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Cefet cria planta de reciclagem de veículo

Cefet cria planta de reciclagem de veículo
Instalada no Cefet-MG, a primeira Upra da América Latina já pode reciclar de 25 a 30 automóveis por dia - Foto: Cefet/MG

Um novo mercado começa a ser desenhado dentro do segmento automobilístico em Belo Horizonte: o de reciclagem de automóveis. O pioneirismo é do Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais (Cefet-MG) junto com a Agência de Cooperação Internacional do Japão (Jica) e a empresa japonesa Kaiho Sangyo, que trouxeram à Capital a primeira Unidade Piloto de Reciclagem Automotiva (Upra) da América Latina. A planta foi construída no campus II do Cefet-MG e teve investimento de US$ 1 milhão. Professor de engenharia mecânica e coordenador do projeto, Daniel Enrique Castro destaca o potencial do segmento para geração de receita e emprego no Estado.

O processo de reciclagem de carros já acontece há alguns anos no Japão com tecnologia de ponta, conforme explica o professor. Segundo ele, enquanto em outros países os processos de reciclagem resultam no reaproveitamento de cerca de 70% dos veículos, no Japão o resultado chega a 95%. “Conheci o processo japonês de reciclagem automotiva em 2010 e percebi que esse era um tema industrial. É um segmento com faturamento importante e que abrange muitas empresas em sua cadeia. Na época logo pensei na América Latina e no Brasil, que não têm uma tecnologia como essa e que enfrentam problemas com o acúmulo de carros nos pátios do Detran e das seguradoras”, diz.

O professor lançou um livro sobre o assunto em 2012 e recebeu retornos positivos de empresas interessadas no assunto. Diante disso, Castro se mobilizou para aproximar o Cefet-MG e os players do setor no Japão, o que acabou resultando na assinatura de um convênio de cooperação entre a instituição mineira de educação e o governo japonês. “Os japoneses investiram US$ 1 milhão na construção da planta da Unidade Piloto de Reciclagem Automotiva e o Cefet-MG, em contrapartida, cedeu o espaço e mão de obra. A intenção do governo japonês é disseminar a tecnologia no Brasil e formar parcerias locais para a criação desse novo mercado”, explica.

Segundo o professor, a planta mineira tem cerca de 500 metros quadrados e equipamentos com capacidade para fazer a reciclagem de 25 a 30 carros por dia. Mas, segundo ele, para que a planta atinja esse volume de carros reciclados seria necessária uma ampliação no espaço físico. De acordo com ele, a primeira etapa da reciclagem é a remoção de fluídos como óleos, combustível e água do sistema de refrigeração. Um equipamento faz a remoção desses fluidos, que são armazenados em tanques diferentes para garantir sua reutilização.

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Principais componentes reaproveitados

Em seguida são reciclados os dispositivos de segurança, como airbag, cintos e bateria. Outra máquina ajuda os técnicos na desmontagem completa do carro. “Nesse momento são retirados, por exemplo, sistema de suspensão e motor. Aqueles que têm mais chance de serem reciclados são separados e alguns são rotulados para garantir a rastreabilidade das peças”, explica.

Também são separados materiais como aço, alumínio, cobre e plástico.

O professor destaca que o mercado de reciclagem automotiva tem potencial econômico, social e ambiental. O ganho ambiental é o mais óbvio, uma vez que os materiais deixam de ir para o aterro e voltam para a cadeia produtiva. O ganho social e econômico estão relacionados com o potencial que esse segmento tem para geração de receita e emprego. “Como o processo de reciclagem permite a retirada e a rastreabilidade das peças dos carros, ela abre um mercado para o comércio legal de peças ou centros de desmontes legais”, completa.

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