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Belvitur se reinventa e decola com a pandemia

Tradicional agência de viagens da Capital deu uma guinada e se tornou a maior do seu segmento na América Latina
Belvitur se reinventa e decola com a pandemia
Cohen explica que a estratégia da empresa durante a pandemia foi reduzir custos e ir ao mercado adquirir novos negócios | Crédito: Divulgação

Uma história de mais de seis décadas e que em um dia em março de 2020 viu a terra parar e assim permanecer por quase dois anos. Assim se resume a história da Belvitur, rede de agências de viagem mineira escolhida para a edição da série Mineiridade de hoje. A empresa que estava acostumada a manter os pés bem fincados no chão enquanto seus clientes voavam, deu uma guinada e saiu da cômoda posição de 12ª maior no seu segmento no Brasil para a maior da América Latina nos anos de pandemia.

Sediada em Belo Horizonte, a Belvitur hoje faz parte da holding  BeFly,  criada em 2021 após a compra da Flytour e sediada em São Paulo. Ao todo, são mais de 30 empresas integradas ao grupo e uma base superior a 700 mil clientes mensalmente. Para 2023 a expectativa é que a BeFly fature mais de R$ 10 bilhões.

De acordo com o CEO da Belvitur, Marcelo Cohen, foi justamente o “jeito mineiro” de fazer as coisas que permitiu que a Belvitur não só sobrevivesse, mas se reinventasse durante o período que mais castigou o turismo mundial: entre os anos de 2020 e 2022, quando o planeta foi assolado pela Covid-19.

“No início da crise foi um baque muito grande. De um dia para o outro o telefone deixou de tocar. Sempre fomos capitalizados e pés no chão. Fizemos um plano de trabalho com duas vias de atuação: redução dos nossos custos – renegociamos contratos e aluguéis – e uma linha de aquisição, porque sabíamos que muitas empresas ficariam pelo caminho. Demitimos pouca gente porque somos prestadores de serviço e precisamos de pessoas. Tínhamos duas contas no banco: uma para segurar o dia a dia da Belvitur e outra para fazer as aquisições. Éramos os únicos comprando”, relembra Cohen.

Inquieto, ele manteve sua rotina de ir ao escritório, na maior parte das vezes completamente sozinho. Era hora de inovar, fazer da crise a tão famosa “oportunidade”. Sempre muito forte no turismo corporativo, atendendo outras empresas, viu o turismo de lazer puxar a retomada dos negócios e soube se apresentar ao mercado.

“Não tive tempo de home office, trabalhei todos os dias para criar novos produtos, fazer reformas na empresa, buscar novas tecnologias. Criamos a Befly, o número de colaboradores quadruplicou e o faturamento de R$ 40 milhões saltou para R$ 1 bilhão por mês. Agora somos o maior ecossistema da América Latina com capital fechado. Tudo isso sem sair de Belo Horizonte, sem perder nossa essência mineira”, comemora.

Em 2022 o mercado reagiu. O controle da doença – cada vez mais conhecida e com o avanço da vacinação – mostrou que o mercado havia se modificado de maneira irreversível e que a necessidade de adaptação é a única constante. Escassez de mão de obra qualificada e foco na experiência do cliente formam um binômio que exige atenção redobrada.

Empresa em expansão

Já com filial nos Estados Unidos e planos para abrir a primeira em Portugal nos próximos meses, a Belvitur cresce tanto com lojas próprias como por meio do modelo de franquias.

“Desde a época do meu pai investimos nos períodos de crise. Há 20 anos ouço que as agências vão acabar. Mas tem espaço pra todo mundo, tem que saber qual o seu nicho. Para garantir a melhor mão de obra investimos muito em treinamento e programas de incentivo. Temos menos dificuldades porque as pessoas querem trabalhar conosco. Hoje a nossa prateleira de produtos e serviços mudou, muita gente querendo o nacional. A viagem passou a ser um valor na vida das pessoas. Hoje focamos na experiência do cliente, no atendimento humanizado. Somos sonhadores que trabalham do jeitinho mineiro”, afirma o CEO da Belvitur.

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