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Brasil avança quatro posições no ranking global de competitividade

Brasil avança quatro posições no ranking global de competitividade
Foto: Reprodução Freepik

Brasil subiu da 62ª para a 58ª posição no Anuário de Competitividade do IMD em 2025, seu melhor desempenho desde 2021. O avanço – apurado entre 69 países em parceria com o Núcleo de Inovação, IA e Tecnologias Digitais da Fundação Dom Cabral (FDC) – reflete progressos em áreas como desempenho econômico e eficiência empresarial, mas também evidencia a necessidade de enfrentar gargalos estruturais, como educação, produtividade e ambiente regulatório.

De acordo com o diretor do Núcleo de Inovação, IA e Tecnologias Digitais da FDC, Hugo Tadeu, o Brasil sofreu, na última década, com oscilações em posições mais baixas, com momentos de queda acentuada e leves recuperações.

Após o pior desempenho em 2024, reflexo de desafios conjunturais em infraestrutura, produtividade, ambiente regulatório e governança, o País subiu para a 58ª posição neste ano, impulsionado por uma melhora na performance econômica. Essa recuperação sinaliza uma oportunidade que deve ser aproveitada.

“Se olharmos em perspectiva, o Brasil vem andando de lado, mas isso não significa que não devemos comemorar a melhora de posição e, principalmente, o que fizemos de certo. No pilar ‘Performance Econômica’, estamos em 30º lugar. Um exemplo são os subsídios. O nosso governo tem feito uma série de subsídios para diferentes setores mas, ao mesmo tempo, aquilo que é financiado para o crescimento de alguns setores significa menos recurso para o crescimento de outros, então é preciso prestar atenção”, explica Tadeu. Destaques positivos do Brasil:

  • Fluxo de investimento direto estrangeiro (5º);
  • Crescimento de longo prazo de emprego (7º);
  • Subsídios governamentais (5º);
  • Total de atividade empreendedora em estágio inicial (8º);
  • Energias renováveis (5º).

O avanço do Brasil para a 58ª posição em 2025 representa um momento estratégico para refletir sobre as oportunidades e obstáculos do País no cenário internacional. O País ainda enfrenta desafios estruturais significativos que precisam ser superados para garantir um desenvolvimento sustentável e competitivo no cenário global. Nesse sentido, o Brasil deve seguir os exemplos dos países líderes do ranking por meio de ações e políticas públicas coordenadas e eficazes, a fim de consolidar uma base robusta que permita uma competitividade duradoura. Pontos de atenção:

  • Custo de capital e dívida corporativa;
  • Educação e habilidades linguísticas;
  • Mão de obra qualificada e produtividade da força de trabalho;
  • Abertura econômica e inserção internacional;
  • Ambiente regulatório.

“O que nos coloca atrás é a qualidade da educação em relação às práticas internacionais. Já passou do tempo de a gente ter um sonho grande para o Brasil. Se não pensarmos agora na melhoria da qualidade da nossa educação, em gestão, em qualificação de mão de obra, para criarmos o Brasil do futuro, pelos dados do ranking, precisamos ter uma política pública para melhorar a qualidade da educação e também a questão da transferência de conhecimento. E, necessariamente, pensar no capital humano que está nas empresas de uma forma geral”, pontua.

O resultado positivo obtido pelo Brasil evidencia que a competitividade não depende apenas de fatores econômicos tradicionais, mas também de estratégias de longo prazo em educação, inovação, governança digital e sustentabilidade. E de que estamos abaixo do potencial de que o País dispõe.

Hugo Tadeu
Já passou do tempo de a gente ter um sonho grande para o Brasil, afirma Hugo Tadeu | Foto: Divulgação Carol Reis

“Competitividade é uma agenda de longo prazo. Não adianta pensarmos apenas na exportação de commodities. Precisamos pensar na renda média – ainda que estejamos em um cenário de quase pleno emprego – que está muito abaixo das nossas possibilidades. Não exportamos nem 20% do nosso potencial de riqueza. Nossa posição no ranking de competitividade está muito abaixo do nosso potencial”, completa o diretor do Núcleo de Inovação, IA e Tecnologias Digitais da FDC.

A competitividade de uma economia não se resume apenas ao Produto Interno Bruto (PIB) e à produtividade, visto que as empresas também têm que lidar com aspectos políticos, sociais e culturais. Nesse sentido, os governos devem fornecer um ambiente favorável ao desenvolvimento e crescimento de negócios, com infraestrutura, instituições e políticas adequadas e eficientes que incentivem as empresas.

Nesse sentido, a avaliação da competitividade tem como base quatro fatores principais:

  • Fator 1: performance econômica – avaliação macroeconômica da economia doméstica;
  • Fator 2: eficiência governamental – grau em que as políticas governamentais são favoráveis à competitividade;
  • Fator 3: eficiência empresarial – grau em que as empresas estão atuando de maneira inovadora, lucrativa e responsável;
  • Fator 4: infraestrutura – grau em que os recursos básicos, tecnológicos, científicos e humanos atendem às necessidades das empresas.

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