Bioclin lança kit de teste inédito para identificação da hanseníase

No mês dedicado à conscientização da hanseníase, enfermidade que atinge quase 30 mil pessoas por ano no Brasil, a Bioclin, empresa mineira especializada em diagnósticos in vitro, lança um kit de teste inédito para detecção da bactéria Mycobacterium leprae. Nas próximas semanas os testes já estarão disponíveis no mercado e auxiliarão na ampliação do acesso à testagem, diversificando a possibilidade de identificação da doença.
De acordo com o Boletim Epidemiológico Especial (2021) da SVS do Ministério da Saúde, em 2019 foram reportados para a Organização Mundial da Saúde (OMS) 202.185 casos de hanseníase no mundo, dos quais 27.864 no Brasil. Mas a pandemia de Covid-19 influenciou o diagnóstico e o acompanhamento no País. Dados preliminares de 2020 mostram que o Brasil diagnosticou 13.807 novos casos naquele ano.
Para conscientizar as pessoas sobre essa questão, o Ministério da Saúde criou a campanha Janeiro Roxo, chamando a atenção da população para o problema e orientando sobre a importância da prevenção e tratamento. Entre as ações, a ampliação da testagem. É que hoje, além de dados epidemiológicos, é utilizado exame clínico para identificação de alterações como a diminuição ou perda da sensibilidade térmica, dolorosa, tátil e força muscular, bem como de manchas em todo o corpo. A baciloscopia também é um exame auxiliar, mas pode ser positiva ou negativa dependendo da fase da doença. Daí a importância de mais uma opção de diagnóstico, conforme o especialista de produto da Bioclin, Mayerson Thompson.
Segundo ele, o teste desenvolvido pela Bioclin é um teste imunocromatográfico rápido (resultados entre 5 e 20 minutos) para a determinação qualitativa de anticorpos IgM anti-Mycobacterium leprae. Este teste é inédito no Brasil e está sendo validado para punção digital e venopunção.
O gerente de pesquisa e desenvolvimento da empresa, Leonardo Santos de Freitas, complementa que já foram produzidos dois pilotos de fornecimento para o Ministério da Saúde e o primeiro lote para utilização do Sistema Único de Saúde (SUS) estará disponível para testagem em 20 dias. “Forneceremos, ao todo, cerca de 100 mil testes”, afirma
Segundo ele, esta é uma demanda específica do Ministério em vistas de cumprir a meta global da OMS para mitigação da hanseníase no mundo. Atualmente, o Brasil está entre os países com maior volume de infectados. “O governo está adotando algumas medidas de atenção primária e a primeira ação é justamente a ampliação da testagem. Assim, nossa demanda virá primariamente do setor público, mas também forneceremos para o mercado privado”, explica.
Freitas lembra que o Kit Bioclin Fast ML Flow integrará o extenso portfólio da Bioclin, que há 45 anos desenvolve kits para diagnósticos in vitro. Os testes vão desde os mais simples, usados para medir glicose e colesterol, por exemplo, até os mais complexos como a identificação do HIV e o SARS-CoV-2 da Covid, totalizando mais de 200 produtos.
A produção mensal da empresa gira em torno de 60 mil a 70 mil kits e apenas em 2021 foram produzidos mais de 1,5 milhão de kits de diagnóstico. Vale dizer que cada kit conta com 25 unidades de testes. Ou seja, os 100 mil testes de hanseníase previstos inicialmente resultarão em 10 mil kits entregues ao Ministério da Saúde.
Covid
Especificamente sobre a Covid, Thompson conta que o laboratório oferece mais de dez tipos de testes diferentes para identificação da doença entre o RT/PCR e o de antígeno. E que, atualmente, a empresa opera quase no limite da capacidade para fabricar cerca de 250 mil testes para a doença por semana. O gerente de pesquisa e desenvolvimento da Bioclin, por sua vez, revela que diante da elevada demanda decorrente da alta transmissibilidade da nova variante Ômicron, a empresa chegou a recusar pedidos.
“Antecipamos a aquisição de vários insumos, inclusive os importados, a partir da previsão que tínhamos de produção. Porém, os índices foram extrapolados com a Ômicron e já estamos com a programação da fábrica comprometida até final de março, com entregas semanais. Estamos em uma força-tarefa para atender: criamos mais um turno, contratamos mais mão de obra e estamos operando quase na capacidade máxima. Ainda assim, estamos com fila de espera“, conta.
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