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Aumenta a representatividade das mulheres na ArcelorMittal

Jornada para ampliar a participação feminina nos quadros da produtora de aço inclui qualificação profissional e mentoria
Aumenta a representatividade das mulheres na ArcelorMittal
Crédito: Montagem Reuters Benoit Tessier / Unsplash Divulgação

A equidade de gênero é um desafio global. De acordo com levantamento do Fórum Econômico Mundial, divulgado em 2023, as mulheres entraram no mercado de trabalho em índices superiores aos dos homens em todo o mundo, o que levou a uma pequena recuperação na paridade de gênero, em relação a 2022. Porém, dados globais fornecidos pelo LinkedIn, abrangendo 163 países, mostram que mesmo que as mulheres tenham sido 41,9% da força de trabalho em 2023, a participação delas em cargos de liderança sênior (diretora, vice-presidente ou gerência de primeiro nível) é quase 10 pontos percentuais menor.

Entre as empresas que têm trabalhado para mudar esse cenário está a ArcelorMittal. A produtora de aço está empreendendo uma ampla jornada para aumentar a representatividade feminina em seu quadro de empregados. Em nível global, a empresa estabeleceu a meta de alcançar ao menos 25% de mulheres em cargos de liderança até 2030. E este objetivo implica também em investimentos nos cargos de base da empresa, ampliando a oferta de vagas para a qualificação profissional e mentoria de carreira para o público feminino.

Siderúrgica tem metas para as mulheres

A partir da meta global, a companhia iniciou uma série de projetos e ações para estruturar cada uma de suas áreas de atuação rumo a este objetivo. Nas operações brasileiras, o índice de representatividade feminina já está em 21% de mulheres na liderança e, globalmente no Grupo, em 17%. Atualmente, dos cerca de 17 mil empregados da ArcelorMittal no Brasil, 15% são mulheres.

“Precisamos de mais mulheres em posições de liderança para termos novas perspectivas, outros olhares na tomada de decisões e para gerarmos resultados sob novas visões. Queremos que a transformação que nos propusemos a fazer no ambiente organizacional tenha reflexo positivo na sociedade”, defende o presidente da ArcelorMittal Brasil e CEO da ArcelorMittal Aços Longos e Mineração LATAM, Jefferson De Paula.

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Antes mesmo do estabelecimento da meta de representatividade, a pauta da equidade de gênero já vinha sendo discutida em âmbito global, desde 2011, quando foi criado o Comitê Diretor de Diversidade de Gênero do Grupo ArcelorMittal. Mas as iniciativas foram intensificadas no Brasil com o lançamento do Programa de Diversidade, Equidade & Inclusão da produtora de aço, em 2019. A partir daí, foram estruturados uma série de treinamentos, ações e campanhas de comunicação e sensibilização dos empregados, a fim de construir um ambiente de trabalho mais diverso e inclusivo, onde o respeito prevalecesse. Vale dizer também que o programa conta com o apoio de empregados da empresa que atuam ativamente como embaixadores dedicando tempo e promovendo iniciativas que contribuam para a evolução cultural que a empresa vem buscando.

Liderando essa série de iniciativas, Sofia Trombetta, diretora de Pessoas, Saúde e Bem-Estar da ArcelorMittal Aços Longos & Mineração Latam e sponsor global do Conselho do Programa de Diversidade & Inclusão, explica que, além da equidade de gênero, a empresa trabalha outras três dimensões da diversidade: Raça e Etnia, Pessoa com Deficiência e LGBTQIA+. Segundo ela, ao avaliar a representatividade de mulheres na empresa, logo no início já foi possível perceber que o primeiro passo era entender o tema e como abordá-lo em um setor altamente masculinizado como é o da mineração e da siderurgia.

Mulher fazendo discurso em nome da ArcelorMittal
Sofia Trombetta é diretora de Pessoas, Saúde e Bem-Estar da ArcelorMittal Aços Longos & Mineração Latam e sponsor global do Conselho do Programa de Diversidade & Inclusão | Crédito ArcelorMittal/Divulgação

“Foi então que optamos pelo letramento. Partimos para os números, para a interpretação de dados e as particularidades locais do Brasil. Dois anos depois veio a meta global e já estávamos inseridos no contexto, com um trabalho em curso, sabendo do desafio de preparar a organização para termos mais mulheres na liderança e conscientes de que, para isso acontecer, seria necessário trabalhar a base”, diz ela. Em seguida, durante o trabalho com a base a equipe do programa percebeu que o desafio da empresa não envolvia apenas o público interno, mas o mercado, o setor e a própria sociedade. “Em 2021 e 2022, começamos um trabalho nas comunidades e identificamos que faltava formação a essas mulheres”, explica.

ArcelorMittal coleciona histórias de empoderamento

Mulher sorrindo nas instalações da ArcelorMittal
Tamiris Rosa, como tantas outras mulheres em diferentes áreas, enfrentou desafios que deram lugar ao respeito e à relação saudável entre colegas de trabalho | Crédito ArcelorMittal/Divulgação

Tamiris Cristina da Silva Rosa tem 34 anos e é operadora de laminação na Unidade de Monlevade, na região Central do Estado. Ela integra a terceira geração da família que trabalha na ArcelorMittal, sendo a primeira mulher. Técnica em metalurgia e graduada em administração, fez estágio na planta industrial em 2010.

“Meu irmão tem dez anos de empresa e sempre me presenteou quando recebia gratificações. Em 2021, ele me ligou e fez a pergunta de sempre: ‘quer um presente?’ Só que, daquela vez, eu pedi que ele levasse o meu currículo para a empresa, pois tinha visto uma reportagem informando que a usina tinha planos de aumentar o quadro feminino. Me chamaram para o processo seletivo e no dia 9 de agosto daquele ano eu iniciei no laminador 1”, conta. De lá para cá, segundo ela, ocorreram algumas mudanças, mas também muitas evoluções. “Quando cheguei, a impressão que eu tive era a de que todo mundo pensava que eu era delicada e não ia dar conta. Depois de um ano, surgiu uma oportunidade na montagem. Aquilo foi muito importante para mim, pois pude mostrar a todos que era possível”.

Mas não foi fácil chegar até aqui. Tamiris Rosa, como tantas outras mulheres em diferentes áreas, enfrentou desafios que deram lugar ao respeito e à relação saudável entre colegas de trabalho, incluindo ajudas mútuas, independentemente do gênero de cada um.

“Somos todos iguais, mas também diferentes. Cada um com suas competências”, resume.

Tamiris Cristina da Silva Rosa

E ela não quer parar por aí. Busca se capacitar e se envolver em processos internos que possam lhe resultar em novas ascensões. Nos quase três anos de empresa, fez parte da Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (Cipa) e outros programas que contam com a participação direta dos empregados. “Aproveito todas as oportunidades que a empresa me dá para conquistar meu espaço. Eu sou mulher, sei fazer e, se não souber, quero aprender. Em todo esse tempo, não tive nenhum impedimento, pelo contrário, só evoluí”, orgulha-se.

Thais Sílvia dos Santos, operadora de logística na unidade de Sabará, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), pretende trilhar caminho semelhante. Ela ingressou na companhia há sete meses, por meio do curso de empilhadeira. Até então, ela não havia vivenciado nenhuma experiência profissional na indústria, uma vez que trabalhava na área educacional. “Eu não tinha nem noção do que se tratava. Sabia apenas que queria mudar de área. E deu super certo”, afirma.

Tão certo que Thais dos Santos foi admitida grávida e comemora a segurança que o emprego lhe trouxe neste momento de transformação. “São duas mudanças grandes. Um trabalho novo, em uma função que tomei gosto e que ainda me dá uma segurança importante nesta nova fase que virá. A empresa tem inúmeras oportunidades de crescimento e o que eu sei é que, passado o período da licença maternidade, quero continuar aqui. Buscar novas capacitações, tirar a carteira (de motorista) D e dar sequência ao meu futuro, independentemente da área de atuação”, diz.

Isso tudo, segundo ela, também serve de inspiração para outras mulheres de dentro e de fora da empresa.

“Muitas nos procuram para saber se é difícil e querendo entender quais são as oportunidades. Funciona como uma cascata, umas inspirando as outras”, completa.

Thais Sílvia dos Santos
Mulher grávida em frente a um painel colorido
Thais dos Santos foi admitida grávida | Crédito ArcelorMittal/Divulgação

Capacitação e oportunidade para a atuação de mulheres na indústria

Especificamente sobre a formação e capacitação de mulheres, Sofia Trombetta, diretora de Pessoas, Saúde e Bem-Estar da ArcelorMittal Aços Longos & Mineração Latam e sponsor global do Conselho do Programa de Diversidade & Inclusão, destaca alguns programas, como o Steam Girls, voltado para meninas estudantes do ensino médio para aprendizado nas áreas da ciência, tecnologia, engenharia, artes e matemática. A iniciativa, promovida pela Fundação ArcelorMittal, integra a Liga Steam – estratégia da empresa para a educação brasileira que já realizou uma série de encontros inspiradores com meninas e profissionais destas áreas científicas, mostrando que elas podem ser protagonistas de seus futuros.

Trata-se de um programa realizado desde 2019 e que já ultrapassou a marca de 18 mil meninas impactadas em todo o Brasil. “A gente realmente acredita nessa formação desde a escola e na importância de levarmos conhecimento para essas meninas. E, para isso, também contamos com profissionais nossas de sucesso, que fizeram suas carreiras conosco nas diferentes áreas, para darem seus depoimentos e falar como é trabalhar em uma siderúrgica, sem deixar de considerar questões femininas como o desejo de ser mãe por algumas mulheres”, disse

Uma vez conquistada essa conscientização, a empresa ampliou o leque de capacitação. E passou a oferecer vagas nos cursos de qualificação para as áreas de mecânica, operação de mina, empilhadeira e outras, dando ênfase à divulgação do curso para o público feminino. Recentemente, uma turma foi aberta na unidade centenária de Sabará. E a grande surpresa ocorreu quando, após o trabalho educativo junto à comunidade, envolvendo ações de comunicação, 80% da turma estava composta por mulheres, depois de ter sido ocupada por homens no decorrer dos anos.

O resultado? Metade da turma admitida, sendo duas profissionais grávidas. Uma delas era a Thais dos Santos. “É uma quebra de paradigma diante toda a sociedade. Sabemos da necessidade de estruturar a base, que inclui a comunidade. Por isso, a importância do trabalho de letramento, mas também do acolhimento nas diferentes fases da vida de uma mulher”, defende a diretora de Pessoas, Saúde e Bem-Estar.

Acolhimento que passa ainda pelo clima da empresa, por práticas, benefícios e pela adaptação das estruturas físicas das plantas. “Fizemos e fazemos todo um trabalho de conscientização junto aos homens, explicando para eles, inclusive, o que é e como funciona o ciclo menstrual. Também trabalhamos com a licença maternidade estendida para que a mulher desfrute do tempo necessário para se dedicar aos primeiros meses da maternidade e oferecemos acolhimento diferenciado no retorno dessas profissionais, com sala de amamentação e adaptação dos uniformes”, diz.

A ArcelorMittal acredita que, estando a base estruturada, é possível trabalhar o topo, ou seja, as metas relativas às lideranças. Para isso, conta com iniciativas que vão desde a capacitação do público feminino, passando pela contratação dessas profissionais – com programas de porta de entrada na empresa -, pelo reconhecimento daquelas que se destacam nas comunidades (Prêmio Mulher) e também por um programa de mentoria dedicado àquelas que tenham o objetivo de crescer e trilhar seus caminhos dentro da organização. Com o foco no desenvolvimento e preparação de mulheres para a liderança e com a ideia de acelerar a carreira dessas profissionais, este programa começou no final de 2022 e já contou com mais de 100 mulheres mentoradas.

“É muito bonito ver essas quebras de paradigmas de perto, ouvir depoimentos de mulheres que conquistaram seus espaços e acompanhar os homens compreendendo e sendo aliados desse processo, a partir de uma questão: ‘por que não?’.

Sofia Trombetta – diretora de Pessoas, Saúde e Bem-Estar da ArcelorMittal Aços Longos & Mineração Latam e sponsor global do Conselho do Programa de Diversidade & Inclusão

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