Automóvel Clube completa 100 anos com festa e revitalização

Criado em 1925, numa época que o carro representava dinheiro e poder, o Automóvel Clube de Minas Gerais chega aos 100 anos com uma intensa programação de comemorações ao longo de 2025.

Entre 1925 e 1929, o Automóvel Clube ocupou o Palacete Dantas, na Praça da Liberdade (região Centro-Sul). Desde então, a Associação tem sede no icônico prédio da avenida Afonso Pena, 1.394, na esquina com a avenida Álvares Cabral (hipercentro da Capital).

A construção de quatro andares, em estilo eclético, foi projetada por Luis Signorelli. O arquiteto é responsável, entre outras obras na Capital, pelos projetos da antiga Secretaria de Segurança Pública, atual Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB); e da residência da família Borges da Costa, atual Academia de Mineira de Letras.

A sede do Automóvel Clube foi tombada em 1988 e inscrita no Livro de Tombo de Belas Artes e Livro de Tombo Histórico, das Obras de Arte Históricas e dos Documentos Paleográficos ou Bibliográficos.

De acordo com o presidente do Automóvel Clube, Ragheb Hamade Filho, o primeiro evento será um coquetel para o descerramento da placa comemorativa de 100 anos, no dia 5 de fevereiro. Esse evento fechado, que deve contar com a presença do governador, abre uma série de grandes festas, a começar pelo pré-Carnaval, para 450 pessoas, no dia 22 de fevereiro.

Ainda estão previstas a realização do baile do Dia dos Namorados, de uma festa junina e o grande Baile do Centenário, no dia 8 de novembro. Mas é no mês de maio que vai acontecer um evento que deve entrar para o calendário cultural de Belo Horizonte.

“Começamos com a inauguração da placa convidando o governador que é, tradicionalmente, o presidente de honra do Automóvel Clube. E esse será um ano intenso. Um dos eventos que mais gosto será um presente para a cidade. Vamos fazer uma Vesperata como acontece em Diamantina. Vamos vender mesas com serviço na calçada e o show vai acontecer na Varanda. E ainda teremos mais um show que eu ainda não posso dizer o nome do artista. A ideia é que essa vesperata possa se repetir todos os anos”, explica Hamade Filho.

Além das mensalidades pagas pelos cerca de 470 sócios, o Automóvel Clube tem como renda o aluguel de espaços para festas, eventos sociais e corporativos e o aluguel para dois empreendimentos fixos: o Automóvel Club Poker e o Mina Jazz Bar.

Além deles, o Restaurante do Automóvel Clube abre todos os dias para o almoço e em breve vai oferecer também jantar.

Automóvel Clube busca reviver anos dourados

Sempre frequentado pela alta sociedade da Capital, o Automóvel Clube testemunhou em seus salões ao longo do século passado, importantes decisões políticas e abrigou encontros -amistosos ou não – entre personalidades do mundo empresarial e político.

Governadores, presidentes da República e até membros da realeza inglesa riram, dançaram e até decidiram o futuro da nação no famoso endereço do hipercentro de Belo Horizonte.

O esvaziamento dos salões veio no fim do século 20, junto com a degradação e desvalorização do centro da cidade. O objetivo agora é que o centenário marque o surgimento de uma nova época de ouro.

Para que isso seja possível, o imóvel tombado pelo Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (Iepha-MG), precisa passar por uma revitalização que promova a sua usabilidade garantindo a proteção e preservação do patrimônio.

“Não temos uma sede esportiva e todas as atividades são concentradas nesse prédio histórico que há mais de 40 anos não sofre nenhuma intervenção pesada. Agora buscamos parceiros para fazer uma revitalização interna e externa. O objetivo é que essa obra comece no ano que vem e a expectativa é que dure três anos. No mundo inteiro o centro das grandes cidades está sendo revitalizado e nós queremos fazer parte dessa onda em BH”, pontua o presidente do Automóvel Clube.

Automóvel Clube abriga Mina Jazz Bar desde 2021

Criado no sul dos Estados Unidos no final do século 19, o jazz se espalhou pelo mundo na década de 1920 e agora, 100 anos depois, ocupa as noites do Automóvel Clube de Minas Gerais por meio do Mina Jazz Bar.

A casa, com capacidade para 50 pessoas sentadas, aposta em uma gastronomia “nipo-mineira”, desenvolvida pelo chef Leo Paixão. O bar tem entrada pela avenida Álvares Cabral e ocupa o espaço do restaurante original. De acordo com o sócio do Mina Jazz Bar, Gabriel Azevedo, mais do que um excelente ponto comercial, o espaço do Automóvel Clube oferece a atmosfera ideal para um bar de jazz no século 21.

“O jazz era o som dos anos de 1920, quando as cidades viviam uma efervescência cultural no mundo inteiro. Terminada a Primeira Guerra as pessoas queriam sair, se divertir, viver a cidade. A jovem capital mineira também passava por esse momento. E nós passamos por algo parecido agora, no pós-pandemia. Nosso plano era abrir o Mina em abril de 2020, mas a cidade estava fechada. E só pudemos inaugurar em dezembro de 2021. Hoje temos shows e lotação completa todos os dias”, comemora Azevedo.

Para o empresário, a ocupação do espaço é também uma contribuição com a revitalização da região central, gerando desenvolvimento econômico e devolvendo as ruas da cidade à população. Há poucos metros a revitalização do conjunto Sulamérica/Sulacap em andamento e a transformação vivida pelo Edifício Acaiaca apontam para uma retomada do Centro como um polo de negócios e cultura.

“Cidade segura é aquela em que as pessoas andam pelas ruas. Já ouvi muitos relatos de pessoas que moram ali por perto que passaram a se sentir mais seguras com a inauguração do Mina porque tem movimento sem nenhum tipo de incômodo, seja por causa do trânsito ou do barulho”, completa o empresário que planeja noites especiais para comemorar o centenário do Automóvel Clube ao longo do ano.