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Missão econômica: Bélgica busca estreitar laços com empresas e instituições brasileiras

Missão vai realizar uma série de encontros especialmente com setores como indústria aeronáutica e espacial, saúde, ciências da vida e tecnologia
Missão econômica: Bélgica busca estreitar laços com empresas e instituições brasileiras
O território belga é dividido em três regiões: Flandres, ao norte; Valônia, ao sul; e a Capital Bruxelas, a menor região do país e onde está, como o nome indica, sua capital | Crédito: Reprodução AdobeStock

Mais de 400 empresários e representantes do mundo acadêmico belgas estarão presentes até 1º de dezembro em São Paulo e no Rio de Janeiro para se apresentar, fazer negócios e firmar acordos com empresas e instituições brasileiras. Eles integram a Missão Econômica Belga, presidida por Sua Alteza Real, Princesa Astrid da Bélgica, ao Brasil.

A Missão vai realizar uma série de seminários nas duas cidades e encontros B2B (entre empresas) especialmente em oito setores: indústria aeronáutica e espacial; saúde e ciências da vida; tecnologia climática, tecnologia limpa e energias renováveis; economia circular e bioeconomia; portos, infraestrutura e construção sustentável; tecnologias digitais e fintechs; agroindústria, agricultura sustentável e alimentos; games e entretenimento.

No mês passado, a cônsul-geral da Bélgica no Rio de Janeiro, Caroline Mouchart, e o cônsul honorário da Bélgica em Minas Gerais, Henrique Rabelo, visitaram a sede da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), em Belo Horizonte, para apresentar a Missão.

“A presença da Bélgica na economia de Minas Gerais está ligada também à mineração, com empresas como a Lhoist, que é uma empresa familiar que produz cal e calcário para uma infinidade de aplicações, incluindo a agricultura e a produção de aço. Outro exemplo é a Bekaert, uma empresa do século XIX, que chegou ao Brasil a partir de uma parceria com a Belgo-Mineira, que depois evoluiu para Belgo Arames. E também a Bekaert, especialista em soluções em fios de aço para a indústria automotiva, setores de construção e agroindústria”, afirma Caroline Mouchart.

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Caroline Mouchart
Caroline Mouchart: a presença da Bélgica na economia de MG também está ligada à mineração | Crédito: Arquivo pessoal

De acordo com o embaixador da Bélgica no Brasil, Peter Claes, a relação entre o país que ele representa e Minas Gerais é centenária e a Bélgica tem investimentos importantes no Estado.

“Em 1920, os reis da Bélgica estiveram no Brasil para agradecer ao País e sua população o apoio para que reconquistássemos nossa soberania, após a Primeira Guerra Mundial. Esse foi um momento muito importante e do qual não nos esquecemos. O Brasil é um parceiro que, como nós, valoriza a democracia, o estado de direito e respeita o direito internacional. Há muitos belgas e descendentes no Brasil: cerca de 5 mil e a maioria tem dupla nacionalidade. Temos orgulho dessa presença e contribuição para o desenvolvimento do País. E na Bélgica existe uma comunidade de 60 mil brasileiros que se sentem em casa no nosso país”, pontua Claes.

Em 1920, dentro da programação da primeira visita de um chefe de estado europeu ao Brasil, após a Proclamação da República, o casal real da Bélgica, Alberto e Elisabeth, visitaram a jovem capital mineira, inaugurada há apenas 23 anos.

Em Minas, além da Capital, visitaram Lagoa Santa e Nova Lima, hoje na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), onde viram a mineração de ouro de Morro Velho. A viagem teve como consequência uma estreita aproximação entre a Bélgica e o Brasil. O principal resultado dessa visita foi a criação da Companhia Belgo Mineira, em 1921 (hoje Arcelor Mittal).

“Nós temos também em Minas Gerais um projeto com a Trilhas – uma ONG flamenca – em que trabalhamos para fortalecer o ambiente de cooperativas fornecendo microcrédito e facilitar o acesso a mercados internacionais ao mesmo tempo, em que garante práticas sustentáveis para os produtores locais. A Trilhas tem um projeto com uma rede de supermercados belgas apoiando uma cooperativa mineira de apicultores para a produção de mel orgânico”, cita a cônsul-geral da Bélgica no Rio de Janeiro.

Relações comerciais – As três regiões da Bélgica – Bruxelas-Capital, Flandres e Valônia – estarão representadas na Missão e vários acordos comerciais, acadêmicos e oficiais serão assinados durante a agenda.

Em 2023, a Bélgica era o terceiro maior exportador de mercadorias da União Europeia (UE) para o Brasil, enquanto era o sétimo maior destino das exportações brasileiras para a UE. Em uma base puramente bilateral, o Brasil ficou em 17º lugar entre os principais clientes daquele país, com um total de exportações belgas de mercadorias para o Brasil de pouco mais de 4,9 bilhões de euros, representando uma queda de 6,2% em relação ao ano anterior.

Os produtos químicos e farmacêuticos, que incluem “vacinas para medicina humana” e “produtos imunológicos”, ocuparam o primeiro lugar no total de exportações de mercadorias da Bélgica para o Brasil em 2023. Com um valor de 2,5 bilhões de euros, esse grupo de produtos representou uma participação de 50,6% das exportações.

Já os gêneros alimentícios foram responsáveis pela maior parte das importações belgas de mercadorias do Brasil, com uma participação de 19,4%. Esse grupo de produtos, composto, principalmente, por suco de laranja, representou um valor de 458 milhões de euros. No entanto, o total de importações belgas do Brasil, que atingiu o nível mais alto de todos os tempos em 2022, quando totalizou cerca de 3,6 bilhões de euros devido à recuperação pós-pandemia, caiu 34,6% em 2023. Isso pode ser atribuído, em parte, às importações significativamente menores de produtos vegetais, como café e soja, e de metais de pedras preciosas, como sucata de platina e diamantes.

Embora o comércio de mercadorias represente a maior parte das relações comerciais entre a Bélgica e o Brasil, existe também uma parcela significativa do comércio que vem do comércio de serviços. Em 2023, o valor das exportações belgas de serviços para o Brasil foi de 272 milhões de euros, já que o País ficou em 43º lugar na lista dos principais clientes da Bélgica no total de exportações belgas de serviços. Enquanto isso, as importações belgas de serviços do Brasil totalizaram 280,2 milhões de euros, colocando o Brasil em 34º lugar na lista dos principais fornecedores de séricos do país europeu.

“Muitas startups belgas escolhem o Brasil como um dos seus primeiros destinos para a internacionalização. O Brasil oferece um excelente capital humano e vive um clima de negócios exuberante. Somos um parceiro comercial pequeno para o Brasil, mas com uma sólida experiência em desenvolvimento e cooperações acadêmicas focadas em economia e desenvolvimento socioeconômico. A legislação belga impõe obrigações de integridade, combate à corrupção e defesa dos direitos humanos, temas que têm gerado muito interesse no Brasil”, ressalta o embaixador.

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