Atlético alienará 49,9% do capital do Diamond

O Clube Atlético Mineiro conseguiu aprovação de dois terços dos conselheiros para vender a parte do shopping Diamond Mall, localizado na região Centro-Sul de Belo Horizonte, que ainda pertence ao time. Depois de negociar, em 2020, 50,1% do empreendimento com a Multiplan por R$ 250 milhões para a construção da Arena MRV, o clube quer agora a alienação dos 49,9% restantes para aliviar as dívidas onerosas que chegam a R$ 1,2 bilhão.

Ainda não é possível falar em valores, pois o próximo passo consiste na busca por prováveis compradores por parte do Atlético. Porém, no orçamento de 2022, aprovado pelo Conselho Deliberativo do clube no fim de 2021, o Atlético prevê R$ 350 milhões em receitas patrimoniais, que incluem a venda do centro de compras. 

O presidente do clube, Sérgio Coelho, já fala em proposta superior a R$ 300 milhões. E diz que a Multiplan – sócia do empreendimento – terá preferência na compra, conforme prevê cláusulas contratuais. A reportagem procurou a Multiplan para saber o interesse em uma nova negociação, mas não obteve resposta até o fechamento desta edição. 

A análise pelos conselheiros para a alienação teve início ontem e se estende até às 18 horas desta terça-feira (31). Vale dizer que os votos mínimos necessários foram alcançados no meio da tarde do primeiro dia de votação, com as 280 aprovações necessárias.

Venda do Diamond visa problemas financeiros

O Atlético comemorou o resultado por meio de um post nas redes sociais. “Aprovada! Em decisão fundamental para o processo de saneamento das finanças do clube, um dos pilares da atual gestão, o Conselho Deliberativo aprovou, hoje (30), em Reunião Extraordinária, a venda dos 49,9% que o Atlético tem de participação no shopping Diamond Mall”.

Já o presidente do clube falou sobre a necessidade da medida e das razões para a alienação. “Fomos felizes nas demonstrações das razões para a venda, que é uma necessidade do clube. Parabenizo aqueles que, no passado, tiveram a brilhante ideia de construir esse patrimônio para o Atlético. Hoje ele está sendo muito útil para equilibrar as finanças”, ressaltou.

O Atlético apresentou uma série de estudos aos conselheiros como forma de convencê-los sobre a importância da venda do Diamond Mall. Em um dos últimos, o clube especificou que o dinheiro arrecadado com o negócio se destinará à solução de problemas financeiros. Assim, não serão feitos investimentos no futebol e o valor também não será utilizado para quitar parte da dívida com mecenas que ajudaram o clube a montar nos últimos anos.

A estimativa do clube é que a venda do mall reduza o passivo em torno de R$ 400 milhões e ainda poupe o Atlético de pagar entre R$ 40 milhões e R$ 50 milhões de juros por ano. De acordo com o divulgado na segunda edição do Galo Business Day, no início do mês, hoje, o Atlético sofre com uma cobrança de R$ 500 mil de juros por dia útil, ou seja, quase R$ 90 milhões por ano, e tem o objetivo de atingir a diminuição da endividamento total para R$ 341 milhões até 2026. Na época, Sérgio Coelho disse que a venda do centro de compras era inevitável para se prosseguir com a atenuação do que o time deve.

Após a aprovação pelo Conselho, Coelho desejou boa sorte ao vice-presidente, José Murilo, nas negociações para fazer com que “o dinheiro renda ainda mais”. “Estou otimista que nos próximos iremos tornar o Atlético em um time mais saudável financeiramente”, completou.

José Murilo, por sua vez, apresentou sua primeira proposta aos credores. “Depois que houver a venda, vamos fazer um grande trabalho junto de toda a diretoria para negociar esse passivo. E aviso desde já, quem tiver algum crédito a receber do Atlético e nos der 50% de desconto, vai receber à vista”, revelou.

Por fim, o presidente do Conselho Deliberativo, Castellar Modesto Guimarães Filho, classificou o momento como de suma importância para o clube e ressaltou a aprovação praticamente unânime no primeiro dia de avaliações. Ele disse também que será criada uma comissão para dar prosseguimento aos procedimentos de venda.