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Café Nice será revitalizado para evitar fechamento

Fundado em 1939, estabelecimento sofre com consequências do "esvaziamento" da região central de Belo Horizonte
Café Nice será revitalizado para evitar fechamento
Foto: Divulgação Café Nice

Uma das mais tradicionais cafeterias de Belo Horizonte, o Café Nice passa um dos momentos mais delicados da história e corre o risco de encerrar as atividades. E para evitar com que isso aconteça, o estabelecimento será revitalizado, fortalecendo a presença on-line para tentar recuperar o público.

Fundado em 1939 a poucos metros da Praça Sete de Setembro, o Café Nice carrega parte da história da capital mineira. Em uma época onde a região era o principal centro financeiro e comercial de Belo Horizonte, o espaço era frequentado por importantes políticos como Juscelino Kubitschek e José Maria Alkmin.

Com o passar dos anos, as transformações sociais e culturais, acompanhada do crescimento da cidade, retiraram parte do protagonismo da região central, impactando o desenvolvimento do negócio. O sócio-proprietário do Café Nice, Renato Moura Caldeira, conta que, há décadas, uma sequência de projetos de descentralização foram retirando pouco a pouco as pessoas que precisavam se deslocar a trabalho ou em busca de serviços essenciais.

“Desde que estou aqui, há 50 anos, acompanhei a retirada de lugares como o fórum, que foi para o Barro Preto, a Assembleia Legislativa, a Câmara Municipal. Além disso, a Praça 7, que era o coração financeiro de Belo Horizonte, hoje está com quase todas as operações bancárias fechadas “, conta.

Mudanças comportamentais e tecnológicas acentuadas no período da pandemia de Covid-19 também impactaram fortemente a demanda pelos serviços do Café Nice. O negócio, que antes empregava 18 funcionários e se sustentava pela propaganda boca a boca, hoje sobrevive com um terço das contratações e entraves que passam pela redução no movimento, o aumento dos custos operacionais e a disparada de custo de insumos essenciais, como o café – cuja valorização média da saca chegou a quase 115% em 2024.

Apesar disso, o proprietário não abre mão dos produtos de qualidade e diz ajustar as margens de lucro para não repassar integralmente os custos aos clientes. “Se eu for repassar o custo real, não vou vender. Minha expectativa é que a revitalização do centro ajude a despertar novamente a atenção da população e evite com que Café Nice encerre as atividades”, destaca o proprietário.

Renato Caldeira no Café Nice
Renato Caldeira aposta na revitalização do centro | Crédito: Diário do Comércio / Dione As

Para a revitalização do Café Nice – que a princípio será concentrada em ações de marketing digital -, Caldeira contará com a ajuda do designer Rafael Quick. O profissional é responsável por liderar importantes movimentos de requalificação na capital mineira, como Mercado Novo e a pizzaria Forno da Saudade.

A iniciativa é encarada como a “última esperança” do Café Nice, já que sair da região central não é uma alternativa para o futuro. “Minha vida é aqui, onde vivi grandes momentos e fiz muitos amigos. O projeto não terá mudanças radicais e sim melhoramentos, mantendo o primor pelo atendimento e a qualidade em todos os produtos do nosso cardápio”, finaliza Renato Moura Caldeira.

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