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Cemig apostará em hidrelétricas para potência e vê desinvestimentos em compasso de espera

A Cemig, que está executando um plano de aportes de quase R$ 40 bilhões até 2029, continuará priorizando a área de distribuição de energia nos próximos anos
Cemig apostará em hidrelétricas para potência e vê desinvestimentos em compasso de espera
Prédio da Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig). | Foto: Divulgação/ Cemig

A Cemig pretende usar sua ampla experiência com usinas hidrelétricas para estudar e investir em projetos da fonte limpa que possam agregar potência ao sistema elétrico brasileiro, em investimentos que podem chegar no futuro a valores elevados, disse à Reuters o CEO da companhia elétrica mineira.

Em entrevista, Reynaldo Passanezi Filho também admitiu que os próximos desinvestimentos da estatal acabam sendo afetados pelas incertezas sobre o futuro da companhia no âmbito das discussões do pagamento da dívida de Minas Gerais com a União, além de outras complexidades relacionadas às próprias alienações em estudo.

A Cemig, que está executando um plano de aportes de quase R$ 40 bilhões até 2029, continuará priorizando a área de distribuição de energia nos próximos anos, com os investimentos gradualmente migrando de iniciativas de expansão de rede, com construção de mais infraestrutura, para digitalização, a fim de melhorar a percepção dos consumidores dos serviços prestados pela concessionária.

Com o planejamento dos negócios de distribuição já bem encaminhado, a elétrica começa a se voltar para as “inovações” do setor, aponta o CEO, destacando as tecnologias de armazenamento de energia, vistas como cruciais para agregar mais potência ao sistema elétrico e evitar distúrbios e apagões em meio à intermitência da geração das fontes eólica e solar.

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Segundo Passanezi, a Cemig vai usar o “conhecimento gigantesco acumulado” em hidrelétricas para avançar com projetos como usinas reversíveis e futuramente participar de leilões de potência. A empresa também já está testando o uso de baterias ligadas às suas usinas de geração distribuída solar, para entender como otimizar a rede elétrica.

Para o CEO, são essas tecnologias emergentes que deveriam começar a receber incentivos para se desenvolver no Brasil, em vez das tecnologias “maduras”, como grandes usinas renováveis e de geração distribuída, cujos custos estão onerando as tarifas dos consumidores.

“A gente tem um plano extremamente ambicioso de crescer em geração distribuída, mas eu reconheço que há excesso de benefícios hoje, e que isso tem um custo muito grande para o consumidor… A tarifa da Cemig seria 13% menor se não tivesse ‘GD’, é muita coisa”.

Ele observou ainda que a GD se tornou um problema também para a geração centralizada nas grandes usinas, já que a produção solar distribuída “desloca” as outras fontes de energia na hora de atender o consumo, agravando os cortes que são impostos às usinas eólicas e solares e gerando enormes prejuízos às empresas do segmento.

“Realmente vejo que hoje o setor percebe a necessidade de se rever essa política e encontrar um ponto de equilíbrio”.

Desinvestimentos

A Cemig continua perseguindo alguns desinvestimentos de ativos considerados não estratégicos, como suas participações na Taesa e na hidrelétrica de Belo Monte e a fatia minoritária na distribuidora de gás Gasmig, disse o CEO.

Mas o avanço acaba sendo dificultado não só por complexidades dos próprios processos, como os arranjos societários a ser resolvidos, mas também pelas discussões políticas que implicam a Cemig no pagamento da dívida do Estado de Minas Gerais com a União, no programa Propag.

“No curtíssimo prazo, obviamente que a prioridade é resolver o tema do Propag. (Desinvestimento) Não sai do planejamento estratégico, mas no curtíssimo prazo, até resolver o Propag, não faz o menor sentido”, disse.

O CEO destacou que a Cemig não é parte das decisões do seu acionista controlador, o governo de Minas Gerais, sobre esse tema, de modo que o debate sobre federalização ou privatização não mudam o dia a dia da empresa.

Mas ele avaliou que a transformação em uma “corporation”, sem controlador definido, a exemplo de Copel e Eletrobras, “agregaria mais valor” para a Cemig, por permitir renovação de concessões hidrelétricas e mais facilidade para comercializar energia em um momento de abertura de mercado livre a mais consumidores.

“Garanto a renovação automática das concessões de geração que vão vencer. Você tem as (hidrelétricas) Sá Carvalho, Emborcação e Nova Ponte, que pela lei a Cemig pode renovar se o Estado deixar de ser o controlador único, a gente fica com 1780 megawatts de energia que eu vou perder em dois anos”.

(Conteúdo distribuído por Reuters)

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