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Mais acessíveis, camisas casuais ganham espaço entre torcedores de Atlético e Cruzeiro

Versões casuais de Atlético e Cruzeiro disparam nas vendas e conquistam novos públicos
Mais acessíveis, camisas casuais ganham espaço entre torcedores de Atlético e Cruzeiro
Foto: Reprodução Site Cantera

Seja em restaurantes, cinemas ou exposições, é possível notar que, cada vez mais, os torcedores dos clubes de futebol têm optado por deixar as camisas oficiais de jogo de seus times em casa, trocando-as por camisas casuais dos clubes, de fabricantes licenciados pelas empresas. De estilo mais discreto, a nova moda atende à vontade de quem quer demonstrar a paixão pelo clube do coração de forma menos chamativa do que uma camisa de time comum.

Esse tipo de produto tem obtido sucesso nas vendas, segundo fabricantes de roupas de Belo Horizonte. Com preços mais acessíveis e tecidos de maior qualidade, como o algodão, diferente do poliéster das camisas de jogo, os “mantos mais discretos” de Atlético e Cruzeiro registraram expressivo crescimento na produção, com alta de até 400% nos pedidos em alguns casos.

Os preços das camisas oficiais de jogo dos dois times mineiros variam de acordo com opções como número e nome na parte das costas e podem chegar à casa dos R$ 430, o equivalente a quase um terço do salário mínimo, atualmente em R$ 1.518. O alto valor geralmente é tema de discussão entre torcedores, imprensa esportiva e especialistas do mundo da bola, devido à possibilidade de elitização das camisas de agremiações de um esporte tão popular.

Foto: Divulgação/All Blends

Em Belo Horizonte, os clubes contam com royalties que alcançam até 10% do faturamento das vendas dos fabricantes licenciados, em média, mas as porcentagens exatas são definidas contrato a contrato, assinados entre os times e os licenciados.

O sócio da All Blends, empresa de licenciamento de produtos do Atlético e Cruzeiro, João Paulo Picorelli, destaca que a camisa de time de futebol casual e licenciada tem sido muito utilizada por um público que busca demonstrar sua paixão futebolística com certa formalidade, sendo usada inclusive por dirigentes e treinadores dos clubes.

“É uma camisa que você usa para sair para jantar, está bem-vestido, discreto, mostrando que é do time ali, mas sem aquela coisa escancarada de futebol. É uma camiseta premium, minimalista e que gera um conforto maior do que a camisa de poliéster”, afirma.

Composta por algodão egípcio, Picorelli ressalta que o desempenho das vendas da camisa da All Blends caminha lado a lado com o êxito esportivo – ou a falta dele – dos times nos campeonatos, e que tudo o que a empresa fabrica tem sido vendido. “Provavelmente, depois da camisa oficial de Cruzeiro e Atlético, hoje, o que mais vende é a camisa de algodão egípcio nos dois clubes. Muito provavelmente”, declarou.

Foto: Divulgação/All Blends

Dores e amores nos negócios das camisas de futebol

O diretor de criação da Estação Sports, que produz camisas licenciadas para Atlético e Cruzeiro, Eduardo Farah, também ressalta o desempenho esportivo dos clubes como determinante para as vendas e explica que as equipes atualmente preferem trabalhar com produtos licenciados para além das grandes marcas esportivas, que oferecem outras condições aos lojistas.

Apaixonado por esportes, Farah explica que a Estação Sports teve a oportunidade de apresentar um catálogo com sugestões de modelos de camisas que obteve a aprovação dos arquirrivais belo-horizontinos. “É um processo que traz um volume relevante para a empresa e também o know-how de poder atender grandes clubes como Atlético e Cruzeiro. É interessante carregar o licenciamento de uma marca desse tamanho, que serve até mesmo como referência”, celebra.

Foto: Reprodução Site Cantera

Por outro lado, nem tudo são flores. O fundador da Cantera, que chegou a fabricar camisas licenciadas para Cruzeiro e Atlético, Thiago Fernandes, analisa que, para o produto realmente dar certo, é preciso contar com a colaboração dos clubes na divulgação. “Quando o torcedor vai à loja oficial, ele procura o uniforme de jogo – uma venda passiva, o vendedor não precisa fazer nada. O nosso produto é mais voltado para ser comprado como presente. Só que as pessoas não sabem que ele existe”, explica.

No Atlético, enquanto as camisas de algodão de sua fabricante eram sucesso de vendas em 2021, uma mudança na gestão das franquias das lojas do Galo mudou os rumos. A nova gestora das lojas atleticanas criou sua própria camisa de algodão, que, com preço mais acessível, passou a concorrer com a da Cantera, o que levou a fábrica de Fernandes a sair do negócio.

Ele revela ainda que a Cantera firmou um contrato de exclusividade com o Cruzeiro, na época da Sociedade Anônima do Futebol (SAF) de Ronaldo Fenômeno, para a venda de camisas de algodão nas lojas oficiais. Com a divulgação promovida pelo clube azul-celeste, as vendas do produto cresceram 400% em seis meses. Mas, com a troca de mãos da SAF para Pedro Lourenço, a exclusividade contratual foi revista e, consequentemente, a Cantera também saiu do negócio.

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