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Camisa da “seleção canarinho” em falta às vésperas da Copa

Procura segue alta, até mesmo por desapegos, principalmente devido à associação do uso no período das eleições
Camisa da “seleção canarinho” em falta às vésperas da Copa
Crédito: Reuters / Paulo Whitaker

Se a Copa do Mundo de futebol é sempre um evento em que os brasileiros se irmanam e que garante bons lucros para quem vende camisas e outros itens alusivos à seleção, em 2022 a situação está diferente. Pela primeira vez, comerciantes reclamam da escassez do produto, que não vem sendo entregue com regularidade. Soma-se a isso o uso político da “amarelinha” nos últimos tempos, o que afastou parte dos consumidores do modelo número um do uniforme.

De acordo com o diretor de inteligência de mercado da Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (ABComm), Alexandre Crivellaro, a expectativa de venda da nova camisa desenhada para a Copa do Mundo no Catar, que só começa no fim de novembro, segue muito alta.

“Esse ano, a Copa do Mundo será nos meses de novembro e dezembro, o que dá um espaço de tempo maior para a venda, além disso, um fato relevante é que em 2022 muitas pessoas adiantaram a compra das camisas pelo fato de que este símbolo está vinculado, de certa forma, a apoiadores do então candidato Bolsonaro. Observando a tendência das buscas, a ABComm notou que os maiores picos de procura do produto na internet se deu logo na semana do lançamento do produto, entre 7 e 13 de agosto e entre 25 de setembro e 1º de outubro, na véspera do primeiro turno das eleições”, afirma Crivellaro.

A nova camisa da Seleção Brasileira foi lançada no início de agosto, apresentando prontamente uma grande procura nas lojas especializadas, e alguns modelos esgotaram em menos de uma hora.

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A  Nike, fornecedora oficial das camisas da seleção, informou que as vendas estão 40% acima do registrado em 2018, e uma das explicações tende a ser a influência das eleições.

Espera-se que as vendas sejam muito maiores que a da última copa, já que muitas lojas informam que estão sem a grade completa para venda e, em muitos casos, há somente os modelos femininos.

E é justamente por isso que o proprietário da Tontri Esportes, Leandro Camargos, anda desconfiado no que diz respeito ao resultado das vendas este ano. A Tontri é uma loja de rua instalada no bairro Carmo, na região Centro-Sul. Trabalhando nesse mercado desde 1994, ele relata nunca ter vivido um desabastecimento tão grande às vésperas do evento esportivo.

“Existe uma ‘caça às camisas’ porque o produto está em falta, mas mesmo assim, se comparado aos outros mundiais, acredito que o movimento está menor. O pessoal ainda está no clima da eleição e tivemos duas finais importantes esses dias – da Copa Libertadores e da Copa do Brasil – e os torcedores estão segurando um pouco os gastos nesse momento. Acredito que a venda vai ‘explodir’ começando o campeonato, dependendo das apresentações do Brasil”, explica Camargos.

Vintage

Se de um lado quem trabalha com produtos novos está sofrendo, os que trabalham com produtos usados e colecionáveis veem a demanda aumentar. No bairro Floresta (região Leste), o sócio-proprietário da FutClassics, Álvaro Valente, mal tem tempo de colocar os modelos nas araras.

“Gostamos de dizer que somos um brechó para colecionadores. Esse ano a procura está muito alta também porque está faltando a camisa atual no comércio convencional. Às vezes, a pessoa vem procurando a camisa atual e descobre que temos itens de coleção. Com essa carência de produtos novos, está até mais difícil captar camisas antigas. Quem tem, não quer vender”, destaca Valente.

A loja existe há cinco anos no mundo virtual e um ano no espaço físico. São 2 mil peças no showroom e a expectativa é a de se mudar para um imóvel maior, na mesma região, em 2023. Ainda assim, a maior parte das vendas é feita pelo site e os consumidores na sua maior parte são de São Paulo e Rio de Janeiro.

As camisas preferidas são dos anos em que o Brasil foi campeão: 1994 e 2002. E também a de 1998, pelo design. Apesar do fatídico 7X1, a camisa de 2014 também tem boa saída.

“Esse é um mercado que cresce no mundo todo. As pessoas também procuram pelo número do jogador de destaque, por exemplo, a do Ronaldo, em 1998. Ela vende mais rápido. A de 2014 tem saída porque é barata, fácil de comprar”, completa o sócio-proprietário da FutClassics.

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