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CDL quer BH qualificada para atender idoso

CDL quer BH qualificada para atender idoso
Envelhecimento da população brasileira é uma realidade para a qual a CDL-BH acredita que a Capital deve se atentar/Marcos Santos/USP Imagens

Prateado, idoso, maduro, sênior, na terceira idade. Os nomes são muitos, mas essa diversidade não coloca em questão a certeza de que a população acima dos 60 anos só cresce e, ainda assim, não vem recebendo a devida atenção. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o número de idosos no País chegou a 30,2 milhões de pessoas em 2017, alta de 18% em relação a 2012. E, no Brasil, anualmente, os idosos movimentam R$ 1,6 trilhão. Apesar da importância desse grupo – seja pelo poder de compra ou pela experiência de vida acumulada –, ele está sendo deixado em segundo plano até mesmo pelo mercado.

Essas são algumas das informações divulgadas ontem pela Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL-BH), que, de olho no envelhecimento populacional, encomendou a pesquisa Tendências de Mercado Prateado de Minas Gerais, desenvolvida pelas empresas Hype60+ e Pipe.Social. Com o estudo, a CDL-BH também pretende pressionar o poder público e contribuir no sentido de tornar Belo Horizonte uma cidade referência no cuidado com os mais velhos.

Na avaliação do presidente da CDL-BH, Bruno Falci, os comerciantes e prestadores de serviços não estão preparados para atender esse público, devendo haver qualificação para tal. A pesquisa aponta, por exemplo, que entre os mineiros com mais de 55 anos, dois a cada dez sofreram algum preconceito ou foram mal atendidos em lojas por conta da idade.

O avanço dessa população é tamanho que os pesquisadores adotaram a denominação “tsunami prateado”. E Falci ressalta que é um mercado com características próprias e que, para atendê-lo, as possibilidades são múltiplas.

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Ele também defende a valorização da mão de obra na terceira idade. Como medida para incentivar a inserção de pessoas mais velhas no mercado de trabalho, ele sugere que o poder público desonere a folha de pagamento desses funcionários, deixando de cobrar FGTS e INSS.

A pesquisa aponta para a mudança no conceito de idoso, com a necessidade, inclusive, de mudar a denominação do grupo de pessoas mais velhas. Segundo o estudo, só 10% dos mineiros com 55 anos ou mais acreditam que a palavra “idoso” seja adequada para definir uma pessoa com mais de 60 anos. Outra palavra sugerida é “maduro”.

Cofundadora da Pipe.Social, a pesquisadora Lívia Hollerbach diz que a palavra idoso nos remete à figura de uma pessoa já com limitações, usando bengala, o que não corresponde à realidade. Ela aponta que a pesquisa mostrou que essas pessoas estão em pleno movimento e produção, buscando realizar sonhos. Exemplo disso é que a grande maioria está conectada: 90% dos mineiros com mais de 55 anos possuem smartphone.

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Sanduíche – Ela ressalta ainda que o estudo apontou que muitas dessas pessoas encontram-se na situação chamada de sanduíche, ou seja, ajudam seus pais e, muitas vezes, apoiam ainda os filhos – sendo que alguns continuam ou voltaram para casa – e netos. Segundo a pesquisa, em Minas, 42% das pessoas com 55 anos ou mais têm pai e/ou mãe vivos; 74% têm dois ou mais filhos; 35% acreditam que os filhos dependem mais deles do que gostariam.

Lívia Hollerbach acredita que essa característica tem o lado positivo de possibilitar o intercâmbio geracional. Mas, por outro lado, gera tensão, com a pessoa já na terceira idade tendo que se voltar para os cuidados com a família.

Essa situação pode levar, inclusive, ao comprometimento da renda. E justamente em uma época em que pode haver perda de rendimento, com o advento da aposentadoria e aumento dos gastos com saúde. Entre os entrevistados de 55 a 64 anos, 38% afirmam que o padrão de vida caiu nos últimos anos.

Ainda assim, segundo Lívia, essas pessoas continuam consumindo e, para isso, fazem escolhas e trocas para reduzir gastos e/ou buscam outras fontes de renda. Ela acredita que deve haver o desenvolvimento do mercado para esse público – que busca conveniência e praticidade –, possibilitando a pluralidade de ofertas e poder de escolha.

A pesquisa mostra que a cada dez mineiros com mais de 55 anos, seis têm renda individual, que representa cerca de 50% da renda bruta familiar. Dos entrevistados mineiros com idade entre 55 e 64 anos, 92% têm renda própria. Os com renda até 3 salários representam 27%; com renda de mais de 10 salários mínimos, o índice é de 20%. Entre as principais fontes de renda na faixa etária de 55 a 64 anos estão a aposentadoria (28%), trabalho (52%), rendimentos como aluguéis (8%).

E os comerciantes devem ficar atentos aos hábitos desse público. Com a idade, o ato de sair para fazer compras nem sempre é um prazer, mas torna-se uma obrigação. Entre os mineiros de 55 a 64 anos, 49% acham que fazer compras é momento de prazer, mas 44% acham é que necessário. Muitas vezes, a atividade é delegada aos familiares.

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