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Avanço da pobreza em MG reduziu doações

Avanço da pobreza em MG reduziu doações
A doação não pode ser uma solução para o problema de quem doa, mas, sim, de quem recebe, alerta Danusa Carvalho | Crédito: Sarah Torres / ALMG

Dados divulgados pela Ação da Cidadania mostram que 116,8 milhões de brasileiros vivem com algum grau de insegurança alimentar, 19,1 milhões de brasileiros passam fome no Brasil e, ainda, 11,1% dos domicílios chefiados por mulheres passam fome no Brasil.

E, por isso, a campanha Natal Sem Fome, idealizada pelo sociólogo Hebert de Sousa, o “Betinho”, em 1993, tem na edição 2021 um triste marco. Ainda que as doações estejam diminuindo em relação aos anos anteriores devido ao próprio avanço da pobreza – quem antes doava agora precisa de ajuda – os voluntários seguem incansáveis.

Para a coordenadora da Ação da Cidadania em Minas Gerais, Danusa Carvalho, a solidariedade precisa ser ativada o ano todo e, apesar de todas as dificuldades, a meta da campanha de Natal será atingida. 

“O nosso trabalho começou há 28 anos, justamente em um Natal. Essa é uma época em que conseguimos sensibilizar mais gente, mas a solidariedade precisa ser cotidiana até para que consigamos tirar essas pessoas do quadro de vulnerabilidade extrema. O objetivo maior é que elas não precisem mais desse tipo de ajuda, modificando a estrutura, mas enquanto elas tiverem fome, isso não é possível. A fome é uma urgência. Por isso também é preciso garantir que cada doação chegue a quem realmente precisa e da forma como essa pessoa precisa. A doação não pode ser uma solução para o problema de quem doa, mas, sim, de quem recebe”, alerta Danusa Carvalho. 

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Rede de parceiros – Neste ano, por meio de várias ações que estão sendo desenvolvidas no âmbito do Legislativo, a Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) mobiliza uma rede de parceiros para auxiliar e promover a edição deste ano. A ação conta também com o apoio do DIÁRIO DO COMÉRCIO, além de outros veículos de comunicação do Estado.

Segundo o deputado André Quintão (PT), até o dia 17 de dezembro, a ALMG vai ajudar a Ação da Cidadania a arrecadar recursos, que serão utilizados para a compra de cestas básicas para a população mais vulnerável. As doações serão recebidas pela Associação Arebeldia Cultural, entidade parceira na execução de ações do Comitê Estadual da Ação Cidadania no Estado.

A Assembleia também vai recolher diretamente doações em brinquedos novos, em postos de coleta físicos que serão instalados na sede do Legislativo. Esses materiais também serão destinados à Arebeldia.

“Quando saímos do Mapa da Fome chegamos a discutir a qualidade do alimento e a obesidade mas, infelizmente, as políticas públicas de transferência de renda e segurança alimentar foram desmontadas nos últimos anos e voltamos a nos preocupar com a fome. Então, além de trabalhar na construção de políticas públicas estaduais, entendemos que as pessoas ficam mais mobilizadas nessa época do ano e que era importante nos aliarmos à Ação da Cidadania. É verdade que hoje, infelizmente, existe um abismo entre a realidade da representação política do cotidiano da população. Esse é um passo também nesse sentido de atendermos às urgências dos cidadãos e o apoio da imprensa, do DIÁRIO DO COMÉRCIO, é fundamental para alcançarmos esses objetivos”, afirma Quintão.

André Quintão: a ALMG vai ajudar a Ação da Cidadania a arrecadar recursos para ajudar a população mais vulnerável | Crédito: Clarissa Barçante

Empresas privadas atacam problema de forma mais ágil

Se, de um lado, o poder público ainda se move lentamente, empresas privadas, especialmente algumas do ramo de alimentação, têm maior compreensão e agilidade para atacar o problema. A Coca-Cola Femsa Brasil, que tem uma de suas unidades produtivas em Itabirito, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), usa uma das suas ações promocionais mais esperadas do ano – a Caravana de Natal – para estimular o surgimento de uma rede de solidariedade e combate à fome por onde passa.

De acordo com o gerente de Experience & Prestige Accounts da Coca-Cola Femsa Brasil, Luciano Sá, a iniciativa em parceria também com a Ação da Cidadania, alcançou com distribuição de cestas básicas também comunidades onde as fábricas estão instaladas. Ao longo do ano, porém, a companhia desenvolve outras ações.

Em Minas, foram atendidos, na Ação de Natal,  a Comunidade dos Arturos, em Contagem, com 113 famílias; a Associação Adolescer pra vida, em Itabirito; e a Associação Comunitária das donas de casa, em Betim, que trabalha para garantir empregabilidade para mulheres; todas na RMBH. 

Em 2020, foram doadas 2 mil máscaras e mil litros de água mineral para Itabirito. E também para a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) foram dois mil litros de água mineral para famílias em vulnerabilidade. Também foi dada uma ajuda para a Comunidade Água Limpa, em Itabirito, como programa Coletivo Itabirito, com material escolar, quatro mil máscaras e 75 cestas básicas.

“Nessa época do ano as celebrações se dão em torno das mesas fartas, mas sabemos que, infelizmente, muita gente não tem nada sobre a mesa. Então decidimos aproveitar o nosso slogan ‘a magia do Natal’, para ajudar no combate à fome. Para valorizar essas pessoas temos que nos sentir no lugar delas. Temos uma preocupação de dar acesso a embalagens diferentes, porque para muita gente o refrigerante é um luxo. Não quero que o consumidor seja atingido apenas por uma ação comercial, mas que ele tenha comida na mesa com Coca-Cola. As empresas hoje passam por uma grande transformação. Somos agentes com projetos proprietários, projetos com parceiros e projetos onde atuo com meus concorrentes. É importante unir forças e ser inspiração para os outros. A melhor maneira de fazer isso é ouvindo”, afirma Sá.

A ALMG também vai recolher doações em brinquedos novos, em postos de coleta físicos, instalados na sede do Legislativo | Crédito: Sarah Torres/ALMG

Ao mesmo tempo, a Pif Paf Alimentos se inspira nas lições ensinadas pelo seu fundador para manter e ampliar as ações encabeçadas pela coordenadora de Responsabilidade Social da Pif Paf, Raniela Remidio.

“O primeiro ponto para isso é fazer parte do propósito da empresa. Nosso fundador sempre tem uma preocupação muito grande com as pessoas e alimentação é o básico. Hoje temos uma área de responsabilidade social para olhar para essas questões. As comunidades prioritárias são onde temos operações. Construímos um plano de relacionamento com as comunidades para entender quais são as principais necessidades. Cada uma tem uma característica. Assim, a gente sabe quais são as instituições que de fato trabalham ali. É uma união de forças. A pandemia trouxe muito isso, a necessidade de fazer o bem comum. Apoiamos o Movimento Unidos pela Vacina. Fizemos um movimento muito seguro, preservando a vida e a integridade das pessoas. Sempre fazemos um movimento no Natal com ações para as comunidades. Todas as nossas ações estão atreladas ao voluntariado, à doação de tempo e talento dos nossos profissionais. Como uma empresa de alimentos, queremos criar uma vida mais saborosa, dessa vez com muito foco nas crianças”, destaca Raniela Remidio.

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