CBMM firma parceria com universidade inglesa para inovação em reciclagem de carbono

A Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração (CBMM) com planta em Araxá, no Alto Paranaíba, firmou um acordo de cooperação com a Universidade de Birmingham, no Reino Unido, para um projeto considerado disruptivo no campo da descarbonização. A iniciativa, atualmente em fase de laboratório, deve ser comercializada até 2030, propõe reciclar o carbono gerado pela indústria com o diferencial de atuar em conjunto com o uso de altos-fornos.
Além do suporte técnico e financeiro para a universidade, a companhia se envolverá em diferentes etapas do processo de pesquisa, bem como no fornecimento de amostras, preparações, análises preliminares com foco em otimizar e acelerar a tecnologia, que promete reduzir significativamente as emissões de gases de efeito estufa lançados na atmosfera. Com o produto desenvolvido, a expectativa inicial é atender os principais altos-fornos globais, incluindo os atuantes no Brasil, como, ArcelorMittal, Anglo American e Gerdau.
O projeto é baseado em uma tecnologia que utiliza perovskitas contendo nióbio, capazes de converter dióxido (CO2) em monóxido de carbono (CO). Os materiais cristalinos são considerados ultra versáteis e se mostraram eficientes para o que foi proposto: transformaram quase todo o composto gerado em combustível não poluente.
De acordo com o gerente executivo de inovação da CBMM, Leonardo Silvestre, a parceria entre a empresa líder mundial em nióbio e a universidade centenária que acumula dez prêmios Nobel foi de interesse mútuo e imediato pensando em dar sequência ao projeto. “Além do aço, esperamos que a tecnologia de recirculação de carbono possa ampliar em escala e com isso ser aplicado nas demais indústrias”, conta.
A ideia, segundo o executivo, é criar um equipamento móvel de tamanho ideal para ser testado em diversos lugares e de forma mais compacta possível para ser transportado. Em até três anos, o projeto deverá avançar para a fase piloto, com ampliação da tecnologia por meio da startup PeroCycle, que foi criada especificamente para o produto.
Tecnologia se destaca por menores custos de operação e ganhos em eficiência energética
Dentre os diferenciais tecnológicos, a aplicabilidade nas plantas existentes, com presença de altos-fornos garante uma extensa vantagem em termos de economia e competitividade. “As tecnologias que vemos hoje, como uso de hidrogênio e eletrolise, preveem a parada de um equipamento já investido e a transição para outro produto. Essa solução permanece com alto forno e, em paralelo, traz o novo equipamento que permite a produção sem emissões”, explica Silvestre.
Com isso, a expectativa é que o conceito possa acelerar a descarbonização por parte da siderurgia, que poderá adotar em larga escala com riscos mínimos de obsolescência de ativos. Além disso, a tecnologia a partir da perovskita deve operar em temperaturas reduzidas se comparadas às soluções convencionais, resultando em menores custos de operação e ganhos em eficiência energética.
Para Silvestre, a iniciativa chega em um momento oportuno para as indústrias globais, que a partir do próximo ano, devem ser taxadas por alguns países a depender da quantidade de emissões. “O aço produzido em qualquer lugar do mundo com alta emissão de carbono terá uma taxa maior de importação associada a isso. Com isso, avaliamos que o mundo deve olhar com ainda mais atenção para a tecnologia verde”, ressalta.
O professor e diretor do Centro de Armazenamento de Energia da Universidade de Birmingham, Yulong Ding, reforça a importância da tecnologia em desenvolvimento, especialmente para indústrias de base, como a siderurgia. “São empresas que lideram em emissões e ao mesmo tempo são fundamentais para diversas outras cadeias produtivas. Estamos muito satisfeitos com a parceria com a CBMM, que tem como objetivo desenvolver uma solução tecnicamente viável, economicamente acessível e ambientalmente responsável”, ressalta.
A parceria entre universidade e a CBMM é encarada pela corporação como um passo importante na busca por soluções viáveis e sustentáveis para os desafios enfrentados pela indústria global. “Estamos diante de uma solução promissora para a descarbonização da indústria. Além disso, o uso do Nióbio em diferentes mercados, a iniciativa reforça nosso compromisso com a inovação e a sustentabilidade”, conclui Silvestre.
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