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Brasileiros se sentem inseguros em relação a eventos climáticos

77% dos moradores das capitais desconfiam da capacidade de suas prefeituras
Brasileiros se sentem inseguros em relação a eventos climáticos
Segundo a pesquisa, é necessário melhorar a infraestrutura para drenagem da água das chuvas | Crédito: Fernando Frazão/Agência Brasil

Dados de pesquisa inédita do Greenpeace Brasil, coletados em todo o território nacional pelo Inteligência em Pesquisa e Consultoria Estratégica (Ipec), revelam que, para 62% dos brasileiros, as pessoas pobres são as mais afetadas por eventos climáticos extremos. Os números também mostram que 77% dos moradores das capitais brasileiras desconfiam da capacidade de suas prefeituras para prevenir ou reduzir impactos de desastres causados pelas mudanças climáticas. A pesquisa foi realizada entre 1º e 5 de setembro, de forma presencial, em todos os estados do país – 2 mil pessoas foram ouvidas.

A pesquisa do Greenpeace Brasil aprofunda uma pesquisa global do Greenpeace Internacional realizada em sete cidades ao redor do mundo: São Paulo, Istambul (Turquia), Bangalore (Índia), Delhi (Índia), Nairobi (Quênia), Jacarta (Indonésia) e Bogotá (Colômbia).

O estudo do Greenpeace Brasil tem o objetivo de investigar a percepção da população brasileira em relação aos problemas enfrentados em suas cidades, com especial atenção às mudanças climáticas e suas consequências.

Segundo os resultados, 63% dos brasileiros se sentem inseguros em relação a eventos climáticos extremos em suas cidades O detalhamento por classe social mostra a diferença na percepção de segurança: 28% de pessoas das classes A e B dizem se sentir seguras em relação aos eventos climáticos, já entre pessoas das classes D e E esse número é de apenas 18%. A insegurança perante tragédias causadas por eventos do clima também difere entre as classes: 56% das pessoas das classes A e B afirmam se sentir inseguras – entre pessoas das classes D e E, no entanto, esse número sobe para 70%.

Desconfiança em relação à atuação das prefeituras

A pesquisa evidencia que os brasileiros têm pouca confiança em suas prefeituras no que se refere à capacidade de prevenir ou reduzir o impacto de desastres causados pelas mudanças climáticas, como enchentes ou deslizamentos de terra, por exemplo. De acordo com os números do estudo, 67% dos entrevistados não confiam nada ou confiam pouco em suas prefeituras. O detalhamento dos números em relação aos moradores das capitais mostra que a desconfiança é ainda mais alta: 77%.

Ainda nesse quesito, o recorte por raça revela que 72% das pessoas negras (pretas e pardas) desconfiam das prefeituras, enquanto entre brancos esse número é de 63%. O índice mais alto de confiança nas prefeituras para proteger a população de desastres climáticos está entre pessoas de 60 anos ou mais, em 26%. Já a maior desconfiança está entre brasileiros de 25 a 34 anos: 72% confiam pouco ou nada nas gestões municipais.

“Os números do estudo reforçam nosso posicionamento de que o enfrentamento à emergência climática deve ser prioridade para o poder público”, afirma o porta-voz de Justiça Climática do Greenpeace Brasil, Igor Travassos. “Tragédias recentes em estados de diferentes regiões do Brasil são resultado da falta de políticas efetivas de prevenção, adaptação às mudanças climáticas e resposta aos eventos extremos. Não estamos lidando com um fato novo ou inesperado. Quantos mais precisarão morrer ou perder tudo para que os governantes garantam cidades seguras para todas as pessoas?”, questiona Travassos.

Caminhos para tornar as cidades mais preparadas

Os brasileiros foram questionados sobre como preparar melhor as cidades para o enfrentamento aos eventos climáticos extremos, como chuvas fortes, enchentes, ondas de calor, deslizamentos de terra, entre outros.

A maioria (33%) afirmou que é necessário melhorar a infraestrutura para drenagem da água das chuvas, como fazer limpeza de valas, canais e esgoto. 20% priorizam melhores políticas de moradia, como construção de habitações em áreas seguras ou fornecimento de auxílio moradia para a população. Entre os moradores de capitais brasileiras, 27% destacam a necessidade de melhorar as políticas de moradia.

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