“Barbie” do morro é criada por empreendedoras de comunidade em BH

Para retratar características físicas e estilo de vida das moradoras do Morro das Pedras, empreendedoras do aglomerado, localizado na Região Oeste da capital mineira, estão criando a “Barbie” do morro.
As mulheres fazem parte do projeto Ully – uma iniciativa social que incentiva o empreendedorismo feminino na comunidade -, que tem o apoio do Sebrae Minas para o desenvolvimento e produção de bonecas de pano.
A ideia de criar uma “Barbie” do morro veio de uma situação vivenciada pela idealizadora do projeto Ully, Eliete Jesus dos Santos.
No último Dia das Crianças, ela recebeu a doação de duas bonecas. Porém, a quantidade não era suficiente para as mais de 60 meninas à espera do brinquedo.
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“No momento pensei, comprar não é uma opção, então porque não podemos produzir bonecas que retratam a nossa essência e a nossa realidade?”, conta.
Além da representatividade e inclusão, a produção das “Barbies” é uma opção de ocupação e geração de renda, para as 180 mulheres que fazem parte da iniciativa.
Em 2023, o projeto passou a ter o apoio do Sebrae Delas, uma iniciativa do Sebrae Minas que incentiva e fortalece a cultura empreendedora entre as mulheres.
A partir deste ano, as mulheres irão participar de oficinas do programa “ELA Pode” do Instituto Rede Mulher Empreendedora com o apoio do Google.
Além disso, 18 participantes do projeto Ully serão capacitadas para a confecção das bonecas e para a criação do protótipo que será desenvolvido por uma consultoria contratada pelo Sebrae Minas.
A expectativa é que parte dos brinquedos, inclusive as “Barbies” sejam doados para as crianças da comunidade já cadastradas no projeto. Os demais serão vendidos a preços acessíveis.
Além da consultoria de design de produto, as mulheres do projeto Ully também vão participar das capacitações gratuitas do Jornada Empreendedora, que integra as ações do programa “Comunidade Empreendedora”, uma iniciativa do Sebrae Minas para impulsionar a competitividade dos pequenos negócios das favelas mineiras, melhorando a gestão desses empreendimentos, estimulando a cooperação, criatividade e gerando novas oportunidades de negócios nas periferias do estado.
Expo Favela Minas
A trajetória do projeto e seu impacto na vida de mais de 800 mulheres da comunidade e entorno serão apresentados durante a Expo Favela Minas.
O painel terá a participação da idealizadora do projeto Ully e será realizado nesta sexta-feira (15), às 17h, na sede do Sebrae Minas, em Belo Horizonte.
As inscrições podem ser feitas pelo site da Sympla.
Desde 2017, o projeto tem oferecido cursos e oficinas de fabricação de salgados, bolos e pães caseiros, costura, crochê, além de serviços de beleza, como aplicação de cílios e técnicas de tranças e de massagem redutora para que as mulheres do Morro das Pedras e entorno.
O objetivo é acolher e orientar as moradoras que muitas vezes passaram por situação de vulnerabilidade social e até mesmo violência doméstica.
“Queremos prepará-las para que possam ser donas de suas próprias vidas, sejam mais independentes e ganhem autoestima para que sigam em frente, criem seus filhos e tenham uma opção de sustento para suas famílias”, explica Eliete.
Perfil das empreendedoras das favelas em Minas
De acordo com a pesquisa “Empreendedorismo nas Favelas de Minas Gerais” feita pelo Sebrae Minas em parceria com o Data Favela /Instituto Locomotiva, em 2022, em comunidades da Região Metropolitana de Belo Horizonte e do interior do estado, a maioria (75%) das empreendedoras das comunidades mineiras são negras, 45% têm entre 30 e 45 anos e 44% possuem até o Ensino Fundamental completo. Além disso, sete de cada dez mulheres que têm um negócio são mães.
Em relação ao tipo de empreendimento, 32% das mulheres das favelas mineiras têm negócios no setor de prestação de serviços, 31% se dedicam ao comércio de produtos feitos por terceiros e 29% atuam com a produção e venda de bens e produtos artesanais. Já as atividades em que há um maior número de empreendedoras atuando são: beleza e estética (29%), alimentação e bebidas (26%) e vestuário e acessórios (15%).
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