mil.

Presente na Praça Sete há 86 anos, o Café Nice faz parte da história da cidade e, recentemente, enfrentou uma de suas piores crises financeiras, chegando a correr risco de fechar.

Para a readequação, o Café Nice contou com patrocínio da Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL-BH) e da Gerdau, além de apoio do Banco Mercantil, do ex-presidente da Câmara Municipal Gabriel Azevedo e de um financiamento coletivo que reuniu centenas de contribuições. A iniciativa foi considerada essencial para evitar o fechamento do espaço.

Coletiva de imprensa sobre revitalização do Café Nice
Da esquerda para a direita: professor de Direito Constitucional e ex-presidente da CMBH, Gabriel Azevedo; designer de arte e coordenador do projeto de revitalização, Rafael Quick; proprietário do Café Nice, Tadeu Moura Caldeira; CEO da Gerdau, Gustavo Werneck da Cunha; presidente da CDL-BH, Marcelo Souza e Silva | Foto: Diário do Comércio/ Giulia Simmons

Durante o evento de reinauguração, o presidente da CDL-BH, Marcelo de Souza e Silva, destacou que o Café Nice é um ponto histórico de Belo Horizonte e que, por isso, foi importante apoiar o projeto para evitar o fechamento da unidade.

“Trouxemos vida nova para o Café Nice, que é para todos nós, cidadãos de Belo Horizonte. Estamos entregando uma marca diferenciada e um ponto de encontro para reunir as pessoas. A revitalização também contribui para a recuperação do Centro da cidade. Pensando na continuidade do café, vamos apoiar os proprietários na gestão do estabelecimento, o que é muito importante”, disse.

Mudanças que enaltecem a história

O projeto de revitalização foi elaborado de forma cuidadosa, buscando preservar elementos originais, como os azulejos históricos e o icônico balcão, e, ao mesmo tempo, promover ajustes para valorizar a experiência do público, como a instalação de bancos, criação de produtos personalizados, painel de fotos históricas, nova fachada com melhor identificação do café, novo cardápio luminoso, expositor de souvenirs e placas comemorativas.

Também foram realizadas intervenções funcionais, como manutenção do sistema elétrico, aquisição e reforma de maquinário, novo mobiliário e treinamento da equipe.

O coordenador do projeto de revitalização por meio da Oficina Paraíso, Rafael Quick, explicou que a reforma teve o objetivo de ressaltar a história do café e proporcionar mais conforto aos consumidores.

“O Nice é um ponto de encontro, um lugar para estar, revisitar e celebrar. Fizemos poucas mudanças para valorizar ainda mais essa história: acrescentamos fotos nas paredes e alguns banquinhos. Mantivemos o cardápio e trouxemos novidades, como três coquetéis alcoólicos. Nosso objetivo é que o Café esteja na rota do turista de Belo Horizonte, que, além de tomar um cafezinho, poderá levar um pão de queijo, um misto ou souvenirs como bonés, camisas e sacolas. Acreditamos que essa estratégia fará diferença para o negócio”, relatou.

Já o presidente da Gerdau, Gustavo Werneck, empresa que financiou parte do projeto do Café Nice, explicou que a empresa, mineira de coração, apoiou o projeto para homenagear a longeva história do estabelecimento.

“Desde 1939, o Café Nice faz parte da nossa história. Eu, como mineiro nascido no Centro de Belo Horizonte, estive no café várias vezes com meu pai para tomar uma gemada. Hoje é um dia muito especial. Que possamos, com essa celebração, iniciar uma jornada de completa revitalização do Centro de Belo Horizonte”, destacou.

Para os proprietários do Café Nice, os irmãos Renato e Tadeu Caldeira, a revitalização deve ajudar a impulsionar os negócios. “Estamos muito honrados e esperamos superar mais essa batalha. O trabalho feito no Café Nice ficou muito bacana e esperamos que belo-horizontinos e turistas prestigiem nosso espaço e nos ajudem a manter viva a história de Belo Horizonte”, disse Renato.

Revitalização do Café Nice como exemplo para recuperação do Centro de BH

O presidente da CDL-BH, Marcelo de Souza e Silva, destacou que a revitalização do Café Nice é importante para mostrar que, com união, é possível transformar histórias e estimular a recuperação do Centro de Belo Horizonte.

A região enfrenta desafios significativos, como esvaziamento e descentralização, resultantes da falta de mobilidade urbana, segurança e zeladoria, fatores que contribuíram para a saída de empresas e a redução do fluxo de pessoas. No entanto, o comércio e a prestação de serviços no Centro ainda se mantêm fortes.

“Ainda temos um comércio pujante e uma prestação de serviços forte no Centro da Capital. A reinauguração do Café Nice é um exemplo vivo do que é possível fazer. A união de organizações permitiu um trabalho diferenciado para mostrar a Belo Horizonte, ao comércio, comerciantes e prestadores de serviços que, sim, é possível”, disse.

Souza e Silva ressaltou que 70% do Produto Interno Bruto (PIB) e 85% dos empregos de Belo Horizonte vêm do setor de comércio e serviços, tornando a recuperação do Centro uma prioridade. Mas, segundo ele, ainda há desafios, como o lixo nas ruas da região.

O presidente da CDL também defende a viabilização de moradias na região central, o que pode ajudar na conservação da cidade, na recuperação de fachadas e no uso dos rooftops dos prédios, questão que já apresenta avanços, segundo ele.

“Precisamos de um olhar diferenciado; unir esforços com as organizações e fazer com que o Centro seja revitalizado. E também precisamos conversar. Agora, por exemplo, estamos fazendo essas tentativas e mostrando tanto para a Prefeitura quanto para o governo do Estado [o que é possível fazer]. Afinal, estamos na capital de Minas Gerais: Belo Horizonte é uma cidade de todos os mineiros”, pontuou.

Para Gabriel Azevedo, o Café Nice servirá de exemplo para a revitalização de outros espaços na região. “Ele será o coração da recuperação e da requalificação do hipercentro de Belo Horizonte, mostrando, na prática, que um lugar que estava para fechar pode ajudar a manter outros abertos, ainda mais reformulados, gerando emprego e desenvolvimento econômico. Agora é com a cidade: o público precisa ir ao café, comer, ser feliz, conviver e mostrar que democracia e urbanismo se fazem em um balcão tomando café”, comentou.

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