Campanha nacional busca valorizar livrarias físicas
Os livreiros brasileiros se reúnem para fazer história: inspirados em um movimento internacional para atrair visitantes às livrarias e espaços culturais, após meses de estabelecimentos fechados por causa da pandemia de Covid-19, um grupo de representantes de mais de 120 pontos de venda do País lança a campanha #tudocomeçanalivraria.
Com apoio da Câmara Brasileira do Livro (CBL), da Associação Nacional de Livrarias (ANL) e do Sindicato Nacional dos Editores de Livros (Snel), a campanha tem como objetivo reforçar o protagonismo das livrarias como ponto de conexão entre livreiros, autores, editores, distribuidores e leitores.
O grupo de livreiros foi formado no início da pandemia, quando as livrarias foram fechadas, para que todos pudessem pensar juntos em como enfrentar os novos desafios. De lá para cá, eles viram nascer pelo mundo campanhas de incentivo ao livro e às livrarias. Espanha, Portugal, Argentina, Chile, México, Inglaterra… Faltava o Brasil. Foi quando decidiram escrever este capítulo.
“A livraria é o lugar de encontro entre o leitor e o livro, onde se fortalece essa conexão. Também é o espaço de prazer e de conhecimento, de troca de experiências, de lazer. É onde se vivem sonhos. A livraria física é fundamental na formação dos leitores e onde surgem muitas histórias de livros e livreiros”, resume o presidente da Câmara Brasileira do Livro (CBL), Vitor Tavares.
Não por acaso, as livrarias respondem por quase metade das vendas de livros, segundo a pesquisa “Produção e vendas do setor editorial brasileiro”, de 2019. Mas o País, como todo o mundo, sofreu os impactos da pandemia, que provocou queda média de 40% nas vendas desses estabelecimentos, em relação ao ano passado.
“Mesmo compensando vendas pela internet, as editoras sentiram o baque principalmente nos resultados dos lançamentos de 2020, bem abaixo do esperado. Sem as livrarias, não houve a arte do encontro com os novos livros”, ressalta o diretor executivo da Editora WMF Martins Fontes, Alexandre Martins Fontes.
#tudocomeçanalivraria é uma porta aberta a esse reencontro. Ao longo da campanha, que começa com um convite para que as pessoas postem suas experiências nas livrarias com essa hashtag em suas redes sociais, serão divulgadas iniciativas para fomentar hábitos como visitar livrarias e presentear com livros.
Editoras brasileiras reagem criativamente
Qual o impacto da pandemia da Covid-19 no comportamento do consumidor no mercado de livros digitais no Brasil? Em conjunto com Rüdiger Wischenbart, a Bookwire Brasil publica uma edição especial do “Digital Consumer Book Barometer”: Covid-19 – Brasil.
O ano de 2020 ficará marcado por uma virada na história do mercado editorial digital brasileiro. Para a análise fundamental das transformações que foram medidas, Bookwire Brasil processou cerca de 1,6 milhão de registros de dados, iniciando com os meses de quarentena parcial, com profundidades diversas de acordo com os estados e municípios, iniciada em março e abril de 2020 até o final de julho.
A pesquisa aponta mudanças importantes no comportamento do consumidor em 2020, aceleradas devido às medidas de contenção da pandemia da Covid-19. “Vimos que no Brasil a crise serviu de catalisador na aceleração de uma tendência já existente em direção à transformação digital. O mercado editorial digital no Brasil foi impactado de forma relevante pela pandemia da Covid-19”, diz Rüdiger Wischenbart, que produziu a análise dos dados juntamente com a Gerente de Análise de Dados da Bookwire Brasil, Isadora Cal.
Marcelo Gioia, Managing Director da Bookwire Brasil, também ressalta essa aceleração que ocorreu em um contexto de crescimento anterior consistente e permanente: “Em um curto período de tempo as editoras brasileiras reagiram criativamente em março de 2020, quando a pandemia atingiu o País, com ações promocionais de gratuidade e descontos agressivos, com a intenção de servir seus leitores com a oferta de conteúdo a ser consumido durante o lockdown. E isso valeu muito a pena, porque desde então o volume de unidades distribuídas tem crescido imensamente e temos acompanhado um crescimento sem precedentes. O que talvez aconteceria em 2 anos, aconteceu em 2 meses”, declarou.
Crescimento agudo – O aumento de 154% na categoria de não ficção e 227% no consumo dos e-Books infantis e juvenis no período de quarentena trouxe um novo nível de unidades distribuídas e crescimento significativo de receita. Suportado por planejamento de marketing estratégico e/ou campanhas de influenciadores, as editoras souberam aproveitar do crescimento da demanda e captar a atenção para sua curadoria e catálogo de forma permanente.
O efeito mais duradouro desse crescimento durante o isolamento de março e abril pode ser observado na análise dos dados até agosto de 2020 – embora o volume de unidades tenha diminuído nas semanas subsequentes, devido a retomadas parciais das atividades, a receita continuou a crescer, assim como o número de novos leitores digitais.
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