BDMG se volta para construir novo futuro

A sigla ESG (em português: meio ambiente, social e governança) já se tornou figurinha fácil no discurso de governantes e gestores da iniciativa privada e também no noticiário. Na prática, porém, muito mais do que um conjunto de boas ações e práticas conscientes, o ESG deve ser encarado como uma questão de sobrevivência da humanidade enquanto espécie, do planeta como nossa única morada até agora e dos negócios, visto que consumidores e investidores estão cada vez mais atentos ao tema.
Mas para que isso seja possível, o ESG precisa ser fomentado e financiado. Sem tempo a perder, o Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG) vem desenvolvendo políticas internas e externas de promoção do ESG. De um lado estão as linhas de financiamento específicas para a criação de projetos responsáveis e transformação de empreendimentos já existentes em mais conscientes. De outro estão as ações internas do banco para que ele próprio consiga mitigar o seu impacto sobre a natureza e se juntar aos esforços mundiais por uma economia descarbonizada.
De acordo com o presidente do BDMG, Sérgio Gusmão, em sua capacidade de mobilizar recursos para a construção de um novo futuro em bases mais sustentáveis e inclusivas, o sistema financeiro deve se conectar aos desafios contemporâneos. É imprescindível reorientar modelos econômicos para uma perspectiva mais integrativa do ponto de vista ambiental e social, com alinhamento às grandes agendas de desenvolvimento sustentável, como o Acordo de Paris e a Agenda 2030.
“Nossa ambição é ser uma referência mundial de banco de desenvolvimento estadual focado em impacto, expressando justamente esse movimento de conexão com os fluxos financeiros internacionais para uma destinação criteriosa de projetos em nível local. Nesse sentido, colocamos os ODS como uma agenda balizadora no centro da nossa estratégia. Como o eixo da atuação de um banco de desenvolvimento deve estar a geração de valor para a sociedade, revisamos a estratégia e criamos ferramentas de mensuração de impacto. Por meio de uma parceria com o BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento), em 2019, foi desenvolvida uma calculadora para mensurar o impacto dos projetos na emissão de carbono. Também passamos a monitorar o impacto dos nossos financiamentos na geração de empregos, sobretudo no setor de micro e pequenas empresas, especialmente impactado pela crise pandêmica”, explica Gusmão.
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Em 2020, o BDMG bateu o recorde de recursos captados nos 60 anos do banco: R$ 2,3 bilhões. Grande parte destes recursos já está compondo linhas para financiar projetos com pegada socioambiental, tais como projetos de geração e autoconsumo de energia limpa.
Neste ano, durante a COP 26, foi assinada uma operação de 20 milhões de euros com o Banco Europeu de Investimento (BEI).
“Além da criação de linhas para o ‘financiamento verde’ intensificação e diversificação de nossa estratégia de funding, passamos a operar instrumentos financeiros inovadores, conectados a esta nova demanda por projetos sustentáveis. É o caso dos Títulos Sustentáveis. E, em paralelo, ganhamos maior musculatura institucional e aprofundamos a formação de alianças e cooperações técnicas com instituições afins ao tema do financiamento sustentável. Até 19 de novembro, 63% dos desembolsos do BDMG, ou R$ 1,09 bilhão, estão atrelados a um dos ODS, superando a meta de 45%”, pontua o presidente do BDMG.
Nos últimos dias de 2020, o BDMG fez a primeira emissão da história de Títulos Sustentáveis (ou Sustainable Bonds) realizada por um banco público brasileiro. A operação ocorreu na Bolsa de Nova York, no valor de US$ 50 milhões. O objetivo era viabilizar o financiamento, por parte do banco mineiro, de projetos com enfoque ambiental e/ou social de empresas de todos os portes e municípios do Estado. O BID Invest – banco multilateral pertencente ao Grupo BID – adquiriu a totalidade dos títulos.
Um bond é o equivalente a um “título de dívida” com o objetivo de captar recursos para ações ou investimentos. Com um Título Sustentável ou Sustainable Bond o emissor se compromete a utilizar o montante em projetos relacionados às esferas ambiental e/ou social. No caso desta operação específica, o BID Invest adquiriu os Títulos Sustentáveis emitidos pelo BDMG. O banco vai direcionar os recursos obtidos para linhas de crédito voltadas ao financiamento de projetos sustentáveis de empresas e municípios mineiros.

Instituição fechou acordos pioneiros na COP 26
Durante a Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2021 (COP 26), em Glasgow, na Escócia, em novembro, o Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG) integrou a comitiva mineira presente no evento, participando de encontros e fechando acordos pioneiros entre os bancos de desenvolvimento brasileiros.
Aos olhos do mundo, formalizou sua adesão ao Green Bank Network, uma rede internacional de bancos dispostos a financiar projetos sustentáveis, criada na COP 21, realizada em Paris, em 2015.
“Fomos o primeiro banco brasileiro e o primeiro banco de desenvolvimento do mundo a integrar esta rede. Isso significa que o BDMG passa a entrar no radar de um grupo seleto, que já investiu ou se comprometeu a investir US$ 50 bilhões em projetos com impacto climático. É uma janela de oportunidades que se abre para ganharmos ainda mais escala na captação de recursos para o desenvolvimento sustentável no Estado”, explica o presidente do BDMG, Sérgio Gusmão.
Também em evento da agenda oficial da COP 26, a instituição celebrou sua adesão à “Declaração de Realinhamento do Suporte Público à Transição Energética”. Trata-se de um compromisso em nível global, promovido pelo governo do Reino Unido, que prevê o não financiamento a projetos que envolvam extração, comercialização e transporte de combustíveis fósseis a partir de 2023.
O BDMG oficializou, ainda, com o Banco Europeu de Investimento (BEI), uma extensão no valor de 20 milhões de euros do limite do contrato original de 100 milhões de euros, firmado entre ambas as instituições em 2019. O aditivo foi assinado como parte da programação paralela da COP 26. Os recursos adicionais serão utilizados para compor linhas de crédito do banco mineiro voltadas ao financiamento de projetos de energias renováveis e eficiência energética no Estado, além de prover capital para projetos de investimentos de micro, pequenas e médias empresas. O prazo de pagamento pode chegar a 13 anos, dependendo da natureza da operação e do tipo de negócio, com até dois anos de carência.
Em outubro de 2019, o BDMG já havia captado 100 milhões de euros junto ao BEI, a maior operação internacional da história do banco mineiro e a primeira do multilateral no Brasil. Inicialmente restrito a iniciativas de energias renováveis e eficiência energética, o contrato teve destinação flexibilizada em novembro de 2020, em função do cenário emergencial deflagrado pela pandemia. Na ocasião, 30% do total (30 milhões de euros) passaram a atender demandas diversas por crédito de micro, pequenas e médias empresas impactadas pela crise sanitária.
“Esta extensão do limite sinaliza a confiança do BEI na alocação eficiente de recursos por meio do BDMG. Em pouco mais de dois anos de parceria, já endereçamos praticamente a totalidade do contrato inicial, se somados os valores já desembolsados e os projetos já captados e em análise no banco. Agora, fortalecemos esta parceria e damos um passo a mais para aumentar os vetores de liquidez tanto para investimentos em energias renováveis quanto para a manutenção de pequenos e médios negócios, segmento que responde pela maior parte da geração de empregos em Minas Gerais”, afirma Gusmão.
“Este novo acordo, que fará chegar aos empresários, coloca em evidência as prioridades do BEI na América Latina, ajudando a promover o desenvolvimento econômico sustentável e inclusivo, ao fomentar o investimento produtivo”, afirmou na época o vice-presidente do BEI, responsável pela América Latina, Ricardo Mourinho Félix.
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