Belo Horizonte ganha duas novas salas de cinema
O Centro Cultural Unimed-BH Minas abre, para todo o público da Capital, duas salas de cinema. Com capacidade para 41 espectadores (contando com espaço para cadeirante e cadeira para obeso), as salas de cinema possuem equipamentos de última geração e conforto que proporcionarão para o amante da sétima arte verdadeiras experiências. As salas de Cinema do Centro Cultural Unimed-BH Minas foram viabilizadas por meio de recursos diretos da Unimed-BH. Essa é mais uma entrega importante que transforma o Centro Cultural Unimed-BH Minas em um grande complexo cultural da capital mineira com Galeria de Arte, Biblioteca, Salas de Cinema e Teatro.
Para inaugurar as salas, será promovida, entre 11 e 26 de março, a mostra de cinema que celebra os 50 anos do lançamento do disco Clube da Esquina. Intitulada “Mais fundo que o mar: o cinema, a música e as esquinas”, a mostra conta com 21 filmes, oficinas, workshops e palestras. A programação é inédita no que tange apresentar o Clube da Esquina retratado com base nos filmes que influenciaram o movimento. Os ingressos para as sessões custam R$ 2 (inteira) e R$ 1 (meia) e podem ser adquiridos na bilheteria do cinema ou no site do Minas Tênis Clube. As entradas para as outras programações da mostra são gratuitas, com inscrições no site do Minas. A mostra de cinema tem o patrocínio da Gerdau, por meio da Lei Estadual de Incentivo à Cultura.
Samuel Marotta, cineasta, idealizador e curador da mostra “Mais fundo que o mar: o cinema, a música e as esquinas” explica que, no seu entendimento, o Clube da Esquina foi forjado na sétima arte. “A mostra surge com o objetivo de responder a hipótese de que o Clube da Esquina começou no cinema”, conta o cineasta. “No momento que eu começo a leitura de “Os sonhos não envelhecem: história do Clube da Esquina”, do Márcio Borges, percebi que é um livro mais sobre memórias cinematográficas do que sobre memórias musicais. Então eu falei: agora eu posso imaginar que o Clube da Esquina antes de ser música, era cinema”, lembra Marotta. A mostra é fruto da vontade e da necessidade de dar luz a uma questão na cultura de Belo Horizonte: o estreitamento entre cinema e música a partir da geração dos anos 1960 e 1970.
A relação do Clube da Esquina com o cinema é constante. Na pesquisa de Marotta, os encontros nas salas de cinema da Capital e as conversas que aconteciam depois das sessões foram de suma importância para a criação musical dos meninos do Clube. “No livro, Márcio Borges citava muitos filmes e tudo era em torno do Centro de Estudos Cinematográficos (CEC), que é onde todo mundo se reunia, depois saía para os bares de Belo Horizonte e ficava falando de cinema, de música, de política, de literatura e de tudo que se possa imaginar”, revela o curador da mostra. Marotta lembra a passagem do livro de Márcio Borges sobre a composição de três pérolas do cancioneiro nacional. “Milton Nascimento (Bituca) e Márcio Borges foram ver a sessão do filme “Jules e Jim”, do diretor francês François Truffaut. Eles assistiram três sessões do filme, e, sob efeito daquelas imagens, compuseram, na mesma noite, as músicas “Novena”, “Gira-girou” e “Crença”.
Além da pesquisa, Marotta e muitos de seus colegas se identificam com os rapazes do Clube da Esquina. “Era uma efervescência cinefílica e, de certa forma, me despertou uma espécie de relação, porque minha geração também é de realizadores que fazem coisas muito parecidas, sempre depois das sessões no Cine Humberto Mauro, a gente ia discutir os filmes nos bares, e dali surgiram novas ideias”, revela Marotta.
Infraestrutura
As salas de cinema do Centro Cultural Unimed-BH Minas possuem 41 lugares cada, incluindo assentos acessíveis. O conforto do público foi a principal diretriz do projeto, mas, também, novas premissas de salubridade em decorrência da pandemia da Covid-19, como assentos mais largos com apoio de braço individual e revestimentos de fácil higienização. As salas têm revestimentos neutros e elegantes, em tons escuros, com o objetivo de reforçar a experiência de imersão no filme. A iluminação é um diferencial, formada por pequenos pontos, ao mesmo tempo é também um elemento funcional e ornamental que desaparece ao ser apagada. Os projetores são 4K DCP e o sistema de som é o 7.1 Dolby.
Além de uma consultoria especializada em salas de cinema, feita por Quintino Vargas, da QR Soluções, o projeto contou com a participação de uma equipe de acústica que cuidou para que as salas atingissem um alto nível de isolamento e conforto. O projeto de acústica foi integrado e compatibilizado com o projeto de climatização, garantindo níveis muito baixos de ruído.
A diretora Institucional do Instituto Unimed-BH, Mercês Fróes, ressalta a importância da inauguração das salas de cinema e da entrega de um complexo cultural para a região metropolitana de Belo Horizonte. “É com imenso prazer que a Unimed-BH e o Instituto inauguram mais esse espaço para a população, promovendo lazer e gerando trabalho e renda para profissionais do setor. O investimento em arte e cultura é um dos nossos eixos de atuação, por isso, agradeço especialmente a todos os nossos colaboradores e cooperados, que por meio de suas doações ao Programa Sociocultural Unimed-BH, viabilizam iniciativas que certamente geram impacto social em nossa área de atuação”, afirma.
Além das sessões de cinema, que conta com 21 filmes, o festival terá curso de trilha sonora, ministrado por Wagner Tiso, masterclass do cineasta Walter Lima Jr, debates com Márcio Borges, Bernardo Oliveira (produtor e crítico musical) e Jussara Marçal (cantora e professora de português), Duca Leal (escritora) e Victor de Almeida (produtor cinematográfico e atual presidente do CEC, Gabriel Martins (diretor de cinema) e Maurílio Martins (diretor de cinema), Ewerton Belico (curador e diretor de cinema) e Luís Felipe Flores (ensaísta, curador e pesquisador de cinema).
A exibição dos filmes será dividida em cinco blocos, que são: Milton Nascimento; Wagner Tiso nos Filmes de Walter Lima Jr.; Tavinho Moura nos Filmes de Carlos Alberto Prates Correia; Carta Branca a Márcio Borges; e Sessões Especiais. Dentre os 21 filmes, quatro terão acessibilidade como audiodescrição e tradução em libras.
O catálogo da mostra, que será disponibilizado gratuitamente desde o primeiro dia do evento, conta com depoimentos de Ronaldo Bastos, Lô Borges, Wagner Tiso,Tavinho Moura e Beto Guedes. O livro apresenta textos de vários especialistas em cinema e música, como Samuel Marotta, Ewerton Belico, Chico Amaral, Pérola Mathias, Bernardo Oliveira, Fabio Andrade, Matheus Araújo e Luis Flores, Marcio Borges, Duca Leal, Úrsula Rösele e Lila Foster.
O Diretor de Cultura do Minas Tênis Clube, André Rubião, afirma que “falar do Clube da Esquina é sempre um privilégio, e é uma honra para nosso Centro Cultural celebrar os 50 anos desse movimento musical, trazendo uma programação que contempla o cinema, as artes visuais e a própria música. Ao mesmo tempo que o Clube da Esquina é tão presente na vida cultural do brasileiro, especialmente em Minas, ela ainda impressiona por sua capacidade de transitar em várias linguagens artísticas. O Centro Cultural Unimed-BH Minas, agora com a conclusão das obras, tem a honra de mostrar para o público o alcance e a transversalidade da “turma do Santa Tereza”.
De acordo com o diretor executivo da Gerdau, Wendel Gomes, as oficinas, os workshops e as palestras contribuem de forma ímpar para demonstrar a relevância do movimento para a cultura brasileira. “Na Gerdau acreditamos que a cultura e a arte são pilares fundamentais para o desenvolvimento de uma sociedade. E apoiar essa mostra é uma forma de ajudar a perpetuar a memória de um dos movimentos culturais mais emblemáticos de Minas Gerais e deixá-lo vivo na história, mostrando o contexto em que o Clube nasceu e a sua influência na cultura brasileira”.
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