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Casa Fiat completa 15 anos com novidades

Casa Fiat completa 15 anos com novidades
O trabalho, que envolve uma equipe multidisciplinar, poderá ser observado em todos os seus detalhes por meio de visitas agendadas | Crédito: Leo Lara/Studio Cerri

Pronta para voltar a receber o público a partir do dia 3 de novembro, a Casa Fiat de Cultura prepara uma grande homenagem ao povo mineiro na comemoração dos seus 15 anos. A ação “Aleijadinho, a arte revelada: o legado de um restauro” vai recuperar e permitir que o público acompanhe esse trabalho em três peças do gênio do barroco durante os próximos meses.

O trabalho, que envolve uma equipe multidisciplinar, cuidados artesanais e muita tecnologia poderá ser observado em todos os seus detalhes por meio de visitas agendadas pela plataforma Sympla e pelas redes sociais do centro cultural, onde será exibida a websérie “A arte do restauro”, que vai apresentar o making off de todo o processo e aspectos da vida e da obra de Aleijadinho. No dia 2 de dezembro será inaugurada a mostra que vai revelar as obras São Manuel e São Joaquim já restauradas, enquanto Sant’Ana continua em processo de restauração, ao vivo, para apreciação do público.

De acordo com o presidente da Casa Fiat de Cultura, Fernão Silveira, oferecer ao público a oportunidade de acompanhar um restauro ao vivo é mais do que reverenciar o passado, é cumprir o papel de valorizar a cultura e os múltiplos saberes, formando públicos capazes de vivenciar as muitas dimensões da arte e da sua identidade.

“Esse é um momento muito especial em vários aspectos: estamos falando da reabertura da casa depois de um ano e oito meses fechada, de 45 anos da Fiat no Brasil e os nossos 15 anos. Com essa ação – que é muito mais que uma exposição –, queremos dar uma contribuição para Minas e para o Brasil, com a restauração dessas três obras tão especiais e, mais que isso, que o público acompanhe, aprenda. É uma coisa fascinante e que as pessoas, em geral, não têm acesso. A produção dessa ação foi muito cuidadosa para destacar a delicadeza, das minúcias desse trabalho. Ele tem muito a ver com o próprio espírito da casa. Temos uma raiz muito forte em Minas Gerais, de valorizar as coisas daqui, a arte, a moda, a arquitetura, a cultura, enfim. É uma ação muito especial”, explica Silveira.

A ação dialoga diretamente com toda uma tradição da Casa Fiat de valorização do patrimônio e de integração com a vida da cidade e do Estado, fomentando o setor da economia criativa. Nesses 15 anos, o equipamento cultural já recebeu 3,2 milhões de visitantes em 66 exposições de acervos nacionais e internacionais, com mais de 2 mil obras de arte. Nesse tempo foram realizadas 13 itinerâncias, promovendo a circulação dos acervos e o acesso às exposições em São Paulo, Rio de Janeiro, Porto Alegre e Buenos Aires. 24 novos artistas foram contemplados na seleção a Piccola Galleria e mais de 200 empregos diretos e indiretos são gerados a cada exposição.

“Sabemos que não somos o maior equipamento da Praça da Liberdade, nem um museu, porque não temos acervo, mas a cada ação que fazemos, são gerados 200 empregos entre diretos e indiretos. Isso tem um peso importante. As grandes cidades são, cada vez, cidades de serviço e a economia criativa se encaixa nisso”, destaca o executivo.

A realização da ação é da Casa Fiat, com apoio do Ministério do Turismo (MTur), por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura; e patrocínio da Fiat, Banco Safra e Gerdau, copatrocínio da Expresso Nepomuceno, Sada, Banco Fidis e Mart Minas. A mostra tem apoio institucional do Circuito Liberdade, Instituto Estadual do Patrimônio Histórico (Iepha-MG), Governo de Minas, Governo Federal, além do apoio cultural do Programa Amigos da Casa, da Brose do Brasil e do Brembo .

“Preciso falar sobre a importância dos nossos parceiros nessa realização e em todas as outras e agradecer. Sem eles não seria possível apresentar esse trabalho e passar por todas as transformações do último ano. Apesar dos quase 20 meses de portas fechadas, conseguimos manter nossos parceiros e conquistar novos apoios. Esse foi um tempo de intensa transformação, em que levamos nosso trabalho para o digital, ampliamos o alcance e aprendemos muito. Esse é um legado que fica. Agora vamos voltar a receber as pessoas modificados e alertas, mas com o carinho e a alegria tão caros aos mineiros e aos italianos”, pontua.

Tecnologia e legado

A restauração das obras de Aleijadinho será feita pelo Grupo Oficina do Restauro, com acompanhamento técnico do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). Antes do restauro começar foram realizadas pesquisas e análises das obras com o objetivo de coletar o maior número de informações sobre sua iconografia, os estudos estilístico-formais, o contexto histórico em que foram produzidas e o estado de conservação.

Foram feitas fotos científicas usando fluorescência de ultravioleta, que permite analisar a cama pictórica e o estado de conservação dos vernizes superficiais, e infravermelho, para identificar possíveis riscos e desenhos que não são vistos a olho nu. Com esse tipo de fotografia é possível, por exemplo, identificar repinturas. O raio X também contribuiu para o conhecimento da estrutura interna das obras.

Segundo a restauradora e coordenadora do projeto de restauro, Rosângela Reis Costa, as obras apresentam um estado de conservação regular em diferentes estágios, com danos naturais causados pelo tempo, como a ação de cupins.

Todas as peças passarão pelos mesmos processos, que incluem, entre outras etapas, higienização, contenção de fissuras, complementação das partes faltantes com massa, reintegração de lacunas e manchas e aplicação de verniz. O valor do projeto não foi divulgado.

Uma das intervenções mais curiosas é a colocação das peças em uma bolsa sem presença de oxigênio com o objetivo de acabar com toda infestação de cupins. Depois disso, as partes sem pintura são imunizadas, criando uma barreira química para evitar novos ataques.

“Esse trabalho requisita uma equipe multidisciplinar com restauradores, arquitetos, historiadores, e pessoal e empresas especializadas, que trabalham com as fotos científicas. Essas são técnicas relativamente recentes e usadas ainda de forma pontual no mundo todo. Nesse aspecto considero que esse projeto tem uma função especial porque os conhecimentos gerados por essas tecnologias poderão ser aproveitados por outros pesquisadores e restauradores. As informações aqui coletadas podem subsidiar outros projetos. Esse é um investimento que se perpetua por resgatar e devolver obras de grande valor para a sociedade e também pelo legado de conhecimentos que deixa”, avalia Rosângela Costa.

Nova marca

Com a comemoração dos 15 anos, a Casa Fiat de Cultura também ganha uma marca nova. O desafio era manter a força da Casa Fiat, já consolidada no mundo das artes como instituição plural e uma referência na realização de grandes exposições e, ao mesmo tempo, construir uma linguagem mais contemporânea.

“Apesar da antiga logo, em formato de casinha, ser tão marcante, sentíamos que era hora de mudar. Partimos do rebranding da marca Fiat, que revalorizou o uso das cores da bandeira da Itália e faz uma clara referência a uma das logos mais icônicas da marca com as quatro barras verticais, no final dos anos de 1980. Isso originou o que chamamos de logo-flag. Para a revitalização da marca da Casa Fiat, trabalhamos com o Design Center, de Betim. Uma das primeiras propostas foi uma releitura da flag e também um diálogo com os brises da casa, que é um elemento arquitetônico fortíssimo da fachada da casa. Tudo tem uma simbologia fortíssima, pois foi justamente nesse prédio a assinatura que permitiu a chegada da Fiat a Minas Gerais. Essa história nos ajuda a pensar que seremos parte da história de Minas Gerais e do Brasil ainda por muito mais tempo”, completa o presidente da Casa Fiat.

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